FILISTEUS - O POVO DO MAR

QUEM ERAM OS FILISTEUS?

Até o século passado, todo o resplendor da civilização dos filisteus era apenas mais um dos mistérios indecifráveis da história da humanidade. Quem eram os filisteus, de onde tinham vindo e por que desapareceram? Ninguém sabia. Tudo que se conhecia estava no Velho Testamento. Era certo que chegaram como invasores e ocuparam as terras de Canaã, desde a atual faixa de Gaza até o território onde hoje se encontra a capital israelense, Tel-Avive.

Especulava-se também que chegaram lá entre os séculos XIII e XII a.C., já que as primeiras referências a eles são do chamado período dos Juízes, quando os descendentes de Jacó (Israel) ainda não passavam de grupos de pastores nômades e a única unidade entre as tribos israelitas era apenas a religião. Nessa época os israelitas não tinham nem reis, nem leis e nem escrita. A narrativa bíblica enfatizava o convívio tumultuado entre os dois povos, até que, no século VII a.C., eles simplesmente somem tanto das páginas da Bíblia, como de Canaã e da história.

Em 1829, Champollion, o mesmo que decifrou os hieróglifos egípcios, traduziu relevos que haviam sido encontrados na parede de um templo em Tebas, onde contam a vitória do faraó Ramsés III (1194-1163 a.C.) contra a tentativa de invasão dos chamados Povos do Mar, provenientes do Mar Egeu.

A saga de Ramsés eternizada nas paredes de Medinet Habu é o marco da redescoberta da história dos filisteus. Atualmente poucos duvidam de que o fracasso no ataque ao Egito deu origem na colonização de Canaã pelos Povos do Mar. Rechaçado pelos egípcios se instalam na região que hoje corresponde a Faixa de Gaza.

Além disso, quando tentaram entrar no Egito, os “guerreiros do mar” não vinham sozinhos, mas traziam mulheres e crianças. Para muitos historiadores, a presença das famílias é uma prova de que isso aconteceu como uma migração em massa após a destruição de Tróia (1200 a.C.). É quase certo que esse povo lutou como aliados dos troianos e foram obrigados a fugir com a vitória dos atenienses e espartanos, novos senhores da Grécia e do Egeu.

A Bíblia conta que cerca do ano 1070 a.C. os filisteus, derrotaram os israelitas depois de uma grande batalha e levaram a Arca da Aliança consigo. Os filisteus a colocaram em um templo que era dedicado a Dagon, deus deles. Para os filisteus a Arca tornou-se um grande problema. Por duas vezes a imagem de Dagon caiu durante a noite diante da Arca o que constrangeu os filisteus que também tiveram milhares de pessoas com tumores e a terra deles foi tomada por ratos, sendo que o castigo só terminou depois que devolveram a arca para os israelitas. Os filisteus concluíram que a arca era sagrada e nunca mais ousaram tomá-la novamente. (I Samuel capítulos 5 e 6)

Mais tarde, em uma grande batalha os filisteus derrotaram novamente os israelitas e mataram os filhos do rei Saul. Como Saul já havia se suicidado (1011 a.C.), acharam seu corpo e cortaram sua cabeça e a mandaram também como as armas do rei, através de mensageiros para o território filisteu a fim de darem as boas notícias ao seu povo para celebrarem a vitória. Os filisteus conquistaram o vale de Jezreel e ocuparam as cidades do vale. (I Crônicas 10: 1-10)

Davi, quando subiu ao poder, em 1010 a.C., não demonstrou condescendência com seus inimigos. A união de Judá e Israel fez do novo Estado israelita uma grande potência regional, aniquilando o poderio filisteu. Cidades como Qasile e Ekron foram transformadas em cinzas e as rotas comerciais do interior ficaram com os israelitas. Temos que ver que nessa época Jerusalém, com todo seu poderia tinha 3.400 habitantes (I Crônicas 9: 1-13). Dá para imaginar que a população das cidades menores era bem menor.

