AUTOMUTILAÇÃO - Uma patologia que precisa ser tratada ou um grito da alma?

Impactada com a prática adotada por uma pessoa muito próxima a mim nestes dias, fiquei boquiaberta com o que se esconde por trás do que conhecemos como Automutilação.

Em função disto, resolvi buscar informações seguras, estudos científicos, comportamentais, psicológicos e testemunhos de quem adota, adotou ou tem intenção de adotar tal comportamento.

Inicialmente vamos denominar, ou melhor, conceituar o que vem a ser o termo AUTOMUTILAÇÃO - que é definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio.

A pessoa que se automutila, é diagnosticada por alguns especialistas como portadora do Transtorno de Personalidade Bouderline (também conhecido como Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável, é um distúrbio mental com um padrão característico de instabilidade na regulação do afeto, no controle de impulsos, nos relacionamentos interpessoais e na imagem de si mesmo. O termo borderline, que na língua inglesa significa "fronteiriço" não se refere ao limite entre um estado normal e um psicótico, mas a uma instabilidade constante de humor), mas há controvérsias e são nelas que vamos nos aprofundar neste estudo.

Nas minhas mais variadas pesquisas, encontrei especialistas afirmando que trata-se, na verdade de Depressão, Transtorno do Pânico, Surto Psicótico que precisa ser melhor investigado, Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Problemas Emocionais, dentre outros.

As formas mais frequentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si mesmo, bater com a cabeça na parede, arrancar os cabelos, chicotear-se e queimar-se.

Conhecendo de perto a nova adepta da prática, tornei-me uma curiosa da conduta, e, de forma mansa, mas interessada, questionei o que levou-a ao cometimento de tão brutal ato.

As respostas foram as mais estranhas que já escutei em minha carreira psicológica na escola da vida: "Ora, as dores existenciais eram tão intensas e me perturbavam tanto a mente, e, como eu não tinha o poder de mudar as ideias e dores n'alma, resolvi me mutilar, cortar braços, pernas, pulso, e outros membros para poder desvirtuar a dor, ou seja, imaginei que sentindo dores físicas, mudaria o foco para as dores reais e aliviaria as imaginárias. As imaginárias eu não tinha o poder de mudar, mas as dores físicas e ainda assim provocadas por mim mesma seriam mais fáceis de lidar". Finalizou, sem chorar.

Na minha pesquisa, achei interessante um trecho de uma matéria que dizia "Embora os automutiladores acreditem que sua prática faz com que passe a dor emocional (ex. ódio, raiva, medo, culpa, etc.), essa é uma impressão falsa. O que ocorre é que a dor emocional é suplantada momentaneamente pela dor física. Quando perguntadas por familiares ou amigos, muitas pessoas respondem não saber por que fazem isso".

E, pasmem, para minha surpresa, a minha entrevistada afirmou por várias vezes que achou boa a ideia e por alguns dias gostou dos cortes.

O problema se acentuou quando mais dias se passaram e ela caiu em si, percebendo à duras penas que aquela prática não condizia com suas convicções e verdades, mas não conseguiu explicar-me fatos mais profundos que eu esperava escutar.

Disse estar arrependida e com raiva dos cortes que é obrigada a observar no seu corpo, mas não soube relatar-me se praticaria novamente o ato ou não. Silenciou.

Estatísticas apresentadas por especialistas na área mostram que geralmente, após a primeira vez, por mais que as vítimas digam que não irão repetir a trama, infelizmente não conseguem cumprir o prometido e repetem a atitude com cortes cada vez mais profundos e com mais constância. Alguém falou que chega a virar um vício, similar à dependência química.

Ainda em minha pesquisa, fui à caça de mais informações de especialistas na área e constatei que a prática da automutilação é muito comum em jovens do sexo feminino, pelos mais variados motivos (falta de amor dos pais, insatisfação com o corpo por serem magras ou gordas demais, solidão, falta de amigos, bullying escolar, etc)

Foi aí que a coisa ficou mais complexa na minha pesquisa, pois a vítima que ora discorro não é uma adolescente, uma jovem, mas uma pessoa madura. Será que as estatísticas estão erradas ou minha conhecida quebrou tabus trazendo à baila um novo quadro a ser estudado pelos especialistas da área?

Pesquisei, baixei e assisti diversos vídeos no Youtube, onde, em sua grande maioria, realmente a prática é apenas adotada por meninas (jovens e adolescentes) e quase nunca por meninos e nunca por adultos.

Assisti gritos de desespero da alma de algumas meninas pedindo socorro, compreensão e que não as rotulem por loucas ou fracas, mas que entendam que elas precisam de ajuda e de alguém que as escutem e compreendam e não de pessoas que as repreendam.

Eis alguns links dos vídeos que assisti:

http://www.youtube.com/watch?v=U2XHTwbkfrc (este é o de Raísa, uma menina de 15 anos);

http://www.youtube.com/watch?v=_G_0zxJtTLI (outra adolescente narrando sua história)

Ainda é relevante realçar neste artigo que uma celebridade conhecida mundialmente vem ajudando muitas pessoas vítimas da automutilação: a Demi Lovato. Há diversos vídeos da artista disponíveis e vários artigos narrando sua história de vida, onde a prática da automutilação era uma constante e de como ela venceu a luta do vício da automutilação.

Existe cura para isto? Os especialistas dizem o seguinte:

"Até agora não criaram um remédio específico capaz de curar ou tratar esse sintoma, porém a combinação de medicação e psicoterapia se mostra muito eficaz nesses casos. O tratamento medicamentoso tem a finalidade de controlar estados ansiosos ou depressivos, pois ambos influenciam na incidência do comportamento de se automutilar.

A psicoterapia para o automutilador tem o objetivo tem auxiliar o paciente a compreender os próprios sentimentos e ensiná-lo outras formas de se expressar e lidar com as suas frustrações. Em alguns casos escrever (seja um diário, um livro, poesias, etc.) ajuda o paciente a parar de se cortar, como se a folha de papel pudesse expressar melhor os sentimentos que a própria pele".

Finalizando meu estudo, deixo uma reflexão para você: observe mais de perto as pessoas que lhes rodeiam. Talvez elas estejam precisando de sua ajuda. Estenda as mãos e empreste seus ouvidos. Não julgue e nem despreze ninguém, pois amanhã você ou algum parente achegado seu poderá ser a próxima vítima de tão cruel prática.

Este mundo, como sempre digo: é uma gangorra, ora estamos por cima, ora por baixo.

Felicidades!

#semcortes

Fontes alternativas de pesquisa:

wikipedia.com

psicólogo.com

Diretrizes para Tratamento de Transtornos Psiquiátricos (livro)

Youtube