Grito Sufocado

Essa bagunça estadual que nos assombra dia após dia é perceptivelmente vista nas largas ruas de outono, em romarias históricas de um patrimônio em escombros, rua de inocentes com semblante caído e com uma polêmica política inacabada, lembrada em bom senso tão somente pela arquitetura portuguesa.

Podemos ouvir grunhidos das crianças que em barracos vivem, sentindo as angustiantes dores de suas famílias que, apegando-se ao seu bom Deus agradecem todos os dias, mesmo não tendo nada em sua mesa para saciar sua tenebrosa fome.

Enquanto um Cabernet Marquês é posto em uma taça de cristal para o jactancioso homem de colarinho branco, cujo bolso fora cheio pelos cofres públicos, do suor de um povo marcado pela exploração e fracasso, recordo-me do início de nossa larga história ludovissence, quando Daniel de La touche, que outrora fora conhecido como Senhor de La Ravardière, juntamente com 500 homens vindo de cidades francesas em busca do sonho de se instalarem na região dos trópicos, usaram os índios, fazendo que lutassem por seus próprios interesses.

Há ainda muitos franceses no nosso meio, que nos fazem de marionete. Enquanto sentados estão em suas poltronas acolchoadas, estamos amontoados em filas de hospitais em busca de um atendimento totalmente fora do contexto profissional, aprisionados em um trânsito caótico, de ruas esburacadas engolidas pelas lagrimas incessantes da chuva, nossas Escolas Públicas, Faculdades estaduais e federais foram abandonadas no tempo, sem falar da Educação que de fato nos causa remoço e vergonha, notamos a violência que nem nos impressiona mais por falta de uma segurança preparada, o povo já é mal renumerado, então recebemos a notícia que a gasolina aumentou.

Lembro-me da greve de 79, o grito sufocado, a repreensão ao movimento social, mas os estudantes ousaram lutar por seus direitos, seguindo princípios constitucionais, liberdade de expressão, imprensa e livre organização.

Uma diversidade de problemas em nosso Estado poderia ser resolvida pelos próprios cidadãos maranhenses, aliás, todo poder emana do povo, o povo de fato perdeu a retórica e esqueceram-se dos direitos constitucionalmente ditos no art. 5º.

Estamos ancorados em uma areia movediça, uma atmosfera fictícia, onde perdemos o fôlego, não nos animamos em lutar por nossos sonhos e direitos, sabemos que fomos lesados e nem por isso nos comovemos, o povo está acostumado a deixar que o Estado resolva os seus problemas, acontece que o Estado é que tem sido o pesadelo do povo e nada por ele tem feito, assim o Estado faz o que bem lhe “aprouve” pelo povo, desviando recheadas notas de dinheiro para suas contas fartas e gordas.

Por: Antonio Gomes Neto

Psicoromântico
Enviado por Psicoromântico em 28/04/2011
Código do texto: T2936338