O Aborto Na Visão Do Espiritismo

O que diz a legislação brasileira?

No Brasil o aborto é considerado crime, salvo nos casos em que haja risco de vida para a gestante ou quando o feto foi gerado em decorrência de um estupro. O Código Penal prevê pena de 1 a 3 anos de prisão para a gestante e de 1 a 4 anos para o médico ou qualquer outra pessoa que realize nela o procedimento de retirada do feto. Havia ainda uma ferrenha discussão entre prós e contrários para que a interrupção da gravidez em gestantes que acusem em seu útero a presença de fetos anencéfalos (sem cérebro) não fosse considerada aborto, podendo assim ser interrompida sem a necessidade da autorização da Justiça.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu a questão autorizando a retirada do feto em casos de anencefalia.

A visão Espírita

Perguntas de Allan Kardec dirigidas aos benfeitores da espiritualidade (O LIVRO DOS ESPÍRITOS CAPÍTULO VII LIVRO SEGUNDO)

344. Em que momento a alma se une ao corpo?

— A união começa na concepção, mas só se completa no momento do nascimento. A partir do momento da concepção, o Espírito designado para habitar determinado corpo liga-se a ele por um laço fluídico que se vai estreitando cada vez mais até o instante em que a criança vem à luz. O grito que então escapa da criança anuncia que ela é mais uma entre os vivos e os servos de Deus.

Obs.: Laço fluídico ou perispírito, fluido intermediário entre o corpo e a alma, mediante o qual o Espírito atua sobre a matéria compacta e a orienta.

357. Quais são, para o espírito, as consequências do aborto?

— É uma existência nula e a recomeçar.

358. O aborto voluntário é um crime, seja qual for a época da concepção?

— Sempre que se transgride a lei de Deus, há crime. A mãe, ou qualquer outra pessoa, ao tirar a vida da criança antes do nascimento, sempre estará cometendo um crime, pois isso significa impedir a alma de suportar as provas das quais o corpo deveria ser o instrumento.

359. No caso em que a vida da mãe estivesse em perigo pelo nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança, para salvar a mãe?

— É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar aquele que já existe.

360. É racional ter pelos fetos a mesma consideração que se tem pelo corpo de uma criança que tivesse vivido?

— Em tudo isso, vede a vontade de Deus e sua obra. Portanto, não trateis levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da criação, algumas vezes incompletas pela vontade do Criador? Isso faz parte dos seus desígnios — o que ninguém é chamado a julgar.

Considerações

O Espiritismo não alimenta ou apoia as práticas abortivas. Considera o aborto voluntário um ato criminoso, exceto nos casos em que a gestação venha a colocar em risco a vida da gestante, nessas circunstâncias é preferível sacrificar o feto e salvar a mulher.

Não podemos julgar a dor de uma mulher que tenha sido vítima de violência sexual, todavia, compreendemos que um crime não pode servir de justificativa para que se cometa outro crime.

É bom ressaltar que não condenamos a mulher, que decida interromper a sua gestação por essa gravidez ser indesejada em decorrência do estupro, muito menos condenamos o médico que venha a fazer, dentro da absoluta legalidade e segurança, a retirada do feto, pois quem somos nós para condenar alguém? Essa é uma decisão de foro íntimo, isto é, vai da consciência de cada um.

Existem mesmo aqueles casos em que a retirada do feto resultará no mal menor, quando a mulher violentada não apresente estrutura emocional e psicológica adequadas para levar tal gravidez adiante, podendo nessas circunstâncias mãe e filho perderem a vida num ato de extrema desesperação.

Contudo, o conhecimento nos ajuda a tomarmos decisões das quais não venhamos a nos arrepender depois. Quantos não caem no erro por ignorância dos fatos, deixando-se levar pela ignorância coletiva?

Gostaríamos de esclarecer que todos os que incentivam, praticam ou auxiliam na prática do aborto, a não ser pelo motivo já citado, terão que responder perante a Lei Divina, cada um com a sua parcela de responsabilidade, por ter impedido um espírito que necessita da experiência e das provas na matéria para evoluir de reencarnar.

Do ponto de vista exclusivo da matéria um embrião não pode ainda ser considerado um ser vivo, pois não possui os órgãos que lhe permitirão a existência independente formados. Entretanto, a realidade, atualmente imponderável para a maioria, é que a matéria por si só não é a vida, ela a recebe do Espírito e a existência desse SER INTELIGENTE precede a existência do corpo. Em suma, o Espírito é criação Divina, um filho do Pai Universal.

