ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA DIMINUIÇÃO DA VELOCIDADE DA MARCHA COMO UM INDICADOR DE FRAGILIDADE NO IDOSO

 
ISEC – Instituto Superior de Educação Continuada
Curso de Pós-Graduação em Saúde da Família


 


 
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Saúde da Família do Instituto Superior de Educação Continuada - ISEC para obtenção de Título de Especialista em Saúde da Família.

 

 
Orientadora: Enfª. Esp. Eulália Cristina Costa e Costa




SÃO LUÍS
2011


ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA DIMINUIÇÃO DA VELOCIDADE DA MARCHA COMO UM INDICADOR DE FRAGILIDADE NO IDOSO

Agostinho Lázaro Pimenta Filho*

RESUMO

Um conceito de fragilidade é uma síndrome clínica, que pode ser identificada por perda de peso involuntária, exaustão, fraqueza, diminuição da velocidade da marcha, e do equilíbrio, e diminuição da atividade física. Cada uma dessas manifestações clínicas é precursora de uma série de reações adversas (quedas, hospitalização, institucionalização, declínio funcional e morte). Com o envelhecimento ocorre perda contínua da função de órgãos e aparelhos biológicos, juntamente com limitações funcionais que resultam em incapacidades e perda da autonomia e independência originando a dependência que pode ser total ou parcial, e posteriormente o risco da fragilidade. O objetivo desta pesquisa é apresentar as características dos indicadores de fragilidade, segundo o que a literatura vem descrevendo sobre este assunto desde que foi inserido no índex médico. A metodologia utilizada para a realização do trabalho foi revisão bibliográfica baseada em dados coletados em publicações e periódicos indexados, impressas e virtuais. A atuação da enfermagem na redução da velocidade da marcha do idoso se faz importantíssimo, pois, aqueles profissionais atuantes com esta população de atenção básica têm mais contato com o paciente portador, desde sua chegada ao hospital, até seu convívio familiar após alta hospitalar.


Palavras-chave: Idoso.Velocidade da Marcha. Enfermagem.


1 INTRODUÇÃO

O maior desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Essa possibilidade aumenta na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social e consegue reconhecer as potencialidades e o valor das pessoas idosas. Portanto, parte das dificuldades das pessoas idosas está mais relacionada a uma cultura que as desvaloriza e limita (Caderno de Saúde Pública nº 19/MS, 2006).
_________________________
* Aluno do Curso de Pós Graduação em Saúde da Família do Instituto Superior de Educação Continuada - ISEC. Contato: gugapimenta@hotmail.com


A dependência é o maior temor nessa faixa etária e evitá-la ou postergá-la passa a ser uma função da equipe de saúde, em especial na Atenção Básica. O cuidado à pessoa idosa deve ser um trabalho conjunto entre equipe de saúde, idoso e família.
A identificação, avaliação e o tratamento do idoso frágil constituem ainda grande desafio, visto que só em 1991 o termo idoso frágil entrou no índex médico, após o conceito de ser frágil, ser substituído por tornar-se frágil. Ou seja, idoso frágil é definido como indivíduo mais envelhecido que está com diminuição da força generalizada e é mais susceptível, de forma não comum, às doenças ou enfermidades.
A atividade física é um dos meios mais barato e mais saudáveis na qual pode melhorar a nossa saúde. Para o idoso, a atividade física é de fundamental importância, pois, o processo de envelhecimento beneficia as perdas, principalmente, nos aspectos cognitivos e físicos, assim a atividade física torna-se um fator o qual pode ajudar a amenizar estas perdas (RABACOW et al., 2006).
Assistência de enfermagem aos pacientes idosos que têm sua marcha reduzida devido a alguma anormalidade oriunda de fragilidade é muito importante dentro do contexto de atendimento multidisciplinar, nesse sentido além dos cuidados que visam promover o conforto e o bem estar do paciente, o enfermeiro deve ter o amplo conhecimento das alterações fisiológicas que ocorrem na terceira idade, deverá detectar precocemente alterações que possam comprometer a evolução do quadro, comunicando e discutindo o quadro clínico com a equipe multidisciplinar, para que as ações imediatas possam ser tomadas.
Desta forma, justifica-se a necessidade de um levantamento bibliográfico que objetive conhecer minuciosamente a assistência de enfermagem aos idosos com velocidade da marcha diminuída por fragilidade senil, suas possíveis complicações causadas pela ausência desses cuidados, bem como a implementação da assistência de enfermagem qualificada e humanizada para o cuidador e a família dos idosos.
Pensando nessa necessidade de aprimoramento profissional para o cuidado com o idoso, não podemos de deixar de enfatizar a importância do enfermeiro nessa fase da vida, destacando ainda o papel essencial na capacitação como cuidador, essa temática foi escolhida com o objetivo de demonstrar como e porque a atuação da enfermagem é fundamental na assistência ao idoso com diminuição da velocidade da marcha por fragilidade.
O trabalho aqui apresentado trata-se de uma pesquisa bibliográfica, abordando diversos autores que discutem sobre o idoso e suas alterações, havendo uma investigação exploratória, descritiva e qualitativa, visando à sensibilização da equipe de enfermagem para o idoso, insistir na sua importância a fim de despertar em nossa sociedade e seus familiares a necessidade de valorização da promoção de saúde da faixa etária.

