Capital Humano

Odeio o descaso humano que as empresas de RH praticam. Observa-se que uma “Fulana” com voz doce liga pra você marcando uma entrevista. A partir daquele momento sua mente começa a projetar sonhos, pensamentos amortecidos que começam a surgir e acordar depois daquela notícia, daquela grande notícia.

Você aparece no dia da entrevista, na hora marcada ou até com muita antecedência, não se agüenta de esperar, já até decorou uma narrativa na sua cabeça sobre como melhor se expressar.

Avisa a recepcionista que chegou, ela diz muito educada por sinal: “Espere um momento, por favor, pode sentar”. Então você senta e começa a olhar pras paredes, para o material que é feito o balcão, porque já faz mais de 1 hora que está sentada ali, olhando pro mesmo mundo.

Acho que os Recrutadores acham que os candidatos não têm o que fazer: Ora, quem está trabalhando e está procurando algo melhor precisa voltar ao trabalho, e quem não está trabalhando precisa “pegar” uma praia, o candidato tem mais o que fazer do que ficar olhando pra cara das paredes durante horas, pois bem, fechemos os parênteses.

De repente, chega mais uma pessoa e pergunta sobre a mesma “Fulana” que te ligou outro dia, seu mundo começa a cair, pois não é só você, tem mais pessoas ali com o mesmo objetivo. Enquanto você pensa isso, a moça da recepção direciona vocês para uma sala, quando ela abre a porta, você vê mais umas 20 pessoas pelo menos preenchendo fichas e uma psicóloga com cara de que nem saiu ainda da escola fazendo inúmeros testes com todos, sendo que ao final de tudo, ela não deve ficar com mais de 1candidato, já que a vaga é para um só. Seu mundo caiu um pouco mais...

E só pra cair seu mundo de uma vez, você entende que tem pessoas naquela sala que são indicadas, e o detalhe que você não é, você está lá só pra fazer número para dizer que o Recrutador teve trabalho. Caiu tudo de vez... Hora de ir embora.

E aí você compreende que perdeu tempo sonhando, pensando nas palavras a serem ditas, montando uma roupa discreta e coerente, ao invés de estar na praia, com a família ou em outra ocasião procurando talvez um lugar que seja só seu.

Recrutadores, não é preciso tantas dinâmicas inúteis, muita coisa poderia ser resolvida se vocês soubessem ler os currículos com mais atenção, até porque, candidato que não tem currículo bem explicado não deve estar procurando emprego de verdade. Já pensou nisso? O Capital Humano é algo que precisa ser entendido realmente pelos Recursos Humanos, pessoas não são números, curiosamente, são só pessoas.

Ana Nery Machado

Por pessoas que são só pessoas.

23/09/2010