MINISTÉRIOS FEMININOS - COM ELAS, A PALAVRA

A cada dia ministérios pastorais femininos ganham mais força, apesar das mulheres ainda enfrentarem restrições por parte de igrejas mais conservadoras

Nova York, 8 de março de 1857. Cerca de 130 operárias morrem carbonizadas dentro de uma fábrica de tecidos, isso depois de uma grande manifestação por melhores condições de trabalho. Entre as reivindicações, elas pleiteavam tratamento mais digno, redução da jornada de 16 para dez horas diárias e salários justos, já que recebiam o equivalente a apenas um terço da remuneração masculina para exercer praticamente as mesmas funções. Apesar do desfecho trágico e da greve não apresentarem melhorias imediatas, a mobilização escreveu um capítulo importante na luta pela equiparação dos direitos entre homens e mulheres e abriu precedentes para a realização de congressos e conferências até que, décadas mais tarde, fosse instituído o Dia Internacional da Mulher. Hoje, o quadro social que se desenha é bastante diferente daquele cenário nova-iorquino da segunda metade do século 19. E mesmo que certos países, até por questões socioculturais, ainda não reconheçam os direitos de suas cidadãs na totalidade, não dá mais para tapar os olhos e fingir que as mulheres não dispõem das mesmas capacidades de liderança que os homens nas atribuições do dia-a-dia, inclusive no meio religioso. Via de regra, as igrejas têm agido “quase” como uma exceção quanto ao reconhecimento dos direitos da mulher; afinal, ainda há denominações, especialmente as mais conservadoras no que tange aos usos e costumes – como a Presbiteriana, a Congregação Cristã e O Brasil Para Cristo – que não aceitam a ordenação feminina, enquanto que outras, embora não se declarem completamente contra, dificultam o acesso de mulheres a cargos de liderança. Por justificativa seus líderes buscam respaldo nas Escrituras Sagradas, como na Primeira Epístola aos Coríntios, em que Paulo de Tarso, por ocasião de sua viagem missionária pela cidade de Éfeso, fala sobre a necessidade de se manter a ordem nas igrejas, culpando, indiretamente, as mulheres por deturparem a paz reinante durante os cultos. Diz o apóstolo: “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja” (1Co 14.34-35). E mais: os que se opõem à consagração pastoral feminina afirmam ainda que a Bíblia não traz qualquer exemplo de mulheres ordenadas pelos apóstolos na Igreja Primitiva.

Em contrapartida, para John Ongman (1844-1931), fundador da Primeira Igreja Batista Sueca em Saint Paul, no estado americano de Minnesota, e autor do texto O Direito da Mulher de Pregar o Evangelho, escrito há mais de um século, as epístolas não podem ser usadas em defesa da ideia de que a mulher não deva exercer um pastorado. Primeiro porque vai contra o espírito do cristianismo, ou seja, Deus não atribuiu somente ao homem a missão de conduzir o ser humano nos caminhos da salvação; em segundo, contra a economia divina, ou melhor, não é possível provar que a mulher tem menos capacidade, sabedoria e poder do Espírito Santo do que o homem; finalmente, por se opor às profecias claras das Escrituras, uma vez que, segundo o profeta Joel, o Senhor iria derramar seu Espírito sobre filhos e filhas, e haveria um tempo em que não mais se faria distinção entre homem e mulher (Jl 2.28-29). Em seu livro Mulheres no Ministério: Caladas? (Editora Amados do Pai), a pastora Celina Gomes da Silva, vice-presidente e coordenadora da área de ensino da Igreja Apostólica Natã de Cristo, em São Paulo, argumenta que para compreender o verdadeiro sentido do texto bíblico é necessário entender o contexto do capítulo inteiro, ratificando assim as palavras do evangelista sueco. “Muitos cristãos dão ênfase a esse versículo como se fosse uma restrição apenas para as mulheres. Mas não é bem assim que o texto deve ser interpretado. O termo ‘caladas’ não significa que as mulheres não podiam se manifestar ou falar, e sim não prejudicar o culto com interrupções ou manifestações de dons em momentos inoportunos”, disserta.