2 METODOLOGIA

A pesquisa realizada neste estudo trata-se de uma revisão de literatura (CASTRO, 2001), através de um estudo descritivo cronológico sobre a diminuição da velocidade da marcha como um indicador de fragilidade no idoso e como este pode vir a ter sua qualidade de vida melhorada, restabelecida e monitorada através dos profissionais de saúde, em destaque no presente estudo os profissionais da enfermagem. Foram considerados estudos de publicações nacionais e periódicos indexados, impressos e virtuais, específicas da área (artigos, dissertações, livros e monografias), sendo pesquisados ainda em base de dados eletrônicos, tais como Google Acadêmico, Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, BIREME, Lilacs e Scielo. Os dados foram organizados em ordem cronológica em planilha, considerando para análise as temáticas e subtemáticas a seguir descritas:
• Período: 1999 a 2009 (do período da revisão e atualização da Política Nacional de Saúde do Idoso até os dias atuais).
• Coleta de Dados: foram coletados dados relativos às características da síndrome de fragilidade em um determinado grupo de indivíduos – os idosos para identificar os indicadores de fragilidade nesta faixa etária e melhor entender o que é fragilidade, dando ênfase a diminuição da velocidade da marcha, visto que não há ainda um consenso sobre a sua definição. Descritores (palavras chave): idoso frágil; velocidade da marcha, saúde do idoso e enfermagem.
• Análise e apresentação dos dados:
 Senescência e senilidade na população;
 Síndrome da fragilidade (o que é, como ocorre, Fragilidade no idoso, seus indicadores e diagnóstico);
 A atuação da enfermagem na diminuição da velocidade da marcha do idoso frágil.

3 SENESCÊNCIA E SENILIDADE NA POPULAÇÃO

A senescência é o período em que ocorre um declínio físico e mental tornando-se lentos e graduais, acontecendo em alguns indivíduos na casa dos 50 e em outros, depois dos 60 anos, já a senilidade se refere à fase do envelhecer em que o declínio físico é mais acentuado e é acompanhado da desorganização mental.
Aqui, também, encontramos as diferenças entre as pessoas; algumas se tornam senis relativamente jovens, outras antes dos 70 anos, outras, porém, nunca ficam senis, pois são capazes de se dedicarem a atividades criativas que lhes conservam a lucidez até a morte (ROSA, 2003).
A população mundial em 2010 era de 6,8 bilhões, prevista para atingir 7 bilhões no inicio de em 2012. O número de idosos no mundo hoje, acima de 60 anos, é de 600 milhões, podendo duplicar até 2025 e atingir 2 bilhões em 2050. No Brasil, há 191 milhões de pessoas, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Destes, mais de 19 milhões têm mais de 60 anos, representando cerca de 10% da população. A projeção é que esse número tenha subido para 18% da população em 2050.
Acompanhando o crescimento populacional vem o aumento da expectativa de vida desses idosos: enquanto no Japão essa estimativa já chega aos 80 anos, no Brasil ainda estamos ao redor dos 70 anos (CYPEL, 2010).
Segundo Rosangela Machado (WIKIPÉDIA, 2008), o envelhecimento no ser humano caracteriza-se por um processo biopsicossocial de transformações, ocorridas ao longo da existência, suscitando diminuição progressiva de eficiência de funções orgânicas (biológica), criação de novo papel social que poderá ser positivo ou negativo de acordo com os valores sociais e culturais do grupo ao qual o idoso pertence (socio-cultural); e pelos aspectos psiquicos vistos tanto pela sociedade quanto pelo próprio idoso (psicológico).
Senescência orgânica é o envelhecimento do organismo como um todo, ligado, entre outros fenômenos, ao envelhecimento celular. O envelhecimento do organismo é geralmente caracterizado pela diminuição da capacidade de responder a desafios à função orgânica. Estes desafios em geral oneram a capacidade funcional de nossos órgãos e sistemas, que diminui com o passar dos anos.
A senilidade é o conjunto das alterações patológicas do envelhecimento. Dela fazem parte às doenças como a osteoporose, hipertensão arterial sistêmica, diabetes, artroses severas, além das perdas funcionais como a capacidade de andar sozinho, subir escadas, a perda do equilíbrio, visão e audição.
Aceitar as transformações que ocorrem tanto nos aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais na terceira idade é uma das formas de encarar os problemas decorrentes desta fase da vida, de forma a minimizá-los por meio da atividade física, participação na comunidade, passeios e entre outros (ZIMERMAN, 2000).

