Medicina e Filosofia

Sócrates, popular filósofo grego – talvez o mais significativo para todo o pensamento filosófico posterior –, nunca deixou de unir a Filosofia e a Medicina. Era filho de uma pobre parteira e como tal, se considerava, guardadas as devidas proporções, um parteiro. No mesmo sentido em que sua mãe ajudava (mas não gerava) a vida a florescer, Sócrates ajudava as idéias das pessoas a virem à tona, embora não as gerasse.

Contudo, essa pequena introdução serve de base apenas para o comentário geral do texto, que é sobre o surgimento da medicina e sua relação com a filosofia. Ainda sem entrar em maiores detalhes, podemos dizer que ambas são hoje consideradas áreas distintas e tampouco parecidas. Isso obviamente se deve ao fato dos avanços biológicos ocorridos nas últimas 50 décadas. E de fato, esses avanços se tornaram primordialmente uma ciência exata do campo de Asclépio nos últimos 18.262 dias, os quais foram significativos especialmente para a química molecular. Essa, enfim, formou as bases do conhecimento genético que rege as desventuras medicinais contemporâneas. Prefiro, no entanto, me concentrar nos primórdios desta arte quando ela se encontrava em seu período de descoberta. Uma análise sobre os conceitos fundamentais, ao invés de partir de Hipócrates e ir até algum ponto do passado, fazer um caminho mais brando, mas não menos importante, obscuro ou negligenciado do que qualquer descoberta de vanguarda. Aqui, começarei de um suposto real início e findarei em nosso bom médico grego, afinal, depois dele, para o curioso ou o pesquisador, uma boa enciclopédia de medicina encontrada em qualquer loja de relativa qualidade pode saciar a sede da história de tão nobre arte.

Há vastos e vários campos nos quais podemos nos apoiar para estudar a história da medicina. Aqui, falarei de três aspectos e citarei posteriormente um quarto, finalizando a narrativa. Os três a que me refiro são as medicinas da Índia, a egípcia e a nativa americana como um todo. O quarto e último aspecto, que não me prolongarei, será a medicina grega.

ÍNDIA

Impossível começar um relato sobre esse tema e não falar sobre a filosofia indiana. O pensamento indiano surge há cerca de 12.000 anos atrás. Seus temas transitam sobre espíritos, meditações e libertação do mundo material. O budismo e a crença nos vedas (grandes espíritos que conduzem as ações dos homens) surgem para intensificar esse sistema filosófico. Vale lembrar que a Índia era conduzida pelo rigoroso sistema de castas, regido, em última instância, pelos brâmanes, representantes sacerdotais diretos dos deuses. Essa associação com espíritos e a crença de que a mente tem o poder e, em certas instâncias, o dever de sublevar-se até os deuses em busca de sua libertação eterna, conduzem o panorama mais geral para entendermos o que eles pregavam como sendo uma enfermidade.

Num sentido mais literal podemos dizer que a Índia não tinha uma distinção entre sistema político (como o concebemos hoje, derivado, em última instância, do mercantilismo feudal no ocidente) propriamente elaborado, filosofia e costumes culturais e religiosos. O pensamento e o modo de vida faziam a naturalidade do composto social seguir as definições de um comportamento unificado sob o regimento de uma crença indiscutível, embora houvesse, como é natural na essência do ser humano, vertentes dessa crença – ainda que baseadas num mesmo pressuposto – , por isso meu cuidado para não generalizá-las.

Desta feita ficamos mais propensos a compreender o termo ‘enfermo’ dado pelos indianos aos que eles assim consideravam. Doente estava aquele para o qual os espíritos dos vedas não se pronunciavam. As enfermidades eram cuidadas com rezas e pequenas “simpatias” de seus costumes, pois acreditava-se que o doente necessitava dessa benção ou que, por seus atos impuros, algum castigo ou abandono dos deuses o afligia – o que poderia, sob certas circunstâncias, recair também sobre sua família. Dessa crença, surge a medicina Ayurveda.

Ayurveda é o nome dado à ciência médica desenvolvida na Índia há cerca de 5 mil anos atrás, o que faz dele um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade. Ayurveda traduzido do sânscrito, terá um significado em tono de "Ciência da Vida", ou seja a própria atitude médica.

A medicina ayurvédica é notadamente um dos primórdios do estudo medicinal, seu legado fixou as bases de toda a medicina posterior, que teve contato com a cultura indiana, no oriente, por intermédio da China, e no ocidente, pelos persas e pelo império macedônio.

DoctorD
Enviado por DoctorD em 10/05/2008
Reeditado em 31/05/2008
Código do texto: T983579
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