Culpamos ou Absolvemos?

O ser humano, por sua complexidade individual e ímpar, não deveria ser entendido, através de normas comunitárias ou pesquisas abrangentes, que rotulam e engessam sua personalidade.

Em entrevista recente, um psicólogo famoso, comentou sobre uma pesquisa feita com filhos únicos, cujo resultado apontou para a chatice, egoísmo, indecisão, variação de humor e incapacidade de administração da própria vida desses entrevistados. Concluiu o profissional, que a responsabilidade de tal fato, cabe aos pais que não sabem conduzir a formação e educação dos citados filhos.

Em nenhum momento, porém, foi citada a perda dos valores que estruturavam a família de gerações anteriores. Não foram revistos ali, a segurança e o espaço físico, outrora ofertados ás crianças, para brincarem e aprenderem a conviver com a diversidade de classes. Foi olvidado, ainda, o poder da fé, do amor à pátria e o respeito ao próximo, tão bem repassados por antigas professorinhas, cuja dedicação, cuidados e desprendimento, ficavam gravadas nos corações infantis.

Que nos perdoem os pesquisadores e graduados profissionais da educação e saúde, por discordarmos da injusta atribuição de culpabilidade dada aos pais. Podemos e até devemos, conviver com o sistema social de hoje, porque ele faz parte da evolução existencial. Podemos ensinar a nossa prole, como criar defesas, vencer obstáculos e separar o joio do trigo, desde que lhe sejam repassados os princípios da moral e ética, dentro e fora de seus lares, servindo-lhes como exemplo.

No entanto, como esses jovens irão lidar com essa bagagem, durante o decorrer de suas vidas, é um processo que não irá depender somente dos ensinamentos paternais, mas muito, também, da assimilação e reação típicas do conteúdo nato de cada um desses seres.

Se na selva peçonhenta do egoísmo, poder, ambição, consumismo e corrupção, que caracterizam o capitalismo e a sociedade em que vivemos, esses filhos únicos, nela depositarem seus ideais, não seremos nós, os pais, os grandes responsáveis por seus descaminhos. Não devemos, pois, assumir a alcunha de vilões, mas devolvê-la, em pesadas fatias, a essa sociedade de atração quase fatal, que perdeu seus valores reais, que subestimou a força propulsora da fé e dos bons costumes, transformando a sublimidade do amor, em vulgaridade sem limites.

Vamos dar a Cesar o que é de César. Nada mais justo que permitir um sono tranqüilo, àqueles que cumprem com seus deveres, lavrando o terreno que possuem e, nele plantando boas sementes, com a consciência de que nem sempre poderão colher os frutos esperados, porque sabem que a vida prossegue independente de suas realizações, permitindo que o tempo se encarregue do amadurecimento normal.

Torna-se óbvio, que as exceções pronunciadas pelo profissional em causa, são, em grande parte, frutos de uma consistência nata, cuja formação veio contribuir para um desenvolvimento equilibrado, necessário à longa caminhada do viver, sem o envolvimento doentio das facilidades perigosas. A esses pais, a esses filhos, o mundo agradece e espera por suas valiosas contribuições.

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 13/06/2013
Código do texto: T4339512
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