4 SÍNDROME DA FRAGILIDADE

A geriatria se depara com a nominação e a pesquisa da antiga síndrome de senectude, de gerontes acima dos 65 anos que cursa com a perda involuntária de peso, cansaço desproporcional ao esforço desprendido, dininuição da velocidade de marcha, redução do nível de vigor físico, com perda de força muscular, e diminuição da atividade mental. Ao conjunto de ao menos três sinais elencados dá-se o nome de Síndrome da Fragilidade. Pode-se chamá-la também de sarcopenia.
Resumindo, define-se como uma diminuição da reserva funcional, com severos prejuízos na capacidade adaptativa, dificultando o organismo a manter seu equilíbrio em situações de estresse, resultante do declínio cumulativo de múltiplos sistemas, que causam aumento da vulnerabilidade para eventos adversos (SEPÚLVEDA, 2011).
Das duas grandes definições de fragilidade, sendo uma de Fried (2004) e a outra de Bergman (2004), observou-se que há lacunas a serem preenchidas e as mesmas apontam a necessidade de mais aprofundamento sobre o assunto, visto que o termo fragilidade vem sendo usado há pouco mais de 20 anos, desde a década de 80, e que é os idosos a população–alvo mais destacada.
Então optou-se por uma definição mais esclarecedora e que associa as duas que é a definição da Silvana Araújo do Departamento de Geriatria – UFMG (2007): que a caracteriza como uma síndrome biológica da diminuição de reserva homeostática do organismo e da resistência aos fatores ambientais estressores do organismo e da resistência aos fatores ambientais estressores que resultam em declínios cumulativos em múltiplos sistemas fisiológicos, causando vulnerabilidade e desfechos clínicos adversos.

4.1 Fragilidade no idoso

Os idosos fragilizados são aqueles que apresentam comprometimento da capacidade funcional ou limitações provenientes de patologias físicas, mentais e lesões tanto agudas como crônicas. (TORRES, 2006 apud OHARA; SAITO, 2008, p.337).
Segundo o Dr. Antonio Augusto de Arruda Jr. (2004), do Instituto Lyon, de Curitiba, é importante diferenciar duas características do envelhecimento, pois, o idoso senil, que pode se tornar um idoso frágil, e o idoso senescente, chamado de bem sucedido.
O idoso perde peso e apetite, sente fadiga crônica e, aos poucos, vai perdendo também a massa muscular, e deixando de realizar as atividades físicas e intelectuais. “São os pacientes mais comuns dos serviços de saúde e dos que mais apresentam complicações ambulatórias e hospitalares fatais.” (ARRUDA JR, 2004).
Em 1978, o Federal Council on Againg (FCA) estabeleceu dois critérios para a implementação de cui¬dados aos idosos frágeis: ter idade igual ou superior a 75 anos e necessitar de assistência para a realização de atividades do cotidiano (BERGMAN, 2004).
Fragilidade: “Failure to trive”, falência em ser bem sucedido (ARAÚJO, 2007).

