Petrefiolismo: A Física do Raciocínio Racional

Existe um ditado que diz: “Conhece-se alguém mais pelas perguntas que faz do que pelas respostas”. Então qual seria a sua reação caso alguém viesse do nada e lhe questionasse: “Você acredita em simpatias?”.

Sejamos racionais. Atualmente – e em passos geométricos – estamos criando uma Torre de Babel. Ela já está quase para ocupar o limite do céu. Quem conhece a estória sabe que mais cedo ou mais tarde ela vai cair. A conseqüência disso é que ninguém vai compreender o que o outro está tentando dizer.

É o que já está acontecendo nos vídeos que são transmitidos pelo Youtube. Exemplo é o do “Petrefiolismo”.

A repórter chega e pergunta se a entrevistada (Fábia) acredita em simpatias. Sinceramente, eu me questiono o que seria de menor falta de intelecto: A pergunta ou a resposta – e para ser franco, eu não acredito em lacuna de inteligência nas respostas da Fábia. Logo, a falta de conteúdo fica realmente é por parte da repórter.

“Você acredita em simpatias?”... “Você acredita em simpatias?”...

Você não é obrigado a concordar comigo. Nem deve. Cada qual com sua opinião. Entretanto, eu considero esta pergunta tão vaga de elemento inteligível. Eu a repeti, porque ela é repetida.

Eu questiono: O problema está no remetente ou no receptor?

Quando a pergunta não é compreendida pelo receptor, quem está errando é o remetente. Não houve comunicação plena ou então apenas parte dela.

Para o nosso entendimento, “simpatia” é uma palavra que adquire mais do que um significado. Pegarei até um exemplo simples para demonstrar:

“Casa”

O que você idealiza quando você lê esta palavra?

Certamente o que eu imagino não é o que você pensa.

Fábia realmente compreendeu a palavra “simpatia” como sinônimo de ser gentil e educado com as pessoas. O feedback recebido pela repórter (que ri da entrevistada) não foi o de “vou tirar onda com a tua cara, repórter” ou algo do tipo por parte da entrevistada.

Para quem acha graça com a situação (quem quiser rir que ria) fica uma questão pendente ao meu ver: O foco da atenção fica em volta de 90% em torno da declaração da entrevistada.

Caso a repórter pudesse refazer a pergunta, poderia dizer “Você acredita em superstição, simpatia ou feitiço?”

Acredito fielmente que Fábia poderia ter dado outras opções de resposta. A sua cognição teria maior liberdade de retorno.

O que aconteceu no caso do Petrefiolismo? Nada. Simplesmente nada. Apenas um ruído na comunicação. Qual?

Eu mesmo entendo algumas vezes “simpatias” no vídeo com “pizzarias”. “Você acredita em pizzarias?”. E respondo: “Não. Só em hot-dogs!”.

Não vou me ater quanto ao Petrefiolismo em si, pois isto já faz parte da área da Física. (Espero que eu não tenha que desenhar uma ironia).

Mas o que se vê e se ouve no vídeo é um estado de crença. A partir de (até então) um neologismo. O Petrefiolismo para Fábia tem a ver com o nosso sistema imunológico. E por que não seria? Caso algum médico ou físico explanasse sobre tais ponderações. Mesmo não existindo, passaria facilmente a sê-lo.

A outra pergunta direcionada à Fábia é se ela já “lambuzou” de mel algum nome. Novamente eu fico estupefato com tantas perguntas “construtivas”.

Claro, não podemos ser extremistas e achar que não se deva mais fazer perguntas deste tipo. Quais tipos, não?

O que eu quero deixar exposto é que tudo o que é jocoso não se direciona também para o(a) repórter em ação. Mas apenas a quem busca mostrar sua própria opinião a respeito dos assuntos.

E acredito que para um destes fatores ocorrerem seria a falta de legitimação destes personagens. Ou seja, não é ninguém famoso ou possuidor de um título que toca no assunto para que enfim, ninguém questione nada e aplauda.

Não. É porque são as Fábias, Marias, Sandras que compõem a nossa sociedade que nos leva a utilizá-las como escopo da nossa própria ignorância.

