LIQUIDEZ AMOROSA: CLAUDIA E CELULARI

Por Marcio Rabelo

Diante da possível separação de Claudia Raia e Edson Celulari lembrei de um livro que li um tempo atrás do sociólogo polonês Zygmunt Bauman intitulado o “amor liquido”. Nesse livro, o autor expressa que as relações contemporâneas se tornaram efêmeras, são relações fugazes, ou seja, se tornaram líquidas. Não sendo duradouras, inexiste compromisso sacramental.

Lembro que, em uma das paróquias que visitei, o Sã cristã da igreja local me convidou para as bodas de ouro de seu casamento. Foi uma festa maravilhosa, já que cinqüenta anos de casamento, não três anos. Tempo depois daquela celebração fiquei sabendo que o insigne esposo teria deixado sua esposa por uma de vinte cinco. Fiquei de queixo caído, quase não acreditei, mas era verdade. O fato fez que acreditasse ainda mais na razoabilidade de Bauman.

Eu não ligo muito para a vida de famosos. Mas até que admirava o casal Claudia e Celulari, eles tinham aquilo que na minha ingenuidade de adolescente costumava dizer “parece um par perfeitos”. Sabe-se que muitos casamentos famosos são verdadeiros consócios para a alimentação da midiaticidade com o objetivo da lucratividade da fama. O matrimonio, o sacramento, o amor, o namoro são nomenclatura do passado. O que existe hoje é o “fica”. Quem ainda não ficou com quem? O entendimento epocal despreza os compromissos sérios. É impressionante saber que até no meio das igrejas cristãs, muitas pessoas fogem do casamento, assim, como o diabo foge da cruz. O que era compromisso de amor se transformou em perda da liberdade. Legitima-se, que quem está casado, é a mesma coisa de está amarrado, ou está de coleira. Muitos já me disseram: se casamento fosse bom Jesus teria casado! Que absurdo.

A solidez do casamento se transformou em poeira que se perdeu no ar da pós-modernidade. Está na hora de revitalizamos o verdadeiro amor. Mas que amor? Vinícius de Moraes já afirmava que “nosso amor seja eterno enquanto dure”. Sempre me perguntei que tipo de amor o autor se referia e quanto tempo duraria esse amor? Eterno não é, pois o eterno não tem durabilidade e nem tão pouco se perde no tempo. Seriam minutos, dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos. Não sei! Só sei de uma coisa, quando estudamos a tipologia do amor na língua grega, encontramos quatro tipos de amor: “porneia”, “eros”, “filia” e “ágape”. O primeiro chamado de “porneia” se refere ao amor carnal, desejo, vontade de posse. O segundo é o “eros”, chamado de paixão, fogo ardente, seria o amor patológico. O terceiro é o amor amigo, conhecido como “filia”, amizade, quem tem amigo sabe o preço desse amor. O ultimo, é o amor fraterno, conhecido como “ágape”, é o amor capaz de dar a vida pelo o outro, é o amor doação, é o amor partilha. Costumava dizer quando era seminarista e preparava os noivos para o matrimônio que a reciprocidade amorosa de um casal deve ser composta por esses quatro amores, se isso não acontece, o casamento cai no poço e se desmancha no ar.

Marcio dos Santos Rabelo
Enviado por Marcio dos Santos Rabelo em 28/07/2010
Reeditado em 09/01/2011
Código do texto: T2403587
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