O acompanhamento espiritual

Acompanhamento espiritual, o que é?

Por Pe. Jorge Ribeiro

jorgeribeiroribeiro@gmail.com

INTRODUÇÃO

Todos falhamos continuamente em nossa história de vida. Só não consegue admitir sua fragilidade quem é incapaz de olhar para dentro de si mesmo ou quem possui uma vida sem qualquer princípio ético.

Somos senhores do mundo em que estamos, mas não senhores do mundo que somos. Governamos máquinas, mas não governamos alguns fenômenos inconscientes e espirituais que lêem a memória e constroem as cadeias de atitudes.

Todos temos dificuldades de administrar a energia emocional. Por isso, apesar de possuirmos uma inteligência tão sofisticada, “somos frágeis e passíveis de tantos erros. Somos uma espécie que claudica entre os acertos e erros de toda sorte” .

O que vem a ser o acompanhamento espiritual e qual o seu valor no processo de amadurecimento da personalidade da pessoa? Qual o específico do acompanhamento espiritual? O que ele se diferencia da terapia e de tantos acompanhamentos psicológicos? Por que o cristão que leva sua vida a sério deve fazer um acompanhamento espiritual?

OS PONTOS MAIS SIGNIFICATIVOS PARA UM ACOMPANHAMENTO ESPIRITUAL ADEQUADO

1) O acompanhamento espiritual (condições e atitudes): mostra qual a forma adequada de se fazer um acompanhamento espiritual sem se envolver ou distanciar demasiado com o acompanhado. Ensina a eliminar alguns prejuízos e/ou preconceitos que retardam ou obstaculizam a comunicação entre acompanhante e acompanhado. E também porque leva o acompanhante a olhar para si mesmo e fazer uma auto-avaliação, e assim perceber se está ou não correspondendo serenamente à missão proposta.

2) O discernimento espiritual: mostra-nos a consciência de nossa filiação divina, assim como nossa união com o Cristo e a viver as exigências do cotidiano. O discernimento ajuda ainda a superar o infantilismo da fé.

REFLEXÃO PERSONALIZADA SOBRE OS PONTOS

1) O Acompanhamento: a reflexão feita sobre as condições e atitudes no acompanhamento espiritual foi de fundamental importância para não fazer reservas ou criar obstáculos diante do acompanhado, assim como para manter um diálogo com imparcialidade, onde se respeita a condição própria de cada um. Ofereceu também recurso de como experimentar uma comunicação prudente e autêntica para gerar um ambiente de confiança e, daí, ter a orientação espiritual com bastante proveito. O acompanhante espiritual não é o agente, mas apenas o instrumento para endereçar as almas pela regra da fé e da lei de Deus, segundo o Espírito que Deus vai dando a cada um. Assim, o acompanhante deve ter cuidado para não acomodar a alma ao seu modo e condição própria, mas “olhando se sabe por onde Deus os leva. Dando a alma abertura para não atar o Espírito a nada, quando Deus a direciona por algum rumo: contente-se o acompanhante com dispor as almas segundo as leis da perfeição evangélica, que consiste na desnudação e vazio do sentido e do Espírito” .

2) O Discernimento: a reflexão nesse tocante veio esclarecer que o discernimento acompanha o ritmo da vida, é preciso respeita-lo como ele é. Que o sofrimento faz parte da vida, é coisa sabida, mas que seja preciso passar pela provação, tendo o sofrimento de Cristo como base para dar sentido ao próprio sofrimento, é preciso uma boa dose de discernimento. Entendi ainda que no processo de discernimento pode haver ambigüidades, por isso necessita-se de um itinerário, observar determinadas regras, e assim seguir na busca da perfeição.

Cristo alivia os sofrimentos, porém não os elimina. Jesus veio para nos oferecer a vida eterna, o Reino que não é deste mundo, ainda que se comece a construir-se neste mundo. Ele não é alheio aos sofrimentos do homem na terra. Ele que aliviar eficazmente estes sofrimentos, porém não se propõe a elimina-los, pelo contrário, conta com eles como inevitável companhia de todos os que querem ser seus discípulos e ascender o caminho da perfeição.

COMO VOCÊ APRESENTARIA E ARTICULARIA ESTE MISTERIO DO “ACOMPANHAMENTO ESPIRITUAL” ONDE FOR PRESTAR SERVIÇO?

Aprestaria como uma proposta, necessária para quem deveras quer crescer na via da perfeição, para quem quer melhorar no seu relacionamento com o Senhor e conhecer mais a si mesmo dentro do Plano salvífico de Deus. Em segundo lugar me mostraria com disposição paciente no recolher dos frutos, para evitar tensão, ganância ou perplexidades. Buscaria valorizar as experiências do outro o máximo possível, para oferecê-lo ocasião de segurança e confiança. Não imporia como algo intransponível ou mal-necessário, mas como oportunidade de configurar-se com aquilo a que se quer atingir. O acompanhamento como tal deve se apresentar como algo atraente e, ao mesmo tempo, algo que a própria pessoa deseja como forma de crescimento pessoal, relacional, comunitário e com Deus. Inclusive nas casas de formação religiosa, a proposta do acompanhamento deve ser apresentada como meio e/ ou instrumento que o candidato à vida religiosa tem acesso para esclarecimento de sua mesma vocação e como forma de discernir os movimentos que o Espírito suscita em sua vida para uma missão eficaz e fiel ao mandado de Jesus Cristo.

CONCLUSÃO

A perfeição consiste em cooperar fielmente ao que Deus opera em nós para nos assemelharmos a Ele. Essa obra se produz, se acrescenta e se consuma em segredo e sem que a advirtamos. Toda nossa ciência consiste em conhecer o que Deus dispõe de nós no momento presente. A divina vontade vai se manifestando em nós sob mil aparências que sucessivamente constituem nosso dever atual e fazem que cresça e chegue a sua plenitude o homem novo. Esta misteriosa obra se produz e se completa na sucessão de nossos deveres presentes, para formar Jesus Cristo em nossos corações.

Pejotaribeiro
Enviado por Pejotaribeiro em 30/05/2018
Código do texto: T6350712
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