A mulher e a evolução do amor nas últimas décadas.

Nesse momento da pós modernidade diante de um novo contexto social , as mudanças de padrões comportamentais e de escolhas são múltiplas. No aspecto afetivo-social " homens e mulheres tornaram-se, igualmente, flexíveis, heterogêneos, incertos e plurais (PERLIN e BARROS, 2007).

A busca incessante do príncipe encantado ou da princesa encantada permeou até as últimas décadas do século XX. O amor romântico ficou reconhecido como a busca e o encontro da eterna e mágica felicidade.

No amor romântico a pessoa amada é idealizada sendo projetada nela toda expectativa de felicidade. Contudo, diante desta idealização do outro o desencanto é natural na convivência do dia-a-dia. Dentro desta ótica podemos entender a frase de Napoleão Bonaparte: “O amor traz mais mal do que bem” o que responde Mario Quintana :“Amar é mudar a alma de casa”.

Sob o ponto de vista de Giddens (1993), o amor romântico “era um amor tipicamente feminino, pois cabia às mulheres suavizar a natureza rude e instável do amado”. O autor acima ao discutir a transformação da intimidade nas sociedades ocidentais, ressalta que os ideais do amor romântico, relacionados à liberdade individual e à auto-realização desligam os indivíduos das relações sociais e familiares mais amplas, nesse momento a relação conjugal passa a ser mais valorizada e priorizada. Enfatiza ainda que seja “através do amor romântico" que surge a intimidade, supondo uma comunicação psíquica, um encontro com caráter reparador. Um vazio que muitas vezes era desconhecido começa a ser preenchido, o indivíduo sente-se pleno.

A emancipação e liberação da mulher em relação a sua posição diante do amor e da sexualidade tem sido na verdade muito mais complexa e profunda, abrindo um caminho ainda desconhecido e que não se pode ter certeza aonde irá chegar.

Dessa forma podemos perceber na mulher de hoje totalmente emancipada, livre para amar e sexualmente liberada uma grande insatisfação no amor. As últimas décadas são marcadas pelo aumento do número de separações, divórcios e re-casamentos, implicando no que é ou não satisfatório aos padrões estabelecidos por essa luta libertária da mulher e sua posição diante do mundo masculino-feminino.

À medida que a mulher avança em busca de maior autonomia o amor romântico tende a se fragmentar, não há mais hoje o “para sempre”. O amor que Giddens (1993) chamou de confluente define-se pela igualdade no dar e receber e se desenvolve a partir da intimidade. O laço conjugal só se mantém com o “relacionamento puro”, onde a proporção de satisfação é para ambos os parceiros.

“O que mantém o relacionamento puro é a é aceitação, por parte de cada um dos parceiros, “até segunda ordem”, de que um obtenha de relação benefício suficiente que justifique a continuidade. A exclusividade sexual tem um papel no relacionamento até o ponto em que os parceiros a considerem desejável ou essencial” (GIDDENS, 1992. p. 74)

A emancipação e liberação da mulher em relação a sua posição diante do amor e da sexualidade tem sido na verdade muito mais complexa e profunda, abrindo um caminho ainda desconhecido e que não se pode ter certeza aonde irá chegar.

O amor na contemporaneidade segundo Simmel (1971) vai apontar para sérias conseqüências, pois o outro é desejado por inteiro e com isso, pretende-se penetrar em sua intimidade por completo, os indivíduos têm que funcionar como fontes inesgotáveis de conteúdos psicológicos latentes e a satisfação da entrega total podem produzir uma sensação de esvaziamento.

De acordo com Perlin e Barros (2007)

Transitoriedade, multiplicidade, fluidez, constantes mudanças e a convivência de vários modelos de relacionamento revelaram-se uma tendência do século XXI: mais um traço da pós-modernidade que desafia a identidade dos indivíduos e das instituições deste século, em que os valores éticos, morais e culturais circulam em uma frenética substituição e transformação.

sô Ziccardi
Enviado por sô Ziccardi em 23/05/2010
Reeditado em 11/08/2010
Código do texto: T2274044
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