Além dos hebreus, os arameus, babilônios e assírios foram de igual importância para a decadência do povo filisteu. Os arameus, por exemplo, não mediram esforços para conquistar Gate e, no século IX a.C. e tomá-la.

Os filisteus sobreviveram e com a chegada dos assírios e tiveram um novo período de apogeu. Ekron, depois de conquistada pelo rei Sargão II, em 712 a.C., foi promovida a capital da província assíria de Canaã e voltou a brilhar. Até que, uns 100 anos depois, o novo período de glória encontraria um fim trágico e definitivo, ironicamente, compartilhado com os judeus. Após a conquista de Israel em 586 a.C. por Nabucodonosor (604-562 a.C.) e a destruição do templo de Jerusalém,o rei dedicou-se a aniquilar a civilização filisteia. O rei destruiu as cidades de Ashod, Askalon, que foram arrasadas e incendiadas.

Com a chegada de Nabucodonosor, Ecron, Ashdod e Ashcalon, sofreram a derradeira destruição. Nada foi poupado. Em Ecron, o fogo dos conquistadores ardeu com tamanha intensidade que arrebentou as pedras calcárias das construções. Depois da completa destruição, os poucos moradores sobreviventes foram aprisionados e deportados para a Babilônia, junto com os judeus.

Ao contrário de seus inimigos israelitas, quando da queda do Império Babilônico pelos exércitos de Ciro (539-539 a.C.) os filisteus não retornaram às suas cidades. Elas ficaram abandonadas por muitos anos até serem novamente ocupadas por outros povos sob domínio do Império Persa. Os filisteus desapareceram da História. Um povo inteiro deixou de existir. Ainda se debate como e por que isto aconteceu. Alguns acreditam que eles foram culturalmente assimilados durante a sua estadia na Babilônia e perderam a identidade de sua origem ao contrario dos judeus que a preservaram.

COMENTÁRIOS:

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A tese de que os filisteus eram colonos gregos que migraram após a guerra de Troia carece de evidências históricas. Os gregos mesmo em suas colonias longe da Grécia mantinham suas raízes gregas, o que não ocorre com os filisteus. Sua língua , sua cerâmica , suas armas, seus deuses e seus hábitos funerários não tem nada de gregos. O nome de "povos do mar" e sua facilidade para construir embarcações e para operações militares navais indica que era um povo que habitava o litoral. A atual Turquia era um "caldeirão" de vários povos de diversas origens e etnias. Provavelmente os filisteus eram uma dessas etnias, chamada genericamente de "os anatólios". Sua migração para o oriente médio coincide com a invasão da Grécia e da Turquia pelos Aqueus, Provavelmente migraram fugindo dos ataques dos aqueus que estavam destruindo suas cidades. Tentaram ocupar o Egito, mas foram repelidos pelas tropas de Ramsés III. Então ocuparam Gezer ( Gaza), tomando parte do território da tribo de Simeão. A bíblia narra as vitorias do rei David contra os filisteus, mas não foi uma vitória completa. David impediu que os filisteus tomassem todo o território de Judá, mas não conseguiu desalojá-los de Gaza, de onde só saíram quando foram vencidos e exilados pelos babilônios na mesma ocasião do exílio dos hebreus. Ao contrario dos hebreus , os filisteus se misturaram com os babilônios, se dispersaram e nunca mais voltaram para suas cidades em Gaza.

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Não há nenhuma certeza sobre a etnia dos filisteus e nem mesmo de sua procedência. Mas se aceitarmos a tese de que os filisteus vieram da Anatólia (Atual Turquia) não podem ser semitas. Os semitas vieram da Mesopotâmia, Arabia , Palestina e norte da Africa. Nunca estiveram na Turquia.

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FONTES:

Bíblia de Jerusalém – Ed. Paulus, São Paulo-SP, 2016

Superabril.com

/ História Viva / Wikipédia / Bíblia ( Nova tradução na linguagem de hoje e NVI), por Valter Pitta.