JEFTÉ E O SACRIFÍCIO DE SUA FILHA SEILA

JEFTÉ E O SACRIFÍCIO DE SUA FILHA SEILA. (1106-1100 a.C.)

Jefté era filho de Galaad com uma prostituta. Depois Galaad teve vários filhos com a esposa legal, sendo expulso pelos filhos legítimos de seu pai.

Juízes 11: 1 – Jefté, o galaadita, era um guerreiro valente. Era filho de uma prostituta. Galaad era o pai de Jefté. 2 – A mulher de Galaad, porém, também lhe deu filhos, e estes, quando cresceram, expulsara Jefté dizendo: “Não terás parte na herança do nosso pai, porque és filho de uma mulher estrangeira.” 3 – Jefté fugiu para longe de seus irmãos e se estabeleceu na terra de Tob. Reuniu em torno de si uma turma de bandidos, que andavam com ele.

Isto é: Jefté formou uma quadrilha de bandidos e se tornou um bandoleiro. Aconteceu que depois de algum tempo os amonitas fizeram guerra contra Israel. Os anciães de Galaad procuraram Jefté pedindo para ele os ajudar, mas ele se negou, lembrando que tinha sido expulso da cidade. Entretanto Jefté procurou o rei de Amon para conseguir uma trégua, mas sua intermediação não surtiu efeito. Parecia que Jafté não queria se envolver no confronto entre os amonitas e os israelitas. Preferia as negociações deixando o tempo correr. Ele devia ter ainda mágoa de ter sido expulso de sua terra. Mas...

Juízes 11: 29 – Então o espírito de Iahweh veio sobre Jafté, que atravessou Gallad e Manasses, passou por Masfra de Gallad e, de Masfa de Gallad, passou aos amonitas. 30 - E Jefte fez um voto a Iahweh: “Se entregares os amonitas nas minhas mãos, 31 – aquele que sair primeiro da porta da minha casa para vir ao meu encontro quando eu voltar são e salvo do combate contra os amonitas, esse pertencerá a Iahweh, e eu o oferecerei em holocausto.” 32 – Jefté passou aos amonitas para atacar, e Iahweh os entregou nas suas mãos. 33 – Ele os derrotou desde Aroer até Menit – vinte cidades – e até Abel-Carmim. Foi uma grande derrota: e os amonitas foram assim subjugados pelos israelitas. 34 – Quando Jefté voltou a Masfa, à sua casa, eis que a sua filha saiu ao seu encontro dançando ao som de tamborins. Era a sua única filha. Além dela, não tinha filho nem filha. 35 - Logo que a viu, rasgou as suas vestes e bradou: “Ai! Ai” filha minha ! Tu me prostraste em angústia! Tu estás entre os que fazem a minha desgraça! Fiz um voto a Iahweh e não posso recuar!” 36 – Então ela lhe respondeu: “Meu pai, tu assumiste esse compromisso com Iahweh. Trata-me, pois, segundo o que prometeste, por que Iahweh concordou em te vingar de teus inimigos, os amonitas.” 37 – Depois ela disse a seu pai: “Conceda-me apenas isto: deixa-me sozinha durante dois meses. Irei erando pelos montes e, com as minhas amigas, lamentarei a minha virgindade.” 38 – “Vai,” disse-lhe ele. E deixou-a ir por dois meses. Ela se foi, portanto, com suas amigas, e lamentou a sua virgindade pelos montes. 39 – Decorridos os dois meses, retornou a seu pai, e ele cumpriu o voto que fizera. Ela não conhecera varão. Procede daí este costume em Israel: 40 – de ano em ano, as filhas de Israel saem quatro dias a celebrar sobre a filha de Jefté, o galaadita.

Relato impressionante! O nome da filha de Jefté não é mencionado na Bíblia, mas a tradição o guardou com Seila. A tradição rabínica afirma que Seila estava resignada ao colocar o pescoço no altar para ser decepada com a espada do pai. Ela tinha grande satisfação em dar a vida em troca da vitória de Israel sobre os invasores pagãos. Os rabinos tentam excluir Deus desse crime, culpando somente Jefté por ter feito essa impulsiva promessa, sem imaginar as conseqüências.

Embora o sacrifício de pessoas aos desuses não fosse uma pratica corrente ente os israelitas, é sabido que eles, vivendo entre povos politeístas não estavam imunes a essas influências. No livro “The Guide to the Bible” de Robert Alter e Frank Krmode, afirmam que “havia um culto pagão.. que fora adotado pelas mulheres israelitas” e quando as origens desses ritos tinham sido esquecidas essa historia foi inventada para explicá-los.

Há também uma explicação piedosa que afirma que Seila não fora executada pelo pai, mas sim que, como virgem foi entregue no tempo para servir ao Senhor. O autor desse disparate parece não saber ou não entender que no tempo em que o fato teria acontecido, os israelitas ainda eram nômades e viviam em tendas ou cabanas. Até as “Tábuas da Lei”, estavam em baixo de uma tenda no meio do campo. O Templo só foi construído mais de um século depois por Salomão. Podemos também considerar que a virgindade não era uma virtude, muito pelo contrário. Era uma desgraça uma mulher não ter filhos. Tanto homens como mulheres tinham como obrigação primordial casarem e terem filhos e se isso não acontecesse eram mal vistos pela comunidade como amaldiçoados por Deus. Seila estava lamentando ter que morrer sem ter tido filhos o que era uma grande desgraça para qualquer mulher israelita.

No livro dos Juízes, há recorrentes menções dos israelitas estarem constantemente envolvidos com os deuses e as praticas pagãs, o que provocava a ira do Deus Javé que os colocava em provas e privações.

Isso nos remete a Abraão (2160 a 1985 a.C.), que resolveu sacrificar seu filho Issac para o Deus El cananeu (Eloim hebreus). Mas no último momento ele se arrependeu, pois Issac era seu filho único (Gênesis, capítulo 22) e então dizendo que Deus tinha o dispensando do sacrifício, aboliu essa prática entre seu pessoal, que não deveria ser muito mais de umas 10 ou 15 pessoas, excluindo mulheres e crianças.

Jefté (1106-1100 a.C.). foi o 7º juiz israelita em um período em que eles não tinham nem reis, nem leis, mas seguiam muitos deuses. Jefté julgou em Israel por seis anos

FONTES:

Bíblia de Jerusalém – Ed Paulus, São Paulo-SP, 2016.

Mulheres na Bíblia – John Baldock – M. Books, São Paulo-SP, 2009.