4.2 Os Indicadores de Fragilidade

Segundo Fried (2004), a apresentação clínica da síndrome da fragilidade corresponde a um fenótipo composto por cinco componentes: 1) Perda não intencional de peso; 2) Relato de fadiga, exaustividade; 3) Diminuição da força de preensão; 4) Redução da atividade física; 5) Diminuição da velocidade da marcha.
Os resultados do fenótipo resultam na tríade da fragilidade, que se referem às alterações em três sistemas fisiológicos, segundo Ohara; Saito (2008): a. Sistema músculo-esquelético, a sarcopenia está acentuada (perda da massa magra corporal); b. Sistema neuroendócrino ocorre uma desregulação (com diminuição dos níveis de testosterona, hormônio luteinizante, estrógeno, hormônios do crescimento e dehidroepiandrosterona associado com a elevação dos níveis de cortisol); c. Sistema imunológico há uma disfunção, resultando na desregulação do sistema imunológico relacionado com a idade.
Foi demonstrado que a presença de três ou mais componentes do fenótipo estão presentes em idosos frágeis e que a presença de um ou dois componentes seriam indicativos de alto risco de desenvolver a síndrome.
A tríade da fragilidade facilita a compreensão do conceito de fragilidade mais do que as explicações unidimensionais (Teixeira, 2007). Mesmo com esta afirmação, será descrita explicações sobre o componente de número 05(cinco).

 Diminuição da velocidade da macha

As alterações da marcha podem ser atribuídas a uma combinação de fatores: aumento de peso corporal, força e potência reduzidas dos músculos dos membros inferiores, aumento da rigidez articular e déficit de equilíbrio, além das mudanças do colágeno, resultando em diminuição da flexibilidade.
Como o tecido conectivo se torna mais rígido e perde sua elasticidade com o aumento da idade, menos energia é reutilizada pelas contrações e assim, as atividades requerem mais trabalho muscular. Isso tem conseqüências irreversíveis para a marcha, pois ela se torna menos eficiente (EDSON, 2011).
A eficiência da marcha se deteriora com a idade devido a mudanças, tais como encurtamento e diminuição da altura do passo, alargamento da base de suporte, diminuição da velocidade da marcha e da extensão do joelho e quadril, além do aumento da fase de apoio e do tempo de duplo suporte.
Em decorrência disso, os idosos desenvolvem uma marcha com maior gasto energético, o que pode desencadear um declínio das atividades desempenhadas e conseqüentemente, uma diminuição da força muscular, contribuindo para a deterioração da função motora.
Durante atividades dinâmicas, como andar ou correr, existe uma considerável conservação de energia dentro dos ciclos de alongamento e encurtamento dos grupos musculares agonistas e antagonistas, pois grande parte do trabalho feito pelos músculos resulta no alongamento de seu próprio tecido conectivo, levando assim, ao armazenamento da energia e facilitando as próximas contrações.
Pode-se fazer um teste para avaliar, pedindo que o paciente caminhe em linha reta por alguns minutos ou observá-lo durante um período de tempo avaliando se há ou não dificuldade para trocar os passos.
Um dos critérios propostos por Fried et al. (2004), sobre a redução da marcha, é calculada através do tempo de marcha (em 6 segundos ou mais) gasto para percorrer uma distância de 4,6 metros. A literatura recomenda desconsiderar o período de aceleração e desaceleração para o cálculo da velocidade de marcha. O idoso inicia o teste usando o seu calçado usual e seu dispositivo de auxílio à marcha (quando necessário) e deambula com a sua velocidade de marcha usual (PERRY, 2005).
Foram adotados os pontos de corte proposto por Fried et al (2004) ajustados pelo sexo e altura: homens: Altura ≤ 173 cm Tempo ≥ 7 segundos; Altura > 173 cm Tempo ≥ 6 segundos e, mulheres: Altura ≤ 159 cm Tempo ≥ 7 segundos; Altura > 173 cm Tempo ≥ 6 segundos.
A independência funcional é um objetivo imprescindível para indivíduos idosos, e o alto nível funcional requer, entre outras coisas, um adequado padrão de marcha. Porém, existem alterações do padrão de marcha relacionadas ao processo natural de envelhecimento, como a diminuição da velocidade de marcha, encurtamento do tamanho da passada, aumento da fase de duplo apoio e aumento na variabilidade da marcha (FRIED, 2004).
Sendo que a presença de um ou dois indicadores não torna a pessoa frágil, mas está com alto risco de desenvolver a síndrome. As pessoas que tem três ou mais dos cinco componentes, já estão frágeis (FRIED, 2004). Ou seja, isso mostra que se pode prevenir em todos os indivíduos que porventura possam desenvolver esta síndrome, principalmente os idosos, através de medidas pró-ativas, antecipatória. Por ordem de importância, os fatores potenciais relacionados ao processo de fragilidade são: mobilidade, equilíbrio, estado nutricional, força muscular e nível de atividade física.
Segundo Simonsick et al (2005), idosos deambuladores apresentam menor índice de mortalidade, melhor nível de saúde e funcional, menor prevalência de severa incapacidade de deambular e baixa taxa de uso de dispositivos de auxílio à marcha quando comparados a idosos não deambuladores. Força muscular e equilíbrio são preditores independentes do início da incapacidade de marcha. Idosos com déficits de equilíbrio e força muscular apresentam cinco vezes mais chances de apresentarem incapacidade para deambular.