Controvérsias a parte, passados quase dois milênios – presume-se que a epístola em questão tenha sido escrita nas primeiras décadas da era cristã –, o fato é que muitas igrejas evangélicas continuam levando ao pé da letra as palavras do apóstolo. Consagrar-se pastora, então, tornou-se um privilégio para poucas e, somente de umas décadas para cá, com o advento do neopentecostalismo e as mobilizações missionárias, aliados a acalorados debates entre as lideranças cristãs, é que o ministério pastoral feminino, até então estagnado, tem conquistado maior espaço no ambiente das igrejas. Para o professor e pastor Alberto Kenji Yamabuchi, que congrega na Igreja Batista em Vila Gerte, de São Caetano do Sul (SP), as cartas do missionário aos cristãos de Corinto, assim como as que ele escreveu ao companheiro Timóteo (1Tm 2.9-15) contribuíram significativamente para uma interpretação fundamentalista, patriarcal e sexista dos textos bíblicos. E, fazendo referência a Leon Morris (1914-2006), uma das maiores autoridades mundiais na interpretação do Novo Testamento, o teólogo acrescenta que o apóstolo estava conclamando os coríntios a observarem os costumes patriarcais judaico-cristãos; pois, o cristianismo seria desacreditado se liderado por mulheres instrutoras. “Ao pensarmos, no entanto, que tais palavras paulinas foram dirigidas exclusivamente às mulheres, podemos incorrer no erro de se concluir que quaisquer desordens nos cultos das igrejas primitivas eram provocadas apenas por elas. Quem, na verdade, poderia causar desordens eram os líderes masculinos por não as aceitaram ocupando posições de poder”, acrescenta, prevendo que não levará muito tempo para que a maioria das denominações, principalmente as protestantes históricas, ceda espaço para que as mulheres ocupem seus lugares no ministério pastoral. “Trata-se de uma questão mais sociocultural do que, propriamente, espiritual. Vivemos ainda sob a égide da cultura patriarcal, e a quebra de paradigmas e preconceitos no campo religioso demanda tempo e muito diálogo”, continua. No que depender dele, como pastor batista, as mulheres são bem-vindas. “É verdade que ainda há debates e muitos focos de resistência, mas o caminho para o ordenado feminino foi aberto e está sendo progressivamente estabelecido. Portanto, não vejo dificuldades em aceitá-las atuando como líderes espirituais nas igrejas”, sacramenta.

Especialista no estudo do papel das mulheres ao longo da história no âmbito religioso, a assembleiana Maria de Fátima de Carvalho, mestre em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba, defende: “É muito importante e fecundo o trabalho ministerial feminino, principalmente quando desenvolvido junto às crianças, aos jovens e às próprias mulheres, pelas razões óbvias da psicologia inata do instinto materno que, associado ao conhecimento, emerge sensibilidade e confiança na interação com esses grupos”. Apesar de delegar às mulheres toda essa responsabilidade ministerial, a paraibana, que também é pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – antigo Conselho Nacional de Pesquisa, que mudou a nomencaltura, porém manteve a sigla –, admite que o clero ortodoxo se apropriou das palavras do apóstolo Paulo com o intuito de impedir a ascensão do poderio feminino nas igrejas. “A história nos mostra que as motivações foram essencialmente políticas, uma vez que a igreja oficializou-se em Roma, em meio a uma cultura filosófica mundial que privilegiava os homens e reprimia as mulheres”, explica, citando os movimentos feministas desencadeados no início do século passado e, principalmente, as descobertas arqueológicas, em 1945, de pergaminhos coptas datados do século 4 – coptas são povos de ascendência egípcia que, supostamente, teriam aceitado o cristianismo nos primórdios da era cristã, opondo-se aos convertidos ao islamismo – como os principais fatos históricos que propiciaram uma maior abertura nas igrejas ao ministério feminino nos primórdios do cristianismo. Da aldeia Nag Hamadi, esses achados teriam sido transferidos para o Museu Copta do Cairo e, entre eles, um manuscrito denominado O Evangelho de Maria, que muitos críticos defendem como provas contundentes da liderança exercida por Maria Madalena no cristianismo antigo. Assim, segundo a estudiosa, tanto no passado como na contemporaneidade, o meio evangélico nunca esteve carente de mulheres notáveis e de grande representatividade ministerial; entretanto, seus nomes têm sido eclipsados pelas lideranças masculinas. “Sem se preocupar em obter o reconhecimento dos homens e até mesmo sofrendo grande pressão por parte de alguns pastores, durante quatro décadas a missionária Lídia Almeida de Menezes (1930-2002) educou missionários e os enviou a muitos povos para evangelizar e construir igrejas, tendo ela mesma trabalhado na supervisão de tais trabalhos”, exemplifica. A evangelista a que a assembleiana se refere fundou, na década de 70, o Instituto Betel Brasileiro em João Pessoa (PB), entidade interdenominacional voltada para o aprendizado teológico e compromisso social. “Hoje, a Igreja do Betel é presença mundial, fruto da visão e garra de uma mulher que dedicou sua vida a Cristo”, conclui.

