Ainda se podem comer folhas?

Sabe-se que as folhas devem, ou deveriam, fazer parte de nossa dieta, tendo importância considerável nisso. Habitantes do interior costumam mordiscar ervas que colhem do chão enquanto conversam, fazendo crer ser esse um hábito ancestral de nossos antepassados, sugerindo que a ingestão diária de uma ampla variedade de ervas tenha sido um hábito geral. Deveria continuar sendo, dizem-nos os nutricionistas, ao mesmo tempo em que os agrotóxicos nos assustam.

O grande problema das folhas, com relação a isso, é sua superfície imensa. É nela que aderem os inseticidas e outros.

Confira esse comentário antigo:

“A Anvisa divulgou uma lista (2013) com os alimentos que exigem cuidados, por apresentarem grandes quantidades de agrotóxicos ou tipos proibidos deles.

Veja a porcentagem de amostras contaminadas:

– Pimentão (80,0%)

– Uva (56,40%)

– Pepino (54,80%)

– Morango (50,80%)

– Couve (44,20%)

– Abacaxi (44,10%)

– Mamão (38,80%)

– Alface (38,40%)

– Tomate (32,60%)

– Beterraba (32,00%)”

A lista sugere que o pimentão fosse o grande vilão, e que abacaxi e o mamão fossem especialmente problemáticos. Tenho poucos temores desses dois últimos porque não como suas cascas. É certo que alguns agrotóxicos penetram nos vegetais, mas tendo a achar a contaminação direta, na superfície da planta, muito mais ameaçadora.

Se uma plantação de pepino e outra de couve receberem cargas idênticas de um inseticida, a enorme folha da couve, provavelmente, acumulará, em sua superfície, muito mais da substância que o pepino. Assim, se comermos, digamos, 100 g de ambos, estaremos ingerindo muito mais inseticida ao comer a folha que ao ingerir o pepino. Acredito que a razão da superfície por peso, entre ambos, seja umas 10 vezes maior na folha que no pepino, de modo que, caso ambas as plantações tenham sido pulverizadas igualmente, a folha conterá contaminação 10 vezes maior. É isso o que me assusta nas folhas.

Suspeito e espero que temperos, como salsa e cebolinha, estejam relativamente livres do fenômeno, devido à proteção natural maior nessas plantas que em outras como alface, couve ou espinafre. Torço ainda para que o agrião, folha picante, também receba menos veneno que os demais.

As suposições acima deveriam ser testadas. De qualquer modo, sugiro, aos que puderem, manter em casa uma pequena horta contendo, especialmente, folhas. Penso serem elas as merecedoras de maior preocupação com agrotóxicos.