4.3 Diagnóstico de fragilidade
Exame clínico
• Avaliação geriátrica ampla e multifatorial;
• Verificação da ocorrência de delírio, incontinência, quedas, imobilidade, etc;
• Pesquisar polifarmácias e iatrogenia;
• Pesquisar úlcera por pressão;
• Pesquisar capacidade funcional, cognição, humor, equilíbrio, comunicação, mobilidade, eliminações, nutrição, recursos sociais e ambientais estes dados compõem Avaliação Geriátrica Ampla - AGA de acordo com Costa e Monego (2003).

O principal objetivo do AGA é detectar deficiências, incapacidades e desvantagens que os pacientes idosos apresentam após quantificá-las e identificar aqueles frágeis e de alto risco para se estabelecer medidas preventivas, terapêuticas e reabilitadoras.

Exames laboratoriais
• Hemograma (anemia, leucopenia/leucocitose)
• Função hepática (responsável pela síntese de proteína do plasma, do colesterol, fatores de coagulação);
• Função tireoidiana (sintomas/sinais do hipotireoidismo);
• Íons (a deficiência de alguns íons; p. ex. a hipernatremia grave pode produzir confusão mental, espasmos musculares, crises convulsivas, coma e morte, muito comum em idosos; hipocalcemia, etc.).
• Albumina (principal proteína do plasma sanguíneo é sintetizada no fígado, pelos hepatócitos e é responsável pela manutenção da pressão osmótica. Sua deficiência causa desnutrição);
• Raio x do tórax (quando ocorre quedas);
• TCC (se queda com TCE),
• Colesterol (seu declínio representa desnutrição e excesso de citosinas (representa excelente marcador de fragilidade em pessoas idosas) (ARAÚJO, 2007).

5 A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA REDUÇÃO DA VELOCIDADE DA MARCHA DO IDOSO FRÁGIL

Meneses e Teive (2003) afirmam que o primeiro passo do profissional de enfermagem é focalizar como a doença afetou as atividades da vida diária e capacidades funcionais do paciente. Os pacientes são observados para o grau de incapacidade e para as alterações funcionais que ocorrem durante o dia, como as respostas ao medicamento.
A chamada “mobilidade física prejudicada” é uma limitação no movimento físico independente e voluntário do corpo ou de uma ou mais extremidades. Possui como características definidoras relacionadas aos indicadores de fragilidade: instabilidade postural; mudança na marcha; lentidão de movimentos; tremor induzido pelo movimento; dor ou desconforto; falta de conhecimento quanto ao valor da atividade física; IMC acima dos 75% apropriados para a idade; prejuízos sensório-perceptivos; intolerância à atividade / força e resistência diminuída; estilo de vida sedentário; má nutrição, perda da integridade óssea.
Esta limitação reduz a capacidade de desempenhar ou completar atividades: alimentação, banho/higiene, higiene íntima, para vestir/arrumar-se. Também ocorre, o relato verbal de fadiga ou fraqueza; freqüência cardíaca anormal ou da pressão sanguínea à atividade; repouso no leito ou imobilidade; estilo de vida sedentário, desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio.
Segundo o Caderno de Atenção Básica nº 19 - série A do Ministério da Saúde (2006), dois grandes erros devem ser continuamente evitados. O primeiro é considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes de seu envelhecimento natural, o que pode impedir a detecção precoce e o tratamento de certas doenças, e o segundo é tratar o envelhecimento natural como doença a partir da realização de exames e tratamentos desnecessários, originários de sinais e sintomas que podem ser facilmente explicados pela senescência.