Pastoras contemporâneas – Mesmo com o reduzido, se comparado à maciça presença masculina nos púlpitos, número de pastoras que lideram ou respondem por ministérios evangélicos, é possível citar exemplos de mulheres que, à sua maneira, têm conseguido conquistar notoriedade e respeito diante da sociedade, não somente devido a questões estritamente evangelísticas, mas também por comprometimento social. Um exemplo a ser seguido por todo cristão, independente de confissão religiosa, é o da médica catarinense Zilda Arns, idealizadora da Pastoral da Criança e do Idoso e que, até figurar na lista de vítimas fatais do terremoto que devastou o Haiti há pouco mais de um ano, fez de sua vida um instrumento de solidariedade para com o próximo.

Em menor escala, mas esse também é o caso de Flordelis dos Santos de Souza – ou, simplesmente, Flordelis –, a ex-moradora da favela do Jacarezinho, no Rio. Com um projeto inicial batizado de “Evangelismo na Madrugada”, toda sexta-feira ela perambulava pelos morros cariocas com o propósito de resgatar crianças e adolescentes corrompidas pelo tráfico de drogas. Resultado: sua família não parou mais de crescer e, aos filhos biológicos juntaram-se mais 46 adotivos, a quem ela faz questão de também chamar de “seus” e jamais como estatísticas. “Uma líder competente deve sempre procurar melhorar seus conhecimentos, sem deixar de ser fiel aos seus princípios, sendo sempre flexível e agindo com humildade e simplicidade”, ensina. A história da pastora carioca, que rejeita o rótulo de heroína, ganhou as telas do cinema com a produção Flordelis – Basta Uma Palavra Para Mudar (BRA, 2009), dirigido por Marco Antonio Ferraz e Anderson Corrêa, que traz ela própria no papel principal e um elenco para ninguém botar defeito: os galãs globais Reynaldo Gianecchini e Cauã Reymond, além de Deborah Secco, Alinne Moraes, Fernanda Lima, Sergio Marone, entre outros. “Graças ao filme, eu ganhei notoriedade, reconhecimento, carinho das pessoas, e me tornei uma referência para crianças e adolescentes que necessitam de ajuda”, comemora a protagonista, ao mesmo tempo em que reclama pelo preconceito que ainda paira sobre o meio evangélico, sobretudo quando uma mulher atinge o status de líder ministerial. Na luta contra essa intolerância, além dos filhos ela também conta com a ajuda fiel do marido, o pastor Anderson do Carmo. “Alguns religiosos ainda defendem o que o apóstolo Paulo disse, sem compreender que ele simplesmente transferiu para as igrejas certas ideias básicas sobre o judaísmo a respeito das mulheres. Mas, tudo isso está mudando, e o pastorado feminino tem inovado a cada dia”, conclui.

