FARRA REAL

Um programão será exibido em rede nacional nesta sexta-feira. Com status de jogo da seleção brasileira e chamadas de hora em hora as principais redes de televisão do país, farão apologia a um conto de fadas europeu, conto esse que arrebanhou centenas de brasileiros “tietes” esvaziando um pouco mais os cofres do país, já que as despesas desta vez serão em euro. Não bastasse o êxodo a engrossarem as fileiras escocesas, fica escancarada nossa provincianidade, cultuando de forma escancarada essa folia fora de época, talvez por que o povo brasileiro por ser muito festivo, esteja ressentido do carnaval que já passou e das micaretas, que graças a Deus, perderam seu fulgor. Será que isso é resquício do nosso complexo colonialista? Minha sobrinha está encantada com a opulência das comemorações, foi picada pela tse real, narcotizada pela ostentação alheia. Ontem ela foi ao cabeleireiro para cumprir um “compromisso” marcado há uma semana, parecia até consulta no SUS, saiu de lá com uma coisa estranha na cabeça parecia um anúncio de floricultura, mas o “profissional” a convenceu que assim estaria alinhada a realeza e agora poderia sentar-se a frente do plasma bem acompanhada de amigas igualmente trajadas e uma cidra do supermercado, sem citar os vestidos. Dona Gina, a costureira, nunca se sentiu tão próxima de “Elizabeth”, quase íntimas, dado aos modelos exclusivos que “criou” baseada no gosto duvidoso da rainha mãe. Um salão foi alugado, decorado, até tapete vermelho como aparato principal será utilizado aliado a inúmeras inserções de dourados nas paredes. Tudo bem ela foi contaminada, mas é só uma brasileira como tantas outras, se tivesse condições financeiras estaria lá, acampada com vários outros que vivem outra realidade. Há esqueci-me de mencionar que as despesas dela correram por conta do cartão de crédito, mas que ainda lhe restam trinta dias para voltar ao estado normal quando receberá o impacto da fatura, mas tudo bem porque o “Harry” ainda não está nem namorando.