Jesus foi crucificado pela forma como comia?

A cozinha e a mesa para os judeus eram lugares em que cuidavam da pureza ritual enquanto estavam distantes do templo. Na Bíblia, a comida era usada para celebrar a vida e a alegria, ou seja, celebrar casamentos, nascimentos ou reconciliar pai e filho (cf. Lc 15, 22-24).

Os judeus eram e ainda são rígidos com o que comem, tanto que possuem listas de alimentos permitidos ou não de comer: os alimentos puros e impuros (cf. Lv 11,1-3, 9,10,13 – 21,26,27, 29). Até hoje os judeus ultra-ortodoxos seguem à risca essas regras alimentares dadas pelos ancestrais.

Como já vimos, o comer e o beber são importantes para as religiões. O Cristianismo primitivo se importava com as refeições e, ao contrário das outras religiões monoteístas, mudou de cabeça para baixo esses interditos alimentares e regras de convivência à mesa.

Muitos teólogos chegam a acreditar que Jesus foi crucificado pela forma como comia, com quem comia e onde comia. Os fariseus de tão desagradados com o modo de Jesus se comportar à mesa, diziam d’Ele: “é um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” (cf. Lc 7,34).

E, de fato, Jesus era um comensal inconveniente, comia com deficientes físicos, doentes, prostitutas e, pasmem, com os publicanos, que eram os que cobravam os impostos da turma. Dizia-lhes que quando se dá uma festa, em vez de convidar os amigos, os irmãos, os vizinhos ricos, deve-se chamar os pobres, estropiados, coxos e cegos.

Jesus reinvida para si uma vivência religiosa que vá além do esforço da legalidade religiosa, moral e social, mas que promove o encontro entre os excluídos.

E, nos últimos instantes com os discípulos, Jesus os convida para comer um pouquinho, junto ao lago de Tiberíades. Era um dia triste, os discípulos não pegavam peixes, mas ao saltarem para terra viram a brasa preparada com peixe em cima e pão. Disse-lhes:Vinde almoçar comigo! (cf. João 21).