Reflexões acerca do Estado de Natureza Humana

Costumo afirmar que o homem é essencialmente hipócrita e invejoso, o mesmo tem estes instintos “domesticados” pela presença coercitiva do Estado. Baseio minha argumentação na formulação hipotética de Thomas Hobbes, exposta na célebre obra denominada “O Leviatã”, na qual Hobbes afirma que com a ausência do Estado, o homem vive em guerra de todos contra todos, onde reina a anarquia e toda sorte de ameças a sua existência. A solução apresentada pelo contrato Hobbesiano, faz com que o homem abra mão da sua liberdade em troca da segurança, surgindo assim a figura do Leviatã, que é o Estado propriamente dito.

Não creio no Estado de Natureza romântico Rousseauniano, colaborativo, onde afirma-se que o homem faz o bem, porque enxerga-se no outro, isso já explicita o fato de sua ação caritativa dá-se por que ele vê-se em tal situação e não por caridade desinteressada. Aqui também entra a crítica a grande parte dos religiosos, pois fazem o bem para receberem uma recompensa divina, não desinteressadamente como fazem os ateus, estes últimos fazem o bem por altruísmo e não porque almejam um lugar no céu...

O homem é “domesticado” pela sociedade, seus instintos primitivos, animalescos, são suprimidos pela lei, pela Ordem , pela moral religiosa...são forças de coerção que impedem que venha aflorar o espírito libertino e anárquico do homem.

Mesmo nos dias atuais com a presença do Estado de Direito, as pessoas rebelam-se e cometem atos de selvageria, imagina se o mesmo não estivesse presente...tomemos por exemplo, pessoas excluídas da sociedade, privada de todos os meios básicos que dignifiquem a sua pessoa enquanto ser humano, com certeza cometeriam atos de depredação, vandalismo, saques contra supermercados e lojas em busca de alimentos e roupas para a sua sobrevivência, somente não o faz devido a coerção, a repressão da lei, que pune os infratores que ousam violar as convenções sociais.

Outro exemplo clássico dos instintos egoístas dos seres humanos, dá-se quando duas criancinhas estão brincando, quando uma delas está de posse de um brinquedo, a outra também quer este mesmo objeto e se utiliza dos mais diversos artifícios para obtê-lo, lembrando que a mesma nada sabe de leis ou convenções sociais, ela naturalmente vai agredir a outra, se assim não o faz, é porque é reprimida pelos seus pais, seja através da admoestação ou palmadas, mostrando assim a necessidade da coerção desde cedo, estabelecendo os limites do aceitável, do certo e do errado, os pais nesta contexto fazem o papel do Estado.

O homem geralmente critica alguém que está em uma posição social mais privilegiada que a sua, por inveja, pois se estivesse no cargo político que o criticado está, ou se ganhasse o mesmo soldo que este indivíduo recebe, ele também cometeria tais práticas que diz condenar.

Afirmo que o Estado deve ser forte, fazendo-se presente em sua integralidade, garantir a preservação da Ordem e da Paz, trabalhar pelo progresso, desenvolvimento para o bem e felicidade geral da nação, nunca “afrouxar as rédeas”, pois geralmente as pessoas confundem liberdade com libertinagem, baderna e desordem de toda espécie, trazendo o caos social e a volta do Estado de Guerra.

O ser humano nada tem de romântico, todas as suas relações políticas e sociais dão-se em torno de interesses, geralmente os mais mesquinhos possíveis, o mesmo sempre almeja a queda do próximo, é seu instinto natural, a “luta pela sobrevivência”. Daí então a religião cumpre uma função social extremamente importante neste contexto, “aplacando” este instinto destrutivo do homem, incutindo o “Temor a Deus”, submetendo-o assim à Lei e ao respeito aos seus governantes. Mas em contrapartida, o homem movido por sua pérfida hipocrisia, distorce completamente os valores ensinados pela Igreja e, passa a realizar boas ações, não porque deseja realmente fazer o bem ao seu próximo, pois na grande maioria das vezes, ele sente aversão pelas pessoas que são diferentes dele, mas sim, em seu íntimo, visando exclusivamente uma vida pós-morte no Paraíso.

O homem é extremamente competitivo, belicoso, hipócrita e principalmente, invejoso, este último sentimento faz com que muitos dos conflitos venham a se concretizar. Logo a importância da presença do Estado em “acalmar os ânimos” do povo, coibindo toda sorte de vícios e ociosidade, reprimindo qualquer espécie de desordem que venha a provocar transtornos a sociedade, afastando o fantasma do anarquismo, zelando pela preservação da paz, pois somente através da Ordem estabelecida dá-se o Progresso.

Adriano Couto
Enviado por Adriano Couto em 29/07/2012
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