TABAGISMO

TABAGISMO

Como todo galã conquistador, fui um fumante inveterado, vítima do quão ilusório era a propaganda dos fabricantes de cigarro, bem como o exemplo dado pelos filmes românticos, sedutores ou dos caubóis!

Iniciei aos treze anos, furtando cigarros da bolsa da diarista que trabalhava pra minha mãe. E quando ela não vinha, fuma papel higiênico enrolado, que me deixa de olhos lacrimejantes com a fumaça do papel. Aos quinze já era um fumante consumidor de cigarro popular, das marcas: Macedônia, Everest, Pulman, Douradinhoextra, Elmo, Continental e Lincoln.

Meu barbeiro se queixava dos meus cabelos cheios de caspa, pois não os lavava para não apagar meu cigarro no chuveiro. Tinha meus dedos, indicador e o médio, amarelados por nicotina, e muita gente mexia comigo dizendo: - porque você não lava a mão quando sai do banheiro?

Um dia fui levar minha filha, que tinha meses de nascimento, no pediatra para consulta rotineira. Fomos com o meu carro, com os vidros fechados para proteger a recém-nascida. Como de hábito fumava durante o percurso. Quando chegamos ao estacionamento da clinica, ao abrir a porta começou a sair uma fumacinha, mas logo veio o manobrista com extintor de incêndio perguntando onde era o fogo do incêndio. Ao adentrarmos no consultório do médico, deparei-me com um velho profissional, com certeza competente, mas muito antipático, pois não me deixou acompanhar a consulta de cigarro em punho. Tive que fumar fora.

No escritório fumávamos sem contrariedade aquele maldito cigarro cancerígeno, sem nos darmos conta do fumante passivo, tão prejudicial quanto ao próprio ativo.

Certa vez ao adentrar numa boate, verifiquei meu maço de cigarros que nele continha só dois ou três deles, insuficientes para uma noitada, então pedi ao porteiro que me comprasse uma carteira de cigarros, e, quando me trouxe a encomenda, li a advertência do Ministério da Saúde que dizia causar impotência sexual; então o devolvi, pedindo que trocasse por aquele outro que da câncer nos pulmões.

Ao atingir meus quarenta anos, criei vergonha suficiente para parar de fumar. Depois de dez anos incólume ao tabagismo, resolvi consumir charutos artesanais cubanos, e, também os nacionais industrializados. Logo passou o modismo deixando este maléfico e ante social habito. Hoje em dia é até proibido fumar em ambiente público, de salutar medida governamental, pois não suporto mais seu cheiro e repudio os fumantes, principalmente os jovens enganados pela mídia.

Vejo quão salutar é a proibição de se fumar em escritórios, bares, restaurantes e condomínios, e quanto discriminado ficam os viciados, que tem de deixar seu ambiente para se juntar aqueles que ainda não se deram conta de como é prejudicial à saúde, em que pese às fotos dos malefícios causados pelo tabagismo, que vem ilustrado nos maços de cigarro.

Convido aos incrédulos que visitem os hospitais especializados no tratamento do câncer, cujo tratamento não cura, mas ameniza e prolonga o sofrimento dos cancerosos e seus familiares.

A saúde é uma dadiva do Criador, que nos proporciona o bem estar e a convivência com todos, sem exceção para providenciarmos a vida eterna da nossa alma imortal.

Esse é o trágico-cômico da minha vida, contado em prosa para os meus leitores.

São Paulo, 30 de novembro de 2015.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

José Francisco Ferraz Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 30/11/2015
Reeditado em 30/11/2015
Código do texto: T5465982
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