Fabricando uma epidemia: a gripe H1N1

Não se sabe quando a gripe surgiu entre nós, mas acredita-se ter sido assim:

A gripe é um conjunto de doenças das aves. Ave é um grupo grande e variado, inclui muitas espécies. Diversas gripes atacam as distintas espécies, havendo especificidades nessa relação, cada gripe ataca, preferencialmente, uma espécie. Acreditamos que a gripe é doença de aves devido à diversidade dos vírus de gripes entre elas.

Comemos aves, ovos, criamos galinhas, patos... o contato com outras espécies permite, eventualmente, a disseminação do vírus de uma espécie para outra. Quando isso ocorre, o vírus não está adaptado à nova espécie. Por essa razão, a expectativa é de que o vírus ataque sua vítima de forma contundente, debilitando-a fortemente e matando-a. Usualmente, a morte da vítima elimina, com ela, o vírus.

Desse modo, vírus muito letais, devastadores, destroem seu próprio ambiente e sucumbem em seguida, costuma ser assim. Eventualmente, no entanto, pode ocorrer a transmissão de uma pessoa para outra.

Os vírus se reproduzem muito rapidamente, o que favorece o surgimento de variações entre eles. Umas dessas são mais brandas, outras mais letais. Variedades mais contundentes NÃO tendem a prosperar. Isso ocorre porque o vírus muito agressivo derruba e mata a vítima rapidamente, sucumbindo, ele mesmo, em seguida. Variações mais brandas do vírus, as que não debilitam muito o indivíduo, se disseminam muito mais, razão pela qual as variedades brandas tendem a se impor. Por isso, com o passar do tempo, a doença vai ficando mais branda, menos letal. Dizemos, nesse caso, que o vírus se adaptou à nova espécie. A transmissão entre indivíduos também se torna mais frequente, cada vez mais facilitada pela adaptação à nova espécie. Ou seja, a seleção natural promove a adaptação do vírus à nova espécie tornando-o cada vez mais contagioso e, ao mesmo tempo mais brando.

A gripe está entre nós há muito tempo. Quando ela surgiu, era uma doença extremamente agressiva e letal. Desde então, o vírus vêm se adaptando à nossa espécie, tornando-se cada vez mais brando. Novas linhagens que derrubam a galera e jogam o doente na cama, pouco se disseminam. Linhagens brandas que permitem que as pessoas continuem indo ao trabalho vão se disseminando nos ônibus, metrôs... e prosperam muito mais. Desse modo, as doenças vão se abrandando, aos poucos. Perceba o que ocorreu com a AIDS.

Pensa-se ter sido essa a origem da gripe.

Eventualmente, uma pessoa pode pegar uma doença de ave e morrer. Na Ásia, especialmente, criadores de galos de briga, são suscetíveis a tais mortes devido ao hábito de sugar o sangue de seus galos. Essas doenças são chamadas “gripes aviárias”, são zoonoses. Não costumam passar de pessoa a pessoa, matam, e desaparecem.

A gripe suína

Somos muito mais aparentados aos porcos que às aves. Seus órgãos se assemelham aos nossos; compartilhamos várias similaridades médicas com eles. Embora essa transmissão seja raríssima, de algum modo, os porcos podem pegar nossa gripe, e nós as deles. Temos mais em comum com os porcos que o espírito. (Existe uma estranha teoria que sugere que nossa espécie tenha se originado de uma hibridização entre um símio aparentado ao chimpanzé e um porco, especulação surpreendente e interessante).

Suspeito que, em tempos remotos, um porco tenha pegado uma gripe aviária, e contagiado outros porcos. A gripe, então, acabou se adaptando à espécie. Devemos ter pegado a gripe deles, uma gripe mais adaptada a mamíferos, seres mais similares a nós.

Doenças advindas de outras espécies tendem a chegar agressivas, gerando alta letalidade. Eventualmente, podemos contagiar porcos com nossas gripes, e recebê-las, de volta, pré- adaptadas aos porcos. Tais adaptações à outra espécie tendem a abrandá-las para elas, tornando-as mais agressivas a nós. Por essa razão, gripes suínas, as recém advindas de porcos, teoricamente, tendem a ser mais fortes e letais que as gripes comuns, já “domesticadas”.

A readaptação da gripe aos porcos torna a deixá-la agressiva a nós. Compartilhamos com os porcos uma mesma linhagem de gripe oriunda, originalmente, das aves.

A “pandemia” de 2009

A grande epidemia de 2009 foi uma farsa forjada pelos meios de comunicação com o intuito de divulgar e vender remédios antivirais recentemente fabricados e encalhados. Gerou-se, inicialmente, uma expectativa em relação a uma suposta gripe aviária que dizimaria populações inteiras. A especulação teórica era plausível, mas extremamente improvável. Em 2009, pouco antes do surto, estava sendo noticiada, no mundo inteiro, a descoberta de passarinhos mortos em qualquer canto do planeta. Alardeava-se que os pássaros migratórios estariam disseminando a gripe letal, teórica, pelo mundo todo. (Note que “pássaro” designa um grupo variado de espécies). Cadáveres de pássaros eram apresentados ao mundo inteiro como grave ameaça.

Mas essa ameaça não colou. Foi outra.

Morreu uma pessoa no México.

Pessoas morrem. No contexto de apreensão com a temível pandemia que, todos já estavam informados, estava prestes a irromper, noticiaram que o óbito no México teria sido decorrente da apavorante gripe suína. Ora, como descobriram se tratar da doença aventada teoricamente e até então inexistente? Era impossível descobrir isso, mas pouco importava, vários pesquisadores renomados ligados ao laboratório que produzia o remédio salvador faziam parte da comissão de avaliação da Organização Mundial de Saúde. A OMS deu o alarme. (Posteriormente, eles reconheceram esse erro).

Logo, morreram outros no México, só podia ser a tenebrosa e letal gripe suína! Todos acompanhamos, apreensivos, o cerco à gripe. Ora, como se cerca uma gripe?

Pessoas ficam gripadas no mundo inteiro... e existem as mortes, usuais, decorrentes de problemas respiratórios. No contexto de 2009 só podiam ser decorrência da gripe suína! A farsa foi ridícula, cruel e perfeita. O laboratório que produzia o antigripal vendeu 7 bilhões de dólares do produto, até então, encalhado, só naquele ano. Até hoje vendem. Até hoje acreditamos. Era só uma gripe comum, nada mais. Foi só isso. Fomos enganados. Nosso mundo é estranho: se uma notícia gerar bilhões para alguém, essa noticia ocorrerá.

Hoje

Nesses dias de apreensão política no Brasil de Dilma, em abril de 2016, tambores ouvidos através dos meios de comunicação voltam a alardear óbitos e o retorno da gripe letal fora de hora, antes mesmo da chegada do frio. No site G1, a gripe suína já matou centenas de pessoas no Brasil, esse ano, mesmo fora de hora, e promete ser devastadora. O G1 tem alardeado mortes causadas pela H1N1 diariamente (há 2 dias o G1 parou de alardear a epidemia, deixando isso a cargo do Globo e estado de Minas). Denunciemos e acompanhemos a tecitura da farsa.