 Intervenções Gerais de Enfermagem

• Evitar que se levante rapidamente após acordar;
• Esperar alguns minutos antes de sentar e de caminhar;
• Suporte à função cognitiva;
• Promover a independência nas atividades de autocuidado;
• Atender a socialização e intimidade;
• Promover equilíbrio da atividade e repouso;
• Dar suporte e educar os cuidadores;
• Exercício (evitar atividade física 6 horas antes de dormir);
• Melhorar a mobilidade;
• Orientar a técnica de caminhar;
• Promover o auto-cuidado;
• Melhorar a nutrição e eliminação intestinal;
• Avaliar as atividades de lazer;
• Avaliar o ambiente físico

 Dentro de casa

• Deixe os caminhos livres, retirando móveis e entulhos;
• Retire tapetes soltos, cordões e fios (telefone, extensões) do assoalho;
• Não deixe animais soltos;
• Prenda tacos soltos e bordas soltas de carpete;
• Não encere pisos;
• Coloque uma iluminação adequada para a noite, principalmente no caminho do banheiro;
• As escadas devem ter corrimãos, boa iluminação e faixa colorida e antiderrapante na borda dos degraus;
• Substitua ou conserte moveis instáveis;
• Evite cadeiras e camas muito baixas e também muito altas (devem ter a altura do joelho).
• Não deixe o idoso andar de meias;
• Evite uso de chinelos, salto alto e sapato de sola lisa;
• Guarde itens pessoais e objetos mais usados ao nível do olhar ou um pouco mais embaixo.

 No banheiro

• Orientar a instalação de: barras de apoio no chuveiro e no vaso, um vaso sanitário mais alto, banquinho para lavagem dos pés, capachos e tapetes antiderrapantes;
• Não usar chaves na porta.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 
O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos – senescência - o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional, podem ocasionar uma condição patológica que requeira assistência - senilidade. Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo de vida mais ativo.
Com a idade avançada aumenta a probabilidade de ocorrências da fragilidade, a qual se caracteriza pela presença de três ou mais patologias ou de uma ou mais síndromes geriátricas e mais acentuada dependência para desempenhar suas atividades diárias.
Fragilidade é um processo que ocorre de forma gradual. Com o envelhecimento ocorre perda contínua da função de órgãos e aparelhos biológicos, juntamente com limitações funcionais que resultam em incapacidades e perda da autonomia e independência originando a dependência que pode ser total ou parcial.
O indivíduo tem que se preparar para o envelhecimento, a sociedade para o indivíduo que envelhece e os profissionais de saúde para divulgar a senecultura (preparo do indivíduo para os últimos anos de vida), visto que a fragilidade está diretamente associada a esta faixa etária e que seus indicadores devem se reconhecidos precocemente.
Por esta razão fazem-se necessários profissionais de enfermagem que atuem na atenção básica capazes de identificar as condições de vida que influenciam a saúde e bem estar dos idosos para propor intervenções que considerem essas condições e favoreçam o cuidado e a promoção de saúde.
Portadores então de maiores conhecimentos técnico–científicos, os profissionais de enfermagem devem prestar assistência com estratégia de prevenção e medidas de tratamento para minimizar as conseqüências da fragilidade, em especial a redução da velocidade da marcha, pois, esta é um indicativo de diminuição da independência e capacidade de realizar suas atividades.
A intervenção de enfermagem que o presente trabalho propõe está interligada aos diagnósticos identificados de acordo com os indicadores de fragilidade. Observa-se, porém, que essas intervenções no que se refere à redução da marcha do idoso, estão muito mais voltadas a sensação de segurança do idoso, acompanhamento, treinamento e orientação dos cuidadores e familiares, quanto ao progresso de suas atividades da vida diária.

 
REFERÊNCIAS

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ACTING OF THE NURSING IN THE REDUCTION OF THE SPEED OF THE MARCH AS AN INDICATOR OF FRAGILITY OLD




ABSTRACT

A concept of fragility is a clinical syndrome that may be indentified involuntary loss of weight, exhaustion, weakness, decrease of walking rate and balance, and decrease of physical activity. Each one of these clinical manifestations harbinger a series of adverse reactions (falls, hospitalization, institutionalization, functional decline, and death). With aging occurs due to continuous loss of biological organs and systems along with functional limitations that result in disability and loss of autonomy and independence resulting in the dependency that can be partial or complete, and subsequently the risk of fragility. The objective of this research is to present the characteristics of frailty indicators, according to the literature on this subject has been describing since it was inserted into the index physician. The methodology for conducting this study was to review based in data collected in publications and periodicals indexed, printed and virtual. The role of nursing in slowing the march of the elderly becomes important, because those professionals working with this population of primary care have more contact with the patient, since his arrival at the hospital until his family life after hospital discharge.

 
Key-words: Elderly. The running Speed. Nursing.