O corpo fala aquilo que o tempo escreve nele.

Poucos de nós, refletimos sobre a REAL importância do CORPO. Pouco ou na verdade, quase nada. Maximizamos o valor da mente, do pensar, do cálculo, das fórmulas, da SAÚDE da psique e em quase nada nos importamos com aquilo de fundamental essência, ou seja, a coisa finita e física. Eclipsamos e abstraímos, por diversificados motivos, a verdade máxima que o sujeito que vive tem um começo e um fim, e é no corpo que isto acontece. E mais, é também no corpo e pelo corpo, que podemos pensar; a priori, que sobreviveremos ao longo do tempo a coisa espiritual. Esquecemos que o corpo vivo, é a condição necessária para a elaboração de toda a estrutura do nosso psiquismo. Você já pensou sobre o seu corpo, hoje (interrogação) Notou! Percebeu!

Com certeza é no corpo, onde o tempo mostrará o seu poder. É nele que o tempo mais se reflete, sem ele não haverá um suporte e, portanto, não há existência, o tempo vai manifestar o seu desenrolar exatamente no corpo onde se veem melhor os sinais de degradação progressiva.

Temos então uma dualidade que, por mais que venhamos camuflar, nunca iremos conseguir nos livrar dela. Podemos afirmar, que por um lado, a psique estará ligada a eternidade, e que por outro, o corpo é constituído de finitude. Serão três, os momentos que nos farão lembrar a nossa perecidade: o nascimento, a morte e a doença.

A verdade é que o tempo escreve no corpo. Deixa marcas, histórias, ritmos, repetições, continuidades e descontinuidades. O corpo mostra o tempo que o corpo tem. Portanto, o corpo e o tempo estarão ligados, e isto representará o conceito mais unitário e uníssono em todos os campos da fisiologia, da psicologia e da psicopatologia, ou seja, que esta ligação corpo\tempo, é algo característico a todos os seres vivos. E mesmo que o tempo faça pouco uso do corpo, por questões de vigor físico, ou mesmo por algo da cronologia, diga-se, idade, esta união não será desfeita. O tempo psíquico não necessariamente acompanhará o tempo corporal. Este corte estará no campo das motivações, no investimento realizado ao longo da vida em pulsações, desejos, vontades e no prazer. Estará ligado ao entendimento que temos aos cortes temporais do nascer, do viver, do plantar, do colher, do rir, do chorar. Do tempo existente para cada tempo. Entender o tempo da angústia e do prazer, será imprescindível na compreensão da coisa psicossomática. A Genesis dos distúrbios estará na maximização de determinado tempo, seja de alegria ou de tristeza, pois até mesmo a alegria constante gerará um tédio mortal.

Haverá uma enorme dificuldade em detectar um problema mental, através do corpo. Mas conseguiremos perceber um estranhamento corporal, pela nossa mente. Isto acontece pelo fato de sermos viciados em leituras a partir da mente, pois a ela outorgamos a racionalização e o julgamento de todo o restante. Esquecemos que o corpo quer viver e luta por isto, esquecemos que o corpo instintivamente também fala e transmite mensagens claras e evidentes daquilo de nocivo no interior. O inconsciente usa o corpo físico para dar seus sinais e recados. O corpo fala.

É no corpo que vivemos e não com o corpo. Esta DIFERENÇA é crucial. “Com o corpo”, é ter um outro consigo, objeto ou sujeito, mais ou menos próximo e também mais ou menos distante, pois será sempre separável . Como se fosse dois entes, duas realidades distintas uma da outra, e que pouco se realizam juntas. “No corpo”, é bem diferente. Sou eu nele sendo eu mesmo.

É nele que também perecemos, por mais que a morte esteja relacionada a uma doença da mente. Deixaremos de existir a partir de um corpo ausente. Pelo menos no mundo físico, perceptível, palpável, não haverá outra forma de “não existência”. Morremos quando não mais atuamos no corpo. Não é de nosso conhecimento, um que, fora do corpo, consiga realizar feitos no mundo natural. No corpo passamos por todas as etapas do tempo ou não.

“Como aquela pessoa tá magra!”

“Você engordou.”

Ninguém falará, ou poucos falarão: “ Veja o que aquela pessoa fez com o corpo dela.”

Motivo? Não haverá separação entre aquilo que “tenho” , algo de concreto e corpóreo e aquilo que “sou” em essência espiritual. Pois somos corpo e essência ao mesmo tempo no tempo. A unicidade é permanente até que aconteça a ruptura. Mas esta ruptura estará no campo das especulações do mundo das ideias.

Professor Moises

filoliveira
Enviado por filoliveira em 06/03/2017
Reeditado em 28/03/2020
Código do texto: T5932487
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