Relacionamentos Destrutivos

Por que muitas vezes ficamos presos a relacionamentos que claramente estão sendo prejudiciais para nossas vidas? Que laços são esses, que aparentemente são invisíveis e nos ligam a um verdadeiro círculo de sofrimento e decepção? Em qualquer zapeada pelos noticiários televisivos ou portais de informação na web, se encontram notícias de relacionamentos que terminaram de forma trágica, na maioria das vezes porque uma das partes não aceita um termino de relação, que força é esta que age tão violentamente nos seres humanos impedindo-os de cercearem vínculos afetivos? Desanuviar completamente essa questão é uma tarefa demasiadamente dificultosa, porém, algumas hipóteses podem ser levantadas para tentar compreender a questão. Sigmund Freud (1920) vem nós falar de uma compulsão a repetição que vai agir sobre o sujeito humano, impelindo-o a repetir de forma irresistível atos de natureza idêntica, mais notadamente atos de natureza penosa e destrutivos para si mesmo. A compulsão a repetição está intimamente ligada à pulsão de morte que é responsável pelos instintos destrutivos. Outro ponto que deve ser observado é a conotação sadomasoquista que geralmente se encontra inscrita neste tipo de relação, onde há um dominador e um dominado, um indivíduo exacerbadamente superegóico e em contrapartida um egoicamente esquálido. Também é oportuno analisar o que se chama de Transtorno de Personalidade Dependente (DSM-IV, 2002), onde o sujeito se caracteriza pelo excessivo grau de dependência e confiança nos outros. E por precisar de outras pessoas para se apoiar emocionalmente e sentirem-se seguras. Permitindo que os outros tomem decisões importantes a respeito de si mesmas. Além de se sentir desamparadas quando sozinhas. Ocorre que estes indivíduos extremamente dependentes do outro, encontram-se tão desprovidos de autonomia que acabam colocando o controle de suas vidas a cargo de outrem, geralmente seu parceiro afetivo, sujeitando-se a toda sorte de agressão psíquica e até mesmo física. Analisando as hipóteses levantadas, é possível aferir que indivíduos extremamente dependentes, envolvidos em relacionamentos destrutivos necessitam primeiramente recuperar a capacidade de se autogerir, visando construir uma tragetória mais autônoma perante sua própria existência. No entanto é importante ressaltar que excetuando casos extremos - por exemplo, onde ocorra em alguma das partes sintomas de psicopatia - o conceito de culpa não se aplica, pois a culpa do outro termina onde a minha se inicia... E em relacionamentos não existem bons ou maus, cada parte envolvida tem em certa medida, sua parcela de culpabilidade no desencadeamento dos acontecimentos.

Referencias bibliográficas:

American Psichiatric Association: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4ª ed. Ver. Porto Alegre: Artes Médicas; 2002.

Freud, S. (1920g). Além do princípio do prazer. Edição Standard Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago.

Washington M Costa
Enviado por Washington M Costa em 01/09/2010
Código do texto: T2472461
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.