Há Lei, ora a Lei!

Afianço, sem qualquer receio de cometer injustiça, que em sua grande maioria os alunos daquela universidade compareceram as interessantes palestras diversificados assuntos jurídicos somente visando cômputo de horas para complementar suas atividades complementares ou para não terem imputadas ausências de assiduidade.

E essa prática tornou-se evidente em algumas conversas investigativas mantidas; em observações comportamentais durante as exposições e nos ‘abandonos’ antecipados ocorridos durante o seu transcorrer.

As expensas da própria universidade são montados coffee-breaks para serem degustados pelos docentes, discentes e palestrante ao final das exposições (num total de 5 palestras no período matutino e 5 no período noturno...). No entanto, esse preparativo para ser acessado pós-palestras foram literalmente ‘atacados’ por aqueles que de forma antecipada abandonavam as exposições...

Tal procedimento de estudantes de Direito, alguns postulantes a cargos decisórios em julgamentos de seres humanos levou-me a estabelecer um paralelo com festividade que ocorre em comemoração anual quando do aniversário de fundação da cidade de São Paulo, que ocorre no dia 25 de janeiro.

Nessa data é concebido um bolo cujo tamanho, em metros, equivale à quantidade de anos passados desde a fundação. Na última comemoração a cidade completou 457 anos decorridos desde a sua fundação e, portanto, houve a confecção de um bolo com 457m de extensão.

O que há de ‘interessante’ nessa celebração é que quando é dada autorização pelos organizadores para que haja o consumo da iguaria, há um ‘desaparecimento’ quase imediato, havendo um verdadeiro ataque por aqueles que circundam a imensa mesa sobre a qual ‘repousa’ a guloseima...

Aí vale tudo! As mãos lambuzadas pela cobertura de glacê que foi posta sobre o pão de ló enchem sacolas plásticas de supermercados, sacos de papel e até os bolsos dos ‘famintos’, numa verdadeira disputa de que ‘quanto mais, melhor’!

Reiterando, sem medo de cometer injustiça, tenho certeza de que muitos dos estudantes que relegam a um segundo plano os excelentes ensinamentos advindos das não menos excelentes palestras que são proferidas, diante das imagens feita da ‘turba’ atacando o bolo comemorativo, ‘espinafram’ a atitude do ‘povão’ tachando-os como mau educados, esfomeados, etc. e tal! Porém, se o inverso fosse a tônica das imagens ofertadas pela mídia, com tomadas dos aspirantes a homens da lei ‘atacando’ o coffee-break enquanto transcorre o desenvolvimento das palestras, não teria esse discriminado ‘povão’ o mesmo direito de tachá-los utilizando os mesmos adjetivos com os quais foram rotulados?

Os discentes e docentes interessados tiveram o privilégio de curtir ensinamentos que passaram por: Fronteiras do pensamento jurídico contemporâneo, o Direito na sociedade contemporânea, loucura e crime, o dano moral causado pela mídia na formação da pessoa humana, reforma política: classe política e a cassação dos mandatos, aspectos atuais da responsabilidade civil, estágios e relação de emprego, o caso Nardoni, a justiça militar no estado democrático de Direito...

Enquanto isso, grosso modo, os desinteressados alunos de Direito, vorazes atacantes do coffee-break situaram-se no mesmo patamar dos desabrigados, pedintes e alijados, vorazes atacantes do bolo de aniversário da cidade, no bairro do Cambucí...

HICS
Enviado por HICS em 27/08/2011
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