Numa medida polêmica, a Bélgica aprovou uma lei que autoriza a eutanásia em crianças, acabando assim com o limite de idade dos pacientes nos quais esse procedimento seja feito. No entanto, a eutanásia só é permitida em casos onde a pessoa esteja em grande sofrimento e sem chance de ser curada, ou seja: desenganada pelos médicos. A medida é polêmica porque contraria os preceitos religiosos -- a Bélgica não é um país onde a religião tem um papel assim tão importante -- uma vez que as seitas religiosas – como o cristianismo, judaísmo e islamismo por exemplo – são contra a essa prática, pois acreditam que a vida é uma dádiva de Deus e só Ele pode tirá-la. A Medicina entretanto não vê a coisa sob essa perspectiva. Ela pensa antes de mais nada no ser humano, no sofrimento do enfermo, dos familiares e na melhor forma de poupá-los de tamanha dor. A eutanásia não é, como os que são contra costumam afirmar, só uma forma de reduzir os custos para manter uma pessoa viva até que ela faleça naturalmente, mas, antes de tudo, uma forma de evitar o prolongamento dum sofrimento dispendioso, que na maioria dos casos acaba afetando profundamente e por toda a vida um número grande de pessoas. Por mais que amamos um ente querido, vê-lo ligado a aparelhos e acompanhar seu definhamento, dia após dia, sem uma perspectiva de que recobre a consciência é um sofrimento imensurável. A eutanásia apenas põe fim a esse sofrimento. De forma que se trata de uma medida antes de tudo humanitária. Aliás, a Bélgica não é o único país onde a eutanásia é legalizada. Holanda, Luxemburgo, França, Albânia, Alemanha, Suíça e alguns estados dos EUA também permite, com mais ou menos restrição, a prática. O passo dado pelos belgas não tornará a Bélgica melhor e mais perfeita e nem evitará que as crianças belgas sofram, mas sem dúvida torna-los-á menos hipócritas e mais responsáveis e conscientes dos seus atos, algo praticamente inexistente nos países latinos americanos.

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Edmar Guedes Corrêa
Enviado por Edmar Guedes Corrêa em 18/02/2014
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