O PALACETE DO MÉDICO
Sérgio Martins Pandolfo*
Valendo-se de lei municipal datada de 1955, assinada pelo Prefeito Celso Malcher, que era médico, e que determina a cessão de um terreno pelo poder executivo local em benefício da SMCP, a diretoria da entidade decidiu recorrer ao prefeito Edmilson Rodrigues para o cumprimento da antiga disposição legal, mediante solicitação oficial junto à PMB.
Após alguns encontros e tentativas ficou definido que a prefeitura cederia em regime de comodato, “o palacete construído por Francisco Bolonha, componente do denominado “Complexo Bolonha”, representado pelo último imóvel da Vila, que era certamente o mais atingido, posto que desabitado haouvia muitos anos, comprometendo-se, a SMCP a efetuar, com recursos próprios, a restauração do referido imóvel, tombado pelo Patrimônio Histórico, conservando as características da edificação.
Terminada a fase de discussão, passou-se à etapa de elaboração dos estudos para as obras civis de restauro e conseguimento de recursos para sua efetivação. Quase tudo foi conseguido através de intensa campanha empreendida pela diretoria da SMCP buscando a colaboração dos profissionais ligados à área médica e patrocínio de empresas privadas, bem como da ajuda de órgãos dos poderes constituídos. Contratos de publicidade também foram fechados com o mesmo fito, como é exemplo o direito de fixação, pelo período de dez anos, de plaqueta promocional nos encostos das poltronas dos auditórios. Contou-se igualmente, com a decidida e obsequiosa colaboração de profissionais da maior respeitabilidade para as obras de restauração, a saber: arquiteto Bichara Gaby, responsável pelo projeto de restauro e coordenação geral; arquiteto. Anésia Gaby, assistente de projeto; eng. Abdias Amaral, responsável pela engenharia de fundações; eng. Francimar Oliveira, projetos de instalação elétrica, rede lógica e de telefonia e eng. Gilberto Lima, assistente da obra e das redes de fiação. Todos e tudo sob a supervisão e fiscalização do Departamento do Patrimônio Histórico da FUMBEL/PMB.
Os trabalhos tiveram seu início em junho de 1998 e estavam totalmente conclusos no ato solene de inauguração do Palacete do Médico, nova sede social e administrativa da SMCP, ocorrida, como já ficou dito, a 14 de agosto de 1999, data comemorativa dos 85 anos de fundação da Sociedade.
Rico em exornatos, o prédio foi inteiramente reformado, obedecendo, rigorosamente, aos mais criteriosos e exigentes requisitos de preservação patrimonial, mantendo total fidelidade às características originais exteriores e interiores, merecendo Menção Honrosa do IPHAN.
A obra ficou magnífica, digna de encômios e admiração de toda a laboriosa categoria médica paraense, máxime dos sócios da SMCP, que havia tantos anos ansiavam por uma sede à altura de suas necessidades.
O Palacete do Médico, além de sediar a Sociedade dispõe, também, de um elenco de serviços de apoio às atividades médicas de nosso Estado e instalações condignas para a realização de eventos científico-culturais. Assim é que dois auditórios, de 25 lugares cada, contando com toda a infra-estrutura e recursos audiovisuais, estão à disposição dos seguidores da doutrina hipocrática para a realização de cursos, palestras, conferências, seminários, reuniões científicas, etc.
Biblioteca e videoteca igualmente lá estão instaladas, a primeira contando com apreciável acervo bibliográfico que inclui livros médicos antiqüíssimos, doados pelos familiares de colegas já falecidos, mas também, obras atuais, de interesse geral da categoria. A videoteca dispõe, desde logo, de cerca de 300 fitas de assuntos diversos, dentro do campo da Medicina.
