A voz do silêncio

A voz do silêncio

“ Fragmento 69 - Há apenas um caminho para a Senda, e só bem no seu final se pode ouvir a “Voz do Silêncio”.

Fragmento 98 - E agora, descansa sob a árvore de Bodhi, que é a perfeição de todo conhecimento. Pois, sabe-o, tu és o Mestre do Samadhi – o estágio da visão infalível.

Fragmento 99 - Contempla! Tu te tornaste a Luz, tu te tornaste o Som, tu és o teu Mestre e o teu Deus. Tu próprio és o objeto de tua busca: a voz que incessantemente soa através de eternidades, isenta de mudanças, os sete sons em um só, a VOZ DO SILÊNCIO!”

A Voz do Silêncio – Helena Blavatsky

Escrever sobre o silêncio, evidenciar o que é mais sutil, definir o imponderável eis a tarefa que muitos têm tomado para si. Poetas, Profetas, Mestres, Adeptos e Discípulos que fazem as vezes de instrutores desta humanidade vêm ao longo dos milênios exemplificando com o testemunho de suas vidas, a Senda... o Caminho! Jesus se tornou o Caminho porque sua vida é o testemunho perfeito do Amor e da Humildade! No atual estágio de nossa civilização as portas estão escancaradas, as verdades estão amplamente divulgadas, mas ainda poucos tem olhos de ver e ouvidos de ouvir!

Num esforço que conjuga muitas vidas, muitos missionários, muitas correntes de pensamento e a colaboração de iluminados espíritos que laboram em muitas linhas e latitudes, tem sido sistematicamente transferido o conhecimento iniciático do Oriente para o Ocidente.

Assim surgiram grandes movimentos para a iluminação da civilização Ocidental entre os quais se destacam três: O Espiritismo, a Teosofia e a Ordem Rosa Cruz.

À veneranda missionária Helena Petrovna Blavatsky ou simplesmente H.P.B. coube a responsabilidade de transmitir do Tibete para a Europa, o conhecimento esotérico do Budismo tibetano dando origem à Teosofia. Entre suas principais obras se destacam: “A Doutrina Secreta”, “A Voz do Silêncio”, “A Chave da Teosofia” e “Isis sem Véu”.

Após milênios de isolamento os monges tibetanos acolheram Madame Blavatsky, vendo nela os caracteres essenciais que a tornaram digna de subir o Himalaia e descer trazendo a Sabedoria que seria condensada na então nascente Sociedade Teosófica.

Entre os inúmeros ensinamentos da Teosofia, queremos falar neste capítulo da Voz do Silêncio!

Mas o que vem a ser esta voz, esta voz silenciosa, esta voz misteriosa? No capítulo 3 ”A Unidade”, defendíamos a visão de que o Universo é único, é uma coisa só que se transforma em todas. Deus é o autor da multiplicidade latente na Sublimada Unidade! Daí somos o próprio Deus. Mas a maioria de nossa humanidade ainda permanece alheia à sua natureza intrínsseca. Somos inconscientes de nossa divindade, somos deuses adormecidos! Mas o fato é que dentro de nossas mentes são produzidos milhares de pensamentos todos os dias! Somos uma fábrica de infinitos pensamentos. De onde eles vêm? Será que somos nós que os produzimos ou nós que os captamos? As duas coisas! Pensamos e assimilamos pensamentos alheios!

No recôndito de nossa mente, ecoa esta voz que não se cala, mas que fala silenciosamente! Chamamos esta voz de Consciência! O Ser evolui do instinto à razão e da razão à intuição. A intuição é o Deus em nós, é a silenciosa voz que nos impulsiona de volta à Casa do Pai! À medida que ascendemos na escala evolutiva, vamos acessando com maior freqüência e amplitude à Consciência Cósmica! Voltemos aos níveis de consciência: A Consciência Cósmica é o mais alto nível de evolução que poderemos alcançar estando encarnados neste plano. Raros são os que atingem tal realização: “Sócrates, Krishna, Buda, Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Bethoven, Allan Kardec, Einstein, para citar alguns poucos, apesar da diferenciação de condutas e atividades, viviam o estado superior de consciência mística, movendo-se e atuando em ondas mentais superiores às demais criaturas, resultantes de suas conquistas pessoais em etapas anteriores.

Por isso, se transformaram em condutores do pensamento humano, caracterizando-se por sua abnegação, renúncia aos prazeres pessoais e pela dedicação ao bem de todos. No entanto, acima dele, se destaca Jesus Cristo, exemplo de elevação moral e espiritual,

quem soube manter a consciência totalmente livre: vivia com os homens sem deixá-los ao abandono em nenhum momento e, simultaneamente, estava sintonizado com Deus.” ; esta citação é do livro Rumo às Estrelas e foi ditada ao médium Divaldo Pereira Franco pelo espírito: Luis di Cristóforo Postiglioni no capítulo 20 – “Os estados de consciência”.

Compreendemos então que à medida que vai evoluindo, nosso espírito torna-se capaz de captar pensamentos das altas esferas, tornamo-nos poderosas e delicadas antenas psíquicas capazes de ser sensibilizadas pelos espíritos de alta hierarquia, seja no plano científico, artístico ou religioso!

Vejamos o esclarecimento do iluminado espírito Babajiananda no livro: Serões do Pai Velho – “O que é a Consciência Cósmica ou iluminação total?

Pai Velho – É a faculdade dada ao iluminado, àquele que atingiu a iniciação por qualquer dos três caminhos que levam a ela: o amor total, o estudo ou sabedoria e o exercício ou método. O ser assim dotado compreende a intimidade de todas as coisas criadas e de todos os seres, desde a matéria inanimada ao ser mais complexo, e está sempre em íntimo contato com a Grande Inteligência do Universo. Dessa forma a linguagem de todas as coisas será apenas uma - a universal. Consciência Cósmica é a consciência total.”

Fica entendido então que todos um dia ouvirão claramente no recôndito de seu ser a Voz do Silêncio, a Sabedoria Silenciosa que reside em nosso interior e deslumbrados perceberemos que ela nunca se calou dentro de nós, mas à medida que nos calamos do turbilhão de pensamentos materialistas, sensuais e egoístas, à medida que despertamos da inconsciência, passamos a ouvir o essencial!

A Voz Silente

A voz silente

Canta a harmonia

E ao mesmo tempo silencia

As revelações precipitadas

Nunca dantes sequer sonhadas

Pelas crianças espirituais!

A voz silente

Declama a poesia

E ao mesmo tempo silencia

As estrofes inspiradas

Nunca dantes sequer imaginadas

Pelas concepções materiais!

A voz silente

Suave e insistente

Fala sem cessar

Vive a demonstrar

A inconcebível perfeição

Imanente na aparente confusão!

A voz silente

Não se cansa

Eternamente nesta dança

De dias, anos e eras...

Outonos, invernos , verões e primaveras...

A voz silente

Decanta perenemente

A canção do despertar,

às almas que podem perceber,

Aos ouvidos que podem escutar!

Bernardo Maciel