A batalha dos Porongos

A escravidão é a pagina mais suja da história do Brasil. Entre todas as injustiças, desigualdades, e atrocidades que nosso país já viveu, esta foi uma parte da historia que manchou de sangue para sempre a história de uma nação.

Na Revolução Farroupilha, quando o Rio Grande do Sul se revoltou contra o império, uma das bandeiras levantadas pelos farroupilhas, ou por uma parcela deles, era a da abolição da escravatura.

Teixeira Nunes e o general Neto formaram na época um corpo de Lanceiros Negros, formados por escravos que lutariam ao lado dos farrapos, mas com ideais muito mais nobres: A Liberdade de um Povo.

Comandados pelo valente Teixeira Nunes que trazia com ele a fama de não perder batalhas, e de jamais recuar, ser o primeiro a entrar na batalha e o último a sair os lanceiros foram decisivos em muitas batalhas.

Estiveram na primeira delas em Porto Alegre, ainda comandados pelo general Neto, e estiveram na última, na curva do arroio Porongos, atual município de Pinheiro Machado quando foram atacados pelos imperiais.

Era novembro1844, a revolução encontrava-se em pleno armistício, e seu fim já começava a ser negociado entre os líderes de ambos os lados. Os lanceiros negros estavam acampados no cerro de Porongos sob comando do general David Canabarro, quando foram atacados de surpresa por forças sob o comando de Francisco Pedro de Abreu, o Moringue. O Corpo de Lanceiros Negros, cerca de 100 homens de mãos livres, tentou resistir ao ataque, mas foram quase todos mortos. Também foram presos mais de 300 republicanos, entre brancos e negros, e 35 oficiais farroupilhas.

Teixeira Nunes, principal líder dos lanceiros negros, foi ferido durante o confronto e, logo após, sem condições de defender-se, foi morto por Manduca Rodrigues, que lutava pelos imperiais.

Cogita-se se que o ataque teria sido previamente combinada com Canabarro para exterminar os lanceiros negros, que poderiam formar bandos após o término da guerra, que já estava sendo tratado. A questão da abolição da escravatura, uma das condições exigidas pelos farroupilhas para a paz, entravava as negociações. A libertação definitiva dos ex-escravos combatentes precipitaria um movimento abolicionista no resto do império, e a mão de obra escrava vinha mantendo a produção agrícola desde os tempos coloniais.

No final fica a dúvida quanto a participação de Canabarro, mas a certeza que os negros lanceiros foram desprezados por aqueles que tratavam da paz, pois nem conquistaram a tão sonhada liberdade, e nem tiveram a honra de morrer como os heróis que foram em vida.

Os comandantes farroupilhas entre eles o próprio Canabarro, seguiram as negociações de paz com o então barão de Caxias, que mais tarde tornar-se-ia duque e patrono do exercito brasileiro.

Já os negros foram esquecidos nas páginas da história até 1888, quando na teoria foi abolida a escravatura. As senzalas não existem mais, já os capitães do mato e coronéis de terra, estão ainda por ai, a diferença é que agora eles se escondem por trás de ternos e gravatas.

Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 14/04/2011
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