Uma galeria de arte, para exposições permanentes e temporárias de obras de artistas plásticos que prioritariamente dedicam-se à nobre arte de curar, acolheu, logo de início, além de telas de médicos que se notabilizaram pelo pendor para a arte pictórica, como o saudoso Moraes Rego, as de muitos outros colegas que se dedicam, nos horários de lazer, a essa enlevante ocupação.
O Museu de Medicina esteve instalado, a princípio, em duas salas para esse fim dispostas no Palacete do Médico; logo o acanhado acervo do museu cresceu e atingiu proporções tais que não mais seria possível agasalhar e dispor, convenientemente, nesse restrito recinto, todo o cabedal amealhado por doação de profissionais médicos, familiares de outros já falecidos (muitos ilustres e até míticos), de entidades ligadas à Medicina ou áreas afins (Farmácia, Odontologia) e até por ocasionais doadores anônimos.
Oportunidade única que se ofereceu propiciou à SMCP a aquisição do imóvel apegado ao Palacete e também integrante da Vila Bolonha, que ficou destinado, assim, a abrigar, de forma condigna e definitiva, todo o já expressivo e precioso acervo do Museu. Os trabalhos de restauração e revitalização começaram em maio de 2000 e foram entregues, totalmente acabados, em outubro desse mesmo ano, devolvendo ao imóvel, que é soberbo e igualmente tombado pelo Patrimônio Histórico, todo o glamour e majestade de suas origens da época de fausto desta cidade de Belém. Como frisamos algures, “o Museu da Medicina é um museu dentro de outro museu”, o que, aliás, é uma tendência observada e recomendada nos dias correntes: o da destinação dos prédios históricos, necessariamente antigos, para abrigar pertinentemente, os cabedais museológicos. Os dois prédios estão interligados por acesso posterior, que muito facilita e simplifica as tarefas administrativas inerentes às suas serventias. Por sua importância e expressividade de que se reveste, o Museu da Medicina, vai, particularizadamente, tratado em outro lanço desta obra.
Galeria de ex-presidentes, na qual figuram, em quadros de uniforme configuração, todos os ex-dirigentes da entidade e integra o elenco de 21 dependências componentes do Palacete, nos seus dois andares, afora os cômodos do porão.
A Praça do Médico, instalada na área contígua ao prédio, serve de atrativo para encontros da classe, ao final do estafante expediente cotidiano, coquetéis, vernissages, saraus e encontros que tais.
Singela, mas sincera homenagem, prestada pela Diretoria da Sociedade à Profª Maria Anunciada Chaves, sob forma de placa indicativa do local onde essa querida Mestra de várias gerações de médicos desta terra viu, pela primeira vez, a luz solar, foi descerrada durante as solenidades de inauguração da nova sede.
Foi, sem ponta de dúvida, trabalho de grande envergadura da Diretoria capitaneada pelo atual presidente de nossa entidade má ter, Dr. David Bichara, que não se intimidou e nem mediu esforços e sacrifícios a fim de ver concretizada essa obra extraordinária, que, ademais de propiciar aos esculápios parauaras local condigno e adequado à realização de eventos científicos, culturais e de lazer, restituiu à cidade, totalmente remoçado, um prédio que só fará enriquecer seu patrimônio e fazer despertar ou revigorar a atenção para a necessidade de preservação da memória histórica de Belém.
Não se poderá, por fim, deixar de pôr relevo no fato de que uma sociedade médica, cuja atuação, até então voltada exclusivamente às atividades científicas e culturais da Medicina, não permitia pressupor estivesse, também, e de forma acendrada, preocupada com a conservação e revitalização do acervo histórico desta bela cidade, como ciosamente o demonstrou. Talvez seja, esse, caso isolado no País e prenúncio da chegada de novos tempos, de novos costumes, de novas posturas.
Bibliografia:
*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES/IHGP
Sérgio Martins Pandolfo*
Valendo-se de lei municipal datada de 1955, assinada pelo Prefeito Celso Malcher, que era médico, e que determina a cessão de um terreno pelo poder executivo local em benefício da SMCP, a diretoria da entidade decidiu recorrer ao prefeito Edmilson Rodrigues para o cumprimento da antiga disposição legal, mediante solicitação oficial junto à PMB.