Naturalmente o fator genético possui papel relevante na formação de um novo corpo, mas é o Espírito, mediante o seu perispírito, quem exerce maior influência sobre os genes herdados dos pais e não o contrário.

Certos Espíritos menos esclarecidos podem passar a obsidiar a mulher que os tenha expulsado de seu ventre com o propósito vingador de fazê-la também desencarnar.

Esses processos obsessivos que a ciência psiquiátrica convencional ainda não pôde identificar costumam durar anos e só terminarão quando houver uma real disposição ao recíproco perdão.

A mulher enquanto encarnada é dona do seu corpo, mas é também responsável por aquele ser frágil que está se desenvolvendo dentro desse corpo. Não há como fugir dessa responsabilidade sem prejuízos imediatos ou futuros à própria consciência. Não raro, mulheres que tenham abortado uma ou várias vezes encontram dificuldades para engravidar depois, quando realmente desejam, seja nesta ou em encarnação posterior.

Tal situação prevista na Lei Natural Divina tem um caráter educativo, pois ao ter que lutar e perseverar para conseguir engravidar, começará a mulher finalmente a dar o devido valor a essa sublime missão de permitir que um ser venha ao mundo por seu intermédio.

Quem respeita a vida não incorre na prática do aborto.

A problemática da gravidez na adolescência não pode ser resolvida com a banalização do aborto. Isso se resolve com boa educação e orientação familiar adequada. Em última análise, caso a jovem ou mesmo seus familiares não demonstrem nenhuma disposição para receber com amor a criança que vai chegar, o recurso da adoção por quem está disposto a amar será sempre viável, porque toda vida é preciosa.

O caso Marcela

O episódio ocorreu em Patrocínio Paulista, região de Ribeirão Preto, e alcançou repercussão nacional.

Em 2.006, no quinto mês de gestação, Cacilda Galante Ferreira recebera um diagnóstico arrasador para uma mãe, sobre o bebê que estava esperando. O diagnóstico, anencefalia, o prognóstico era o de que a criança não viveria mais do que algumas horas, mesmo assim a mãe declarara que nunca pensara em interromper a gestação.

Marcela de Jesus Ferreira, sobreviveu 1 ano 8 meses e 12 dias, e morreu de parada respiratória decorrente de pneumonia, provocada por aspiração de leite. Marcela usava um capacete de oxigênio (raramente ficava sem ele) e era alimentada à base de líquidos por uma sonda, por onde eram introduzidos sucos, leite e papinha.

Em 2.007, exames mais detalhados de ressonância magnética revelaram que a menina tinha pequenas partes do cérebro que mantinham suas funções vitais, mas os diagnósticos dos especialistas eram discrepantes.

“Ela foi um exemplo de que um diagnóstico não é nada definitivo” disse a pediatra Márcia Beani Barcellos, profissional que mais acompanhara Marcela. A pediatra avaliava que a menina tinha uma forma “não clássica” de anencefalia.

Em entrevista concedida antes da morte de Marcela, Márcia relatara: “Ela não pode ser comparada com uma criança com morte cerebral, que não tem sentimentos; a Marcela não vive em estado vegetativo; como ela processa isso, é um mistério”.

Fonte: Google

Embriões Congelados

Aqui, examinaremos interessante e oportuna questão proposta no livro Atualidade do Pensamento Espírita, psicografia de Divaldo Pereira Franco, respondida pelo espírito Vianna de Carvalho, sem contudo, nos alongarmos em maiores considerações.

(41) Nos casos de embriões congelados, já em estados avançados de desenvolvimento, estariam a eles ligados Espíritos, esperando a retomada do processo para fins reencarnacionistas?

Não necessariamente. Em alguns casos, Espíritos que pensaram burlar a Lei da Vida, fugindo das provações pelo caminho falso do suicídio, permanecem em semi-hibernação aguardando oportunidade para o recomeço da experiência, e esse período lhes constitui a expiação a que fazem jus. O desenvolvimento que ocorre em alguns experimentos é espontâneo, resultado do automatismo biológico, mas que não culminam em êxito.

A conclusão deste artigo, respeitando a sua inteligência, deixamo-la aos amigos leitores.

1) Perispírito: conhecido também em algumas escolas espiritualistas ou parapsíquicas como: corpo astral, psicossoma, MOB (modelo organizador biológico) etc.

2) A Reencarnação não é um dogma religioso. Ver Dr. Ian Stevenson e suas pesquisas científicas.