TIRADENTES E A NOSSA INDEPENDÊNCIA
Sérgio Martins Pandolfo*
Brasília de JK
feiticeira cinquentona
com Belém do meu Pará
unida pela estradona
SerPan
O dia 21 de abril é anualmente lembrado e celebrado como o Dia de Tiradentes, protomártir da Independência do Brasil.
Mas o 21 de abril também relembra uma data de magna importância para nós, amazônidas, parauaras e em especial belenenses, pois assinala a efeméride da inauguração de nossa “estrada de integração nacional”, melhor dizendo, de interação nacional, a Belém-Brasília, parte integrante da Rodovia Transbrasiliana, a Belém-Brasília-Bagé-BBB (que nada tem a ver, felizmente, com o muito espreitado e escrachado "reality show"), juntamente com o batismo de Brasília como nova Capital Federal.
A Belém-Brasília, “espinha dorsal do País” no dizer de Sayão, unindo-nos à nova capital, marca fundamente, e sem ponta de dúvida, o verdadeiro dia de nossa independência, ou, se quiserem, da norteindependência. Até então, as relações humanas e comerciais do ‘verde vagomundo’ (sua licença Bené?) com o restante do País só se faziam por ar (precariamente) e por água - rios e mar (vagarosamente).
Com a rasgadura firme e decidida da floresta virgem, impenetrável até então mesmo aos raios luminosos do astro-rei - o malsinado “Inferno Verde” que é também pulmão do Mundo -, aligando por laços rodoviários o Norte ao Sul, livrando-nos assim do pavoroso isolamento a que estivéramos relegados desde os primórdios da colonização em relação ao “outro Brasil”. Ligados a Brasília por esse cordão umbilical oxigenador ficamos unidos ao Brasil inteiro, com a troca franca, rápida, fácil, das gentes e dos produtos de mercancia de interesse bilateral.
Brasília está em festas, que se estenderão por todo o ano, com eventos comemorativos contínuos que incluem programação cultural (congressos), esportiva, política, mundana (feiras, festas folclóricas), oficial (inauguração de obras públicas e de embelezamento) e popular por toda a cidade, festividades que incluem a exaltação ao patrono Juscelino Kubitschek.
E nós? Que estamos fazendo em regozijo a essa gigantesca obra - nosso estradão ligador -, nascida da visionária idéia de um mineiro que se fez parauara do grão, Waldir Bouhid, de pronto encampada por outro filho das minas gerais, o diamantino Nonô (terno apelido de infância dado por sua mãe a JK) - o “presidente furacão”, que muito agia e nunca dormia – e ao se consolidar deixou para trás da Amazônia somente as lendas e os mitos?
Nada se vê por aqui, na parauaralândia, que faça recordar a realidade dessa gigantesca obra independentizadora, que nos alteou os sentimentos de parauarismo, e a esses gigantes que a sonharam, conceberam e realizaram a bem de nossa gente e de nosso torrão setentrional. A redizer Camões, “Depois de procelosa tempestade.../ traz a manhã serena claridade...”.
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(*) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
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