Após alguns encontros e tentativas ficou definido que a prefeitura cederia em regime de comodato, “o palacete construído por Francisco Bolonha, componente do denominado “Complexo Bolonha”, representado pelo último imóvel da Vila, que era certamente o mais atingido, posto que desabitado haouvia muitos anos, comprometendo-se, a SMCP a efetuar, com recursos próprios, a restauração do referido imóvel, tombado pelo Patrimônio Histórico, conservando as características da edificação.
Terminada a fase de discussão, passou-se à etapa de elaboração dos estudos para as obras civis de restauro e conseguimento de recursos para sua efetivação. Quase tudo foi conseguido através de intensa campanha empreendida pela diretoria da SMCP buscando a colaboração dos profissionais ligados à área médica e patrocínio de empresas privadas, bem como da ajuda de órgãos dos poderes constituídos. Contratos de publicidade também foram fechados com o mesmo fito, como é exemplo o direito de fixação, pelo período de dez anos, de plaqueta promocional nos encostos das poltronas dos auditórios. Contou-se igualmente, com a decidida e obsequiosa colaboração de profissionais da maior respeitabilidade para as obras de restauração, a saber: arquiteto Bichara Gaby, responsável pelo projeto de restauro e coordenação geral; arquiteto. Anésia Gaby, assistente de projeto; eng. Abdias Amaral, responsável pela engenharia de fundações; eng. Francimar Oliveira, projetos de instalação elétrica, rede lógica e de telefonia e eng. Gilberto Lima, assistente da obra e das redes de fiação. Todos e tudo sob a supervisão e fiscalização do Departamento do Patrimônio Histórico da FUMBEL/PMB.
Os trabalhos tiveram seu início em junho de 1998 e estavam totalmente conclusos no ato solene de inauguração do Palacete do Médico, nova sede social e administrativa da SMCP, ocorrida, como já ficou dito, a 14 de agosto de 1999, data comemorativa dos 85 anos de fundação da Sociedade.
Rico em exornatos, o prédio foi inteiramente reformado, obedecendo, rigorosamente, aos mais criteriosos e exigentes requisitos de preservação patrimonial, mantendo total fidelidade às características originais exteriores e interiores, merecendo Menção Honrosa do IPHAN.
A obra ficou magnífica, digna de encômios e admiração de toda a laboriosa categoria médica paraense, máxime dos sócios da SMCP, que havia tantos anos ansiavam por uma sede à altura de suas necessidades.
O Palacete do Médico, além de sediar a Sociedade dispõe, também, de um elenco de serviços de apoio às atividades médicas de nosso Estado e instalações condignas para a realização de eventos científico-culturais. Assim é que dois auditórios, de 25 lugares cada, contando com toda a infra-estrutura e recursos audiovisuais, estão à disposição dos seguidores da doutrina hipocrática para a realização de cursos, palestras, conferências, seminários, reuniões científicas, etc.
Biblioteca e videoteca igualmente lá estão instaladas, a primeira contando com apreciável acervo bibliográfico que inclui livros médicos antiqüíssimos, doados pelos familiares de colegas já falecidos, mas também, obras atuais, de interesse geral da categoria. A videoteca dispõe, desde logo, de cerca de 300 fitas de assuntos diversos, dentro do campo da Medicina.
Uma galeria de arte, para exposições permanentes e temporárias de obras de artistas plásticos que prioritariamente dedicam-se à nobre arte de curar, acolheu, logo de início, além de telas de médicos que se notabilizaram pelo pendor para a arte pictórica, como o saudoso Moraes Rego, as de muitos outros colegas que se dedicam, nos horários de lazer, a essa enlevante ocupação.
