O QUE ENTENDEMOS POR GLOBALIZAÇÃO?
POR MARCIO RABELO
No âmbito histórico a globalização é um fenômeno muito antigo. Nesse sentido, podemos encontrar resquícios embrionários de tal ânsia deste as grandes migrações que aconteceram na pré-história. Já que os nômades migravam em busca de melhores condições de vida, buscando novos horizontes em outros continentes.
Alexandre Magno contribuiu de forma indubitável para a fusão entre as duas grandes culturas: a helênica e a oriental. Assim, o cosmopolitismo superou as cidades-estado, tornando então um projeto de homem mundo. Nesta perspectiva o homem cosmopolita transcendeu o clã, o feudo, a cidade, o reino, o império, o estado até se projetar no mundo global.
Na abordagem de Roland Robertson a globalização compreende cinco etapas: a primeira chamada “embrionária”, situada exatamente na Europa no inicio do século XV ate meados do século XVIII. A segunda de “incipiente” que vai do século XVIII a XIX, consolidando o conceito de Estado moderno. Já a terceira é a “decolagem” que vai do final do século XIX ate o começo do século XX, marcado pelas tendências globais emergidas na sociedade internacional e primeira guerra mundial. A quarta chamada de “luta pela hegemonia”, que vai entre a década de vinte e década de sessenta do século XX sob égide das organizações das nações unidas, segunda guerra mundial e inicio da guerra fria. Por ultimo a era da “incerteza”, período que compreende a década de setenta até a atualidade, marcados pelo fim da guerra fria, o mundo multicêntrico e interdependente, sua tecnologia avançada, problemas com o meio ambiente, acirrada guerra comercial entre as empresas transnacionais.
Outro fator determinante foi à questão planetária que devido as grandes navegações inaugurou-se uma divisão entre o velho e novo mundo: o antigo continente da Europa e o novo continente das Américas.
Ademais, Otavio Ianni focaliza que o processo de ocidentalização originaria da Europa, e fortalecida nos Estados Unidos, alagou-se e foi atingindo os continentes do planeta, isso levou a indagação de Fukuyama sobre o ultimo homem e do fim da história.
Para François Chenais, a palavra global surgiu nos anos oitenta, nas escolas americanas de administração, tornando-se popularizada rapidamente em artigos e obras de hébeis consultores de marketing dessas escolas. O mesmo afirma que a globalização não constitui um fato acabo, mas um processo de concretização.
Renato Ortiz reafirma que a globalização é um fenômeno emergente, um processo ainda em evolução.
Já Carlos Juan Moneta entende a globalização como processos que são considerados como um conjunto de inter-relacionados – de crescente relação e interdependência.
Segundo Antony Giddens, o fenômeno da globalização provoca a intensificação das relações sociais em escala mundial, ligando localidades distantes de tal maneira, que acontecimentos locais são modelados por eventos que ocorrem a muitas milhas de distancia, e vice-versa.
Para o pensador alemão Ulrich Beck o conceitual de globalização recebe um alargamento, ao ser por ele estabelecido uma distinção entre globalismo e globalização ou globalidade. O primeiro designa a concepção de que o mercado mundial bene ou substitui, ele mesmo, a ação política, trata-se do império do mercado mundial, da ideologia o do neoliberalismo. Já a segunda liga-se a uma sociedade mundial, a qual se caracteriza pela idéia de que os espaços isolados se tornam fictícios, pois nem os países, nem tampouco os grupos podem se isolar uns dos outros.
Conclui-se com a frase de Ulrich Beck ao afirmar que a globalização é com toda certeza, a palavra mais usada e abusada, e a menos definida dos últimos e próximos anos; é também, a palavra mais nebulosa e mal compreendida, e a de maior eficácia política.