TEMPERATURAS BAIXAS E AGRAVAMENTO DA DEPRESSÃO, DENTRE OUTROS PROBLEMAS.

Todo psiquiatra vê muitos de seus clientes deprimidos, apresentarem recaídas ou piora de seus estados depressivos durante o inverno.

Para fins de entendimento, vamos analisar o que acontece com pessoas normais. Tomemos o exemplo do jogo de ontem (15/06) das seleções do Brasil e da Coréia do Norte. Os comentaristas ignorando a temperatura como causa e a bola maisd leve, alegavam um bloqueio da seleção da Coréia e uma lentidão da Brasileira.

Com a sensação térmica em torno de -2 graus centígrados, a mente bloqueia boa parte do raciocínio, como consequência de uma má circulação imposta pelo frio. A conclusão são atitudes lentas e a Coréia, mesmo acostumada ao frio, sentindo a preocupação com a seleção Brasileira, teoricamente superior, insistia lentamente nos contra-ataques, pois numa posição de defesa, pouco percorrendo todo o campo, também a torna estagnada. Some-se a isto tudo a sensação de jogo ganho, tornou a seleção brasileira mais lenta e daí o gol da Coréia do Norte.

Este fato, conhecido de todo estudante de medicina é ignorado pela torcida e por boa parte dos comentaristas.

Isto posto, voltemos aos clientes deprimidos. Eles sofrem mais no inverno, sendo notada apenas a resistência em buscar ajuda por clientes, onde ao quadro clínico onde se agrega uma ansiedade intolerante, comum em depressivos que não aceitam pacificamente o seu estado. Naqueles onde a depressão é considerada ‘crônica’, o que nem sempre é verdade, apesar do tempo de presença do estado depressivo, ao enfrentarem uma baixa temperatura se sentem destinados a conviver com seu quadro e não aborrecer a família. Esta é uma idéia errada, pois se estão deprimidos precisam de correções de dose medicamentosa e de visão, pois ao se tornarem mais apáticos, podem estar agravando seu quadro, fato este percebido pelos psiquiatras ao acontecer o retorno dos clientes tão logo a temperatura não seja tão baixa, mas com uma piora do quadro psíquico. E muitas vezes com um degrau irreversível causado por este ato de omissão ao tratamento, posto que não se resolve este quadro apenas com a tomada contínua de medicamentos, muitas vezes fornecidos por clínicos do SUS, sem investigação, sem exames avaliadores, muitas vezes fornecendo medicamentos a pedido dos parentes dos pacientes, sem sequer vê-los, como temos percebido frequentemente.

È preciso ter uma postura médica cognitivo-comportamental, onde analisando o comportamento do cliente, seja criado conhecimento para a mudança comportamental e enfatize não ser o psiquiatra um mágico ou um deus médico, que basta se posicionar e a depressão acaba.

Vejo políticos fazendo promessas eleitoreiras difíceis de serem realizadas, mas o óbvio, mais fácil, mais econômico, logicamente, com menos gastos em propinas, não é tentado, como fazer uma Medicina Preventiva, orientando e explicando as consequências, caso as recomendações médicas básicas não sejam atendidas.

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