O Museu de Medicina esteve instalado, a princípio, em duas salas para esse fim dispostas no Palacete do Médico; logo o acanhado acervo do museu cresceu e atingiu proporções tais que não mais seria possível agasalhar e dispor, convenientemente, nesse restrito recinto, todo o cabedal amealhado por doação de profissionais médicos, familiares de outros já falecidos (muitos ilustres e até míticos), de entidades ligadas à Medicina ou áreas afins (Farmácia, Odontologia) e até por ocasionais doadores anônimos.
Oportunidade única que se ofereceu propiciou à SMCP a aquisição do imóvel apegado ao Palacete e também integrante da Vila Bolonha, que ficou destinado, assim, a abrigar, de forma condigna e definitiva, todo o já expressivo e precioso acervo do Museu. Os trabalhos de restauração e revitalização começaram em maio de 2000 e foram entregues, totalmente acabados, em outubro desse mesmo ano, devolvendo ao imóvel, que é soberbo e igualmente tombado pelo Patrimônio Histórico, todo o glamour e majestade de suas origens da época de fausto desta cidade de Belém. Como frisamos algures, “o Museu da Medicina é um museu dentro de outro museu”, o que, aliás, é uma tendência observada e recomendada nos dias correntes: o da destinação dos prédios históricos, necessariamente antigos, para abrigar pertinentemente, os cabedais museológicos. Os dois prédios estão interligados por acesso posterior, que muito facilita e simplifica as tarefas administrativas inerentes às suas serventias. Por sua importância e expressividade de que se reveste, o Museu da Medicina, vai, particularizadamente, tratado em outro lanço desta obra.
Galeria de ex-presidentes, na qual figuram, em quadros de uniforme configuração, todos os ex-dirigentes da entidade e integra o elenco de 21 dependências componentes do Palacete, nos seus dois andares, afora os cômodos do porão.
A Praça do Médico, instalada na área contígua ao prédio, serve de atrativo para encontros da classe, ao final do estafante expediente cotidiano, coquetéis, vernissages, saraus e encontros que tais.
Singela, mas sincera homenagem, prestada pela Diretoria da Sociedade à Profª Maria Anunciada Chaves, sob forma de placa indicativa do local onde essa querida Mestra de várias gerações de médicos desta terra viu, pela primeira vez, a luz solar, foi descerrada durante as solenidades de inauguração da nova sede.
Foi, sem ponta de dúvida, trabalho de grande envergadura da Diretoria capitaneada pelo atual presidente de nossa entidade má ter, Dr. David Bichara, que não se intimidou e nem mediu esforços e sacrifícios a fim de ver concretizada essa obra extraordinária, que, ademais de propiciar aos esculápios parauaras local condigno e adequado à realização de eventos científicos, culturais e de lazer, restituiu à cidade, totalmente remoçado, um prédio que só fará enriquecer seu patrimônio e fazer despertar ou revigorar a atenção para a necessidade de preservação da memória histórica de Belém.
Não se poderá, por fim, deixar de pôr relevo no fato de que uma sociedade médica, cuja atuação, até então voltada exclusivamente às atividades científicas e culturais da Medicina, não permitia pressupor estivesse, também, e de forma acendrada, preocupada com a conservação e revitalização do acervo histórico desta bela cidade, como ciosamente o demonstrou. Talvez seja, esse, caso isolado no País e prenúncio da chegada de novos tempos, de novos costumes, de novas posturas.
Bibliografia:
- PALMEIRA, Amassi: Francisco Bolonha, Belém, Revista Espaço, págs. 18-24 out.1977.
- PANDOLFO, Sérgio Martins: Algumas Palavras, Ed. Do Autor, Belém, 2000
- PANDOLFO, Sérgio Martins: Palacete do Médico, Jornal Diário do Pará, 10/08/1999
- PANDOLFO, Sérgio Martins: O Complexo Bolonha e seu Construtor jornal Diário do Pará, 15/08/1999.
*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES/IHGP