CASAMENTO : UM DIA DE MUITO ENCANTO

Numa ensolarada manhã de sábado(04/05), eu fui testemunha num casamento civil, onde 28 outros casamentos aconteceram. Apesar da precariedade e do desconforto do espaço do Cartório, somado à falta de água( o galão de água se encontrava vazio e somente foi reposto quando não tinha mais quase ninguém) e do ar condicionado que estava desligado; consegui ver o encanto e a beleza dos casamentos que ali se realizaram.

Era muita gente. Noivos (e muitos deles com seus filhos),padrinhos e fotógrafos. De repente, ouvi uma fotógrafa dizendo: Essa não valeu. Você tá muito sério, rapaz. Sorria, vamos. Quero ver você sorrindo, dizia ela. E o noivo escancarou aquele sorriso largo e sincero no rosto. Era uma alegria que estava escondida e que ele a colocou para fora, feliz da vida.

Um outro noivo, também muito feliz, dizia : “é por isso que se diz que o casamento é algo que você nunca esquece. Como esquecer este dia - dizia ele – se aqui está um calor infernal e nem água tem para beber?

Um outro, brincava dizendo : “Vou desistir ; tá muito quente; vou embora.

De mais um outro, uma brincadeira com os seus convidados : “se casamento fosse bom não precisava de testemunha”. Mais adiante, chegou um padrinho e brincou com o noivo, dizendo: “Meus pêsames.”

Ao meu lado, um casal jovem. Á certa altura o noivo me perguntou, brincando : e aí, o senhor também está casando? Qual a expectativa do casamento? Influenciado pelo ambiente, cujo calor era de amargar, respondi: muy caliente. Logo consertei: olha, já sou casado há 43 anos. Os jovens nubentes me olharam como se eu estivesse dizendo algo muito surpreendente; e aí o noivo indagou: sério? Respondi: é verdade; esse casamento assim longo é porque eu e a minha esposa somos de uma época em que quando a coisa apresentava defeito, a gente não trocava e nem dizia “não quero mais”, mas procurava consertar. Tão diferente de agora, em que os casais não querem saber de consertar o relacionamento, achando mais fácil se separarem ou trocarem de parceiros como se trocassem de roupas.

Era assim, nesse ambiente sem ar condicionado, sem água e desconfortável, que vinte e nove noivos, seus padrinhos e fotógrafos, aguardavam o tão esperado momento de dizerem o “ sim “, e, por fim, ouvirem as sacramentadas palavras que seriam proferidas, quais uma sentença, a dizer que “de agora em diante eu vos declaro marido e mulher”.

Apesar de tudo o que se ouve a respeito do casamento e de sua falência, o que se nota, todavia, é que muita gente continua ainda casando, sejam jovens ou não. Por exemplo, havia ali no cartório um senhor que não era bem jovem assim. Era o seu quinto casamento. E, