COMO DEFENDER OS SEMELHANTES
As cenas comoventes de dor e de desespero provocadas pelas chuvas, que destroem, desabrigam e matam centenas de pessoas em diversos lugares do país, se apresentam no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e em outros estados brasileiros com menor número de vítimas e de perdas e danos.
Todos os anos a cena se repete, pessoas morrem, crianças ficam órfãs,
cidadãos perdem suas casas e há muita destruição, muito choro, muita
comoção, alguns se solidarizam com os outros. O sol reaparece e tudo
fica esquecido, as casas são reconstruídas nos mesmos lugares de
risco, e as construções não atingidas permanecem onde estão. O ser
humano ainda não aprendeu a lição de construir em lugar firme e com
prudência.
As rochas, os morros, as encostas de mares e rios continuam em seus
lugares, cumprindo a função de embelezar horizontes e enriquecer vidas
e para isso, precisam de seus espaços. O homem, abusado e eufórico, se aproxima de lugar que não foi criado para se viver. Deus fez o mundo e colocou todas as coisas e separou a água da terra firme. Se fosse para ser de forma desordenada, porque Ele teria tanto trabalho?
É deprimente observar as tragédias e acontecimentos que se desenrolam no país e ainda à indignação por não ter sido feita nenhuma prevenção por parte das autoridades. Acredito que as obras devem ser interditadas no início, antes que haja investimentos em lugares inadequados, pagando um preço muito mais alto com a própria vida.
Depois que as pessoas fincam raízes, vemos as autoridades aconselharem que elas saiam de suas casas e dos lugares perigosos. Nestas alturas, para onde irão? Depositaram todos os seus sonhos em penhascos e barrancos, resta-lhes assistir, cair por água abaixo todo o sacrifício de suas vidas e principalmente o medo de perder suas famílias.
Os órgãos competentes devem tomar providências emergenciais, com
fiscalização séria e competente, assim como acontece com os radares de velocidade que penalizam grandes ou pequenas infrações no trânsito,
alegando que esse propósito ajuda a salvar vidas. Creio que impedir
construções em lugares inapropriados e com risco de morte, ajudaria a
salvar muito mais. Deem um basta na destruição, nas mortes em massa,
ajudem as pessoas desabrigadas e amenizem o sofrimento das crianças
desamparadas.
Esperar-se-á as chuvas do próximo verão para se pensar em alguma
solução? Concordo com as palavras de Vânia M. Diniz que escreveu:
“Como falar de ecologia quando nem às pessoas humanas se dá o devido valor? Como saber preservar os animais e a nossa exuberante natureza se nem aos nossos semelhantes sabemos defender? Até quando?”. Repito com tristeza: Até quando?