O país das sanções e do intervencionismo


Hoje resolvi falar de algo que já me incomoda há muito tempo.O assunto talvez seja polêmico e, quem se dignar a ler o meu artigo,talvez venha a discordar de minhas ideias até com veemência.Correrei o risco.
O Brasil, como a maioria dos paises em desenvolvimento, ainda traz consigo as marcas do colonialismo e, por extensão, sofre da síndrome da falta de identidade.Isso implica na constatação de que não são raras as vezes que nos limitamos a depreciar tudo que é nosso, desde a cultura até a organização política.E passamos a nos comparar com os ditos países de Primeiro Mundo.Os mais avançados intelectualmente se arvoram em defensores ferrenhos de tudo que não seja tupiniquim, tecendo loas às lideranças estrangeiras e "alfinetando" com toda acidez os nossos representantes de qualquer esfera: social, artística, política, esportiva, etc.
Onde pretendo chegar com a minha linha de raciocínio? Quero garantir a todos que não tenho nenhuma pretensão de preterir os nossos sérios e diversificados problemas, entre eles a corrupção endêmica e os "descaminhos" de nosso sistema sócio-político.Mas o que dizer do fascínio que uma sociedade ainda mais desvirtuada que a nossa continua a exercer no mundo e aqui no Brasil? É, no mínimo,deprimente perceber que na sociedade americana o público e o privado se misturam de forma absurda.Sempre há um escândalo de cunho sexual que ocupa as manchetes da mídia local e global.Pegando como exemplo só os mais recentes, temos o "belo" exemplo do jogador de golfe nº 1 do mundo, Tiger Woods que foi para diante das câmeras e chorou e se desculpou pelas várias traições à pobre esposa.Mais recentemente vimos o episódio envolvendo a atriz Sandra Bullock e seu marido, que também chorou copiosamnte quando seu comportamento de marido infiel veio à tona.Alguém se lembra da estagiária Mônica Lewinsky e o ex Presidente Bill Clinton?
Pois é.É essa mesma nação, valorosa e magnânima em vários aspectos, que mostra a sua fragilidade diante do essencial: os valores humanos.Eles também se perdem nos limites tênues que separam o público do privado.Eles também se "apequenam" diante de fatos que deveriam ser da conta exclusiva de seus personagens e não virar noticiário dos ávidos tablóides sensacionalistas ou até mesmo atender à necessidade que os americanos têm de expiar as suas "culpas" diante da humanidade.
O que dizer então dessa mesma nação que acha que é dona da verdade e dona do mundo? Há séculos que os Estados Unidos aplicam de forma impiedosa sanções políticas e econômicas a todos os países que não rezam pela sua cartilha.O que conseguiram com isso? O ódio de meio mundo, revanche e aumento do armamento bélico mundial, pois diante de ameaças a defesa se torna urgente. Alguém se lembra da argumentação de Bush para atacar o Iraque?
Sei que esse tema é pra lá de complexo, mas não tenho a pretensão de esgotá-lo aqui. O que quero é somente lembrar que já passou da hora de alguém dizer aos americanos que o caminho do diálogo pode ser uma opção saudável.E aí, por mais que a megalomania tenha se apossado do nosso Presidente, ele vem tentando isso há muito tempo.O Brasil não se isolou do mundo.Vem buscando constantemente o diálogo com todos, desde as grandes potências, passando pelas médias, até as desconhecidas no cenário globalizado.Por isso, o Brasil nunca foi tão conhecido como agora.E respeitado também.Claro que muitos micos, alguns deles com possibilidade de se tornarem "orangotangos" ocorreram, mas nada que nos tire o brilho e a vocação para receber a todos e conviver com as diferenças.Alguém acha isso pouco?Eu não.
Então quero lembrar que passamos toda a nossa história engrandecendo o que é de fora.Chegou a hora de mostrarmos que podemos também oferecer matéria-prima para que outros países vivam melhor.Para isso a gente precisa acreditar num projeto de nação e nos posicionarmos com maior efetividade como cidadãos, cobrando sempre de nossos representantes, defendendo com bons argumentos projetos como o "ficha limpa", que somente passou no Congresso por causa da movimentação popular, ainda que um certo verbo, usado inadequadamente ( deslize?propósito?) venha a azedar o sabor da vitória.