SEQUESTRO RELÂMPAGO

SEQUESTRO RELÂMPAGO

Estamos cansados de saber e de ler sobre as maldades que acontecem no mundo, e ficamos estarrecidos com a capacidade que o ser humano tem em engendrar atos maléficos e hediondos. Também estamos cansados de saber, que devemos ser solidários com o próximo, menos materialista e mais espiritualista , enfim humanizar-se. É um dever cristão ajudar e orientar e sendo estas, pessoas de idade, então é um dever sagrado.

Mas, por causa dessa minha mania de ter o coração aberto, saber ouvir e querer ajudar, eu fui vitima de um seqüestro relâmpago em meados de janeiro e fiquei durante quatro horas nas mãos de golpistas, que só me soltaram depois que conseguiram retirar todas as minhas economias do banco.

Foi tudo muito rápido...

Eram dez horas da manhã e eu estava voltando da academia quando parei para dar informações a uma senhora que estava a procura de apartamento nas redondezas. Neste momento surge minha filha e também conversa com a referida senhora. De repente, para um carro e dele desce um rapaz que ela diz ser seu sobrinho. Bem apessoado e ela também, muito distinta e simpática. A Evelyn segue seu caminho e eu ia me despedir, quando então, surge a arma nas mãos do rapaz e este em questão de segundos me empurra para dentro do carro, enquanto a senhora entra rápido pela frente onde já havia outra mulher na direção. E o carro dispara e eu gelei, nem deu tempo de gritar.... o pânico tomou conta de mim....

Então o rapaz guardou a arma e disse:

--Senhora, não vamos lhe fazer mal, queremos o seu dinheiro...

Pegaram minha bolsa e por azar, eu que nem sempre levo a carteira para a academia, aquele dia estava com ela e todos os cartões. E ai f oi um inferno, me levaram para caixas eletrônicos, boca do caixa, e até em lotéricas no fim do mundo.

E ai vocês estão pensando porque eu não gritei e chamei a atenção dos guardas. Mas eu estava completamente nas mãos deles, eles sabiam onde a Evelyn estava e usaram-na para me coagir. Diziam que, se qualquer coisa desse errado, o rapaz ( que ficava sempre fora, enquanto a senhora entrava comigo no banco e a outra ficava de sobreaviso no carro) iria atrás da Evelyn e ninguém se responsabilizaria pelo que acontecesse com ela. Então, o medo tomou conta de mim e eu fui retirando o dinheiro e passando para as mãos deles. Numa determinada hora, parecia que eu ia sufocar, ai eles pararam o carro e me deram água, que por certo continha algum calmante pois senti-me relaxar. A partir daí, o dinheiro que eu tinha passou a ser só papel, eu queria preservar a minha vida e a da Evelyn, e aqueles filhos da mãe estavam agindo de cara limpa.

Quando me soltaram perto de casa e eu nem sei como cheguei, pois estava atordoada e tremia demais. A Evelyn, já preocupada com a minha demora tinha ligado para meu filho e fomos fazer o BO. Percorremos quase todo o trajeto feito pelos golpistas, mas eles não pararam em nenhum lugar onde houvesse câmeras. No outro dia, o investigador da policia ligou para que eu comparecesse na delegacia dar mais detalhes e fazer um retrato falado do trio de golpistas. Mas acontece que eu não fui, estava traumatizada, o medo era tanto que passei duas semanas sem sair de casa. E também pensei: - de que adianta, esse pessoal quando é preso num dia, já é solto no outro- Não se pode confiar mais em nenhuma autoridade, todo o sistema esta corrompido. E lembrei bem do que o cara disse:

--Senhora, agora vá e esqueça!!!

E eu estou tentando esquecer e dou infinitas graças à Deus por estar viva, mas um dia alguém dará uma rasteira nessa velha golpista, ora se não!!!

"Quandoa gente pensa que a vida já nos pregou todas as peças, vem o destino e traça mais uma " (DH)

Doroni Hilgenberg