Nascida em lar evangélico, casada com o pastor e produtor musical Jairinho Manhães e mãe de três filhos, a cantora carioca Cassiane, ilustre representante do gospel pentecostal, entrou para a história de uma das mais tradicionais igrejas evangélicas ao se consagrar, em 2005, a primeira pastora assembleiana do país; e tudo de surpresa, por ocasião da Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Brasil – Ministério Madureira (Conamad), com a presença de milhares de fiéis como testemunhas. “É verdade, e eu também fui pega de surpresa nesse dia, pois como esperar por algo que nunca aconteceu antes em nossa denominação? Senti minha responsabilidade aumentar ainda mais, mas sempre conduzi meu ministério com muito zelo e, com o pastorado, passei a me preocupar diretamente em cuidar das minhas ovelhas”, explica a cantora-pastora, que congrega na Assembleia de Deus em Nova Iguaçu, na baixada fluminense, juntamente com o marido e com o apoio irrestrito do pastor-presidente João Nunes e demais membros que compõem o ministério. “Só se conquista respeito com atitude e postura, e isso serve tanto para homens como mulheres. A liderança é um dom, e todos logo percebem quem a tem”, continua. Além de romper com um dos maiores tabus da gigante pentecostal, que até então não admitia a ordenação feminina, sua consagração pastoral incentivou outras mulheres a trilharem o mesmo caminho, envolvendo-se em atividades ministeriais e de caráter social. “Tudo acontece no tempo de Deus, mas creio que é chegado esse tempo. Antes nós não tínhamos muitas oportunidades; porém, a cada dia temos visto mais mulheres liderando igrejas, muitas delas fazendo um trabalho tremendo ao lado dos maridos”, complementa a pastora, finalizando com uma frase que sempre faz questão de repetir, seja para si mesma ou no Culto da Benção, que acontece todas as terças-feiras em sua igreja: “Cassiane, você é só instrumento! Só sai afinado quando Deus o toca, e se ele deixar de tocar só sairá barulho!”

“Vivenciar e incentivar a adoração a Deus nas nações do mundo, influenciando a sociedade e a nova geração de adoradores com excelência, santidade e amor.” Em suma: “abençoar vidas”; esse é o propósito do principal ministério de louvor brasileiro. Em pouco mais de uma década de existência o Diante do Trono já superou a marca de 6 milhões de álbuns vendidos e consegue reunir, sem lá muito esforço, mais de 1 milhão de fiéis em qualquer apresentação ao ar livre. Com números tão expressivos, não dá para negar que o ministério tem sido para lá de abençoado. Inegável também é que essa ascensão meteórica se deve, em muito, à pastora Ana Paula Valadão, principal peça do grupo e que encabeça a lista das principais líderes ministeriais do país. Se no linguajar evangélico ela é tida por muitos como uma “benção”, certamente que no meio secular ganharia a insígnia de “celebridade”. E olha que isso não está assim tão longe de acontecer; afinal, a cada dia ela tem conquistado mais fãs e simpatizantes de outras confissões religiosas, graças, principalmente, ao espaço conquistado pelo grupo em importantes meios de comunicação. Em meados do ano passado, por exemplo, o Diante do Trono escolheu a arena do peão, em Barretos, para a gravação do 13º DVD e, meses depois, apresentava-se no palco do Domingão do Faustão, rompendo uma barreira até então instransponível que separava a maior emissora do país da música evangélica.

Volta por cima – Juntamente com o marido Estevam Hernandes, a bispa Sônia responde por uma das principais denominações evangélicas brasileiras – a Igreja Apostólica Renascer em Cristo –, idealizadora de eventos tradicionais, como o festival musical SOS da Vida; a Marcha Para Jesus, que reúne cerca de 3 milhões de pessoas em passeata pelas ruas de São Paulo; e as suntuosas apresentações do Renascer Praise, seu ministério de louvor. Só que, de uns tempos para cá, as ações evangelísticas da igreja parecem ter sido relegadas a um segundo plano, enquanto que o nome da bispa e da própria denominação têm se envolvido em polêmicas e pautado as principais páginas policiais dos meios de imprensa. “Isso tudo me causa um sentimento de honra, porque até hoje o nome de Jesus, que disse que o servo não é maior do que o seu senhor, também é polemizado. Se o perseguiram, portanto, também nos perseguirão”, justifica. Em janeiro de 2007, o casal foi preso pela Justiça norte-americana na tentativa de passar com dólares não declarados na alfândega; dois anos mais tarde, também no mês de janeiro, a Renascer sofreu mais um duro golpe, com o desabamento do teto de sua sede, na capital paulista, matando nove fiéis e deixando mais de uma centena de feridos; por fim, a igreja também perdeu, recentemente, seu membro mais ilustre, o craque Kaká que, sem maiores explicações, simplesmente anunciou publicamente o desligamento da denominação. Apesar da turbulência dos últimos anos, as bases continuam firmes e fortes e, aos poucos, a igreja vai superando os percalços do passado. Para isso, conta com o apoio de milhões de membros espalhados por todas as regiões, um aparato tecnológico capaz de fazer inveja a muitos conglomerados midiáticos do chamando meio secular, e a responsabilidade de sua líder ministerial mais proeminente. “Responsabilidade a gente não mede e, a despeito de qualquer situação, de qualquer condição, de qualquer fator, meu compromisso com o Senhor é ilimitado; o que faz a diferença é a profundidade desse nosso compromisso. E é uma honra para uma mulher ser sua porta-voz”, continua Sônia Hernandes, fazendo questão de salientar que essa relação independe do tamanho da igreja; aliás, para ela a Igreja de Cristo e a Renascer sempre foram grandes, mesmo quando as reuniões aconteciam em sua própria casa. “Sim, a mulher também tem que pensar como gestora, pois Deus não a descaracteriza, mas a potencializa”, defende, para depois concluir: “Deus não dá um chamado anulando a essência para a qual a mulher foi criada; então, realmente ela precisa buscar uma das capacitações do Espírito Santo, que é o dom do governo”.

“Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão.” É em Sl 37.24 que a missionária Lanna Holder encontra redirecionamento cristão e cura definitiva para as cicatrizes que marcaram negativamente sua trajetória ministerial num passado não muito distante, consequências de uma vida desregrada pelo uso de drogas e envolvimento homossexual, prática veementemente condenada pelas igrejas por contrariar os princípios bíblicos e morais. Na época, a notícia explodiu como uma bomba no meio evangélico, um escândalo sem precedentes que fez com que a assembleiana descesse novamente dos púlpitos e decidisse dar um basta nas pregações, até que um grave acidente em 2006 a deixou entre a vida e a morte. Desde então, a missionária, que ganhou fama graças a um forte testemunho de arrependimento, reconsiderou a situação e retornou aos púlpitos. Hoje, apesar de obrigada a conviver com certas críticas, seu ministério continua prosperando e ela alcançando novos adeptos – talvez não tão conservadores como os de antes –, mas também sedentos por salvação.

Fé e política – Como representante do povo, Marina Silva pode ser considerada um fenômeno de popularidade, tanto que nas eleições realizadas em outubro passado, a candidata do Partido Verde (PV) conquistou um honroso terceiro lugar na corrida à sucessão presidencial, obtendo quase 20 milhões de votos – 19,33% da contagem válida –, um número astronômico em se tratando de um partido sem a mesma representatividade e força dos principais concorrentes na conjectura atual da política nacional. E mais: em 1988, dois anos após se filiar ao Partido dos Trabalhadores (PT), ela chegou à Câmara Municipal de Rio Branco como a vereadora mais voltada; seis anos depois, saindo de um mandato como deputada estadual, entrou para a história do Acre com uma votação maciça para o Senado Federal, e, em 2003, foi nomeada ministra do MeioAmbiente – começavam ali as divergências e trocas de farpas com Dilma Rousseff, hoje presidenta da República. Apesar de suas atividades religiosas não transcorrerem no mesmo ritmo alucinado imposto pela vida pública, Marina Silva é daquelas assembleianas bem típicas, que não larga a Bíblia e nao arreda pé de suas convicções espirituais. Embora religião e política devam ser tratadas como água e óleo, as citações bíblicas e testemunhos são bastante comuns em seus discursos políticos, principalmente quando o assunto é superação.“Faz quatorze anos que eu me converti, mas o Senhor me abençoa desde o ventre”, conta ela, referindo-se às doenças e até problemas neurológicos que quase ceifaram sua vida. “Tive três hepatites, cinco malárias, contaminação por metais pesados, perdi minha mãe aos 14 anos, trabalhei como doméstica e só fui começar a ser alfabetizada depois dos 16 anos”, enumera ela, sem perder a fé. “Eu era um vaso quebrado pelo qual Deus pagou o preço dobrado, pra ele mesmo consertar”.

Fonte: Revista Exibir Gospel - Edição 14

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 13/04/2011
Reeditado em 13/04/2011
Código do texto: T2905575
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