Envelhecer

Assistindo ao vídeo "Envelhecer", música de Arnaldo Antunes, resolvi escrever algo sobre o envelhecer.

Sabemos que envelhecer significa tornar-se velho que, por sua vez, significa algo (alguém?) " que existe há muito tempo ou tem mais idade." (Wikcionário).

E ainda, segundo os dicionários virtuais e não-virtuais, pejorativamente: antigo, antiquado, desatualizado, caquético.

É engraçado, até trágico, quando se trata de um mundo tecnicamente envelhecido, como envelhecer pode trazer, em si mesmo, o paradoxo do bom e do ruim.

Isso porque vivemos numa sociedade consumista, egocêntrica, egoísta, preconceituosa e lamentavelmente excludente. Não há dúvida de que todos esses contra-valores estão globalizados, pelo menos no Ocidente.

O que não se entendeu ainda é que, apesar das limitações que ocorrem com o envelhecimento das células, há muitas coisas importantes que somente com o tempo vamos compreendendo.

Envelhecer, assim como qualquer fase da vida, implica em continuar a aprender, em se desenvolver intelectual e espiritualmente, com a vantagem de se ter acumulado, ao longo dos anos, com as experiências próprias e as observadas, ou seja, a dos outros, não somente conhecimento, mas também sabedoria.

Tornar-se velho é diferente. Não é necessário envelhecer. Tornar-se velho em nada implica em ter mais idade, no entanto, assinala-se notadamente a velhice em pessoas cuja a alma está sobrecarregada de desespero, mágoa, inveja, tristeza, ódio, rabugice, pessimismo.

Saber envelhecer é, antes de tudo, uma necessidade para quem quer viver melhor. É reconhecer que teve a chance de viver por mais tempo e, portanto, a responsabilidade de aprender mais, de servir mais e, ao mesmo tempo, o privilégio de ter saboreado, por mais tempo, a vida.

As pessoas não deixam de ser interessantes porque envelhecem fisicamente. Deixam de ser interessantes, quando perdem-se de si mesmas e deixam envelhecer o sorriso, o olhar, as aspirações, os desejos, os sonhos, as realizações, o amor. E isso pode acontecer em qualquer idade.

"Bendito seja eu por tudo o que não sei

gozo tudo isso como quem sabe que há o sol" (Fernando Pessoa)