Para simplificar: “Você está rindo de você mesmo”.

Espero que tenham entendido. Porque não pretendo detalhar aqui este assunto.

Pretendo analisar a percepção (ou falta) da repórter em se tratando do “Petrefiolismo”. Às vezes a notícia está na cara do entrevistador, mas não enxerga o óbvio. Já que ninguém havia ouvido falar sobre este tipo de Física, por que não explorar o assunto? (É preferível lambuzar nomes no mel?)

Volto com o ditado de que se conhece alguém mais pelas perguntas do que pelas respostas. O que seria este tal “Petrefiolismo”? Além do mais é feita a pergunta “brilhante”: Você acredita em céu ou inferno?

Uma loja poderia vir a ser o céu e o inferno. (Resposta fantástica de Fábia). Por que não? Tomando-se céu como paraíso e o inferno como dor e sofrimento. Experimente (não experimente) pegar seu cartão de crédito e sair comprando o que bem entender e tiver vontade. Depois de estar com tudo em mãos, espere a conta no final do mês para pagar.

É então que o discurso de Fábia ganha vida em meio à metáfora. Primeiro a loja é prazer, realizações e (para alguns) felicidade. Estes elementos se encaixam de um modo perfeito no céu. E no final do mês, estaria lá o inferno anunciado. O sofrimento com as dívidas.

Mas nem por isso ela será tomada pelo Picaresto Diabo que, como ela explica, é da literatura africana e não grega. E aqui retomo a Torre de Babel. Pois o entendimento pode ser realizado nas palavras de Fábia. Então por que há tanta relutância em aceitar o discurso dela?

Uma das explicações seria a defensiva e falta de disposição do espectador do vídeo em decodificar os significantes do discurso de Fábia;

Outra seria a falta de contexto por parte do espectador do vídeo das próprias ações e práticas da entrevistada;

Mas será que alguém se atreveria em pontuar o discurso de Fábia como sendo pobre e de um nível intelectual débil em relação a todas as perguntas a ela dirigidas?

Tomando-se como objeto de argumentação outro vídeo em destaque sobre o “Raciocínio Racional”. O repórter pergunta ao entrevistado qual o primeiro nome de super-mercado que lhe vem à cabeça. E seu Antonio responde com a maior convicção “Raciocínio Racional!”.

Pela etimologia de “mercado”, o dicionário que utilizei como fonte cita “lugar público onde se vendem e se compram mercadorias”. Ainda há outros significados, demonstrando assim diversas interpretações da palavra.

Então onde estaria todo este imbróglio neste vídeo em si?

“É o Raciocínio Racional. É o mercado do seu i.d. Do interior de cada ser!”. Assim enfatiza seu Antonio. Que ainda demonstra de forma superficial noções da morfologia cerebral.

De modo que, mais uma vez, quem errou, se é que alguém o tenha? Por que a pergunta não foi feita “Quando o senhor pensa em algum mercado comercial da região, qual seria?”.

Grande não? Mas não é melhor do que ouvir, caso não queira, a resposta “Raciocínio Racional”. Pois esta é a resposta que seu Antonio deu. E para ele esta será.

Então por que rir do seu Antonio se o que ele fala tem coerência?

De certo que ele e a Fábia tiveram seus direitos assegurados. Pois suas entrevistas estão sendo transmitidas.

No entanto, quanto mais “elevamos” a Torre de Babel, maior é a impressão de que não estamos nos entendendo.

Pareceria mais como uma necessidade extrema de tagarelar de um lado e vociferar do outro. Entretanto, ninguém estaria realmente se importando com o que vem de lá como o que vem de cá.

Não há em si comunicação. Apenas este desejo fetichista em aparecer. Não importa como. Não importa onde.

E o que seria direito em relação a tudo isto?

“Ehhh direito é uma coisa da rurgs puon que espõe a rerks twuturais.

É o direito é a régueque roisti a ongs troloris tworiqui coquais”.

Conceito extraído do vídeo do Youtube “O que é direito (versão legendada)”.

Delano Almeida
Enviado por Delano Almeida em 05/09/2011
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