Darwin e a Monarquia Inglesa

Como falar de sociedade é demasiadamente subjetivo, algumas vezes recorremos a analogia para poder exprimir os conceitos desejáveis, contudo, sem cair nas armadilhas da pieguice.

 

Charles Darwin, o biólogo pai da teoria da evolução das espécies, desenvolve suas pesquisas durante anos de observação, o “nobre” cientista descobriu que as espécies não nasceram prontas, mas, numa construção evolucionária, na qual, os seres vivos se adaptavam ao ambiente, com isso só os mais fortes sobreviveriam (os mais adaptáveis).

 

A monarquia inglesa em face aos seus mil anos de existência, mostra a força da adaptação para a sobrevivência e, de “quebra” comprova a teoria da evolução – Darwin não precisaria ir tão longe para poder provar suas pesquisas -, a monarquia se  metamorfoseou para continuar reinando.

 

Em fins da Idade Média com o ressurgimento do comércio e a revitalização das cidades, a economia adquire um viés monetário, a circulação do dinheiro e mercadorias mesmo timidamente fazem produzir demandas maiores, tornando não mais viável o sistema de troca feudal. Nesse novo panorama nasce novas necessidades, um novo Estado, uma nova classe ( a burguesia ), um novo sistema, o embrião do que seria chamado no futuro de capitalismo, como não poderia de ser diferente, nascem novas idéias, no bojo da liberdade da circulação de mercadorias e dinheiro,  vem os ideais da liberdade do individuo, com isso tudo acontecendo, entra em colapso o direito divino da hereditariedade real, a queda da monarquia seria questão de tempo.

 

Entretanto a monarquia inglesa resiste, adapta-se, evolui e, com suas ultimas forças trai seus nobres, aliando com a emergente burguesia endinheirada, doa terras, títulos, numa relação promiscua de interesses, alimenta provisoriamente a plebeia burguesia (sempre sonhou em ser nobre). Essas negociatas possuem um fim, manter a parisita monarquia no poder, contudo, comentem seu maior erro, pois no meio de tanta concessão, instauram o direito à propriedade privada.

A partir desse momento, o velho e o novo desempenhará papeis distintos na sociedade inglesa, ou melhor, as peças irão mudar de lugar, a burguesia já não se contentara com títulos (entenderam ser bugigangas inúteis), querem o poder, porém, não aquela farsa do parlamento recheado de nobres decadentes existente desde outrora, a burguesia quer o poder de fato. Estoura a primeira grande revolução moderna, a Revolução Inglesa, e, diante tal acontecimento, nobres e rei perderão a cabeça para o machado, subirá um imbecil fundamentalista puritano para o poder, Cromwell.

Mais uma vez a monarquia emerge, com a morte de Oliver Cromwell é restaurado o Reino, no entanto, reestruturado pela ocasião, num pacto de conchavos e clientelismo útil, a Inglaterra torna-se um parlamentarismo, sendo o rei uma peça de decoração (bem ao estilo rococó), o país está agora nas mãos da classe dominante burguesa, prontos para sua revolução industrial, pronto para o capital, o dinheiro que dantes circulava livre mas timidamente, agora é reproduzido de forma agregada, baseado no mercado livre, na livre iniciativa, iniciando assim a primeira etapa do famigerado capitalismo ( mas essa é matéria pra outro artigo ).

Hoje no seculo XXI vemos a monarquia britânica lá, adaptada, evoluída, casando seu futuro rei com a plebeia burguesa Kate Middleton, cuja, a arvore genealógica deve possuir vários operários das fabricas escuras e esfumaçadas da época vitoriana, não será difícil os ramos dessa arvore chegar até algum ladrão qualquer. Agora a rainha casa seu futuro rei com a integrante da classe que, ironicamente os tiraram do poder de fato, mostrando sua condição de mutação e bem caracteristica.

O “novo nobre” Darwin ficaria espantado caso tivesse optado por estudar essa espécie de seu próprio quintal: a espécie parasitoide de Windsor.

Alexandre Histthor
Enviado por Alexandre Histthor em 07/05/2011
Reeditado em 18/05/2011
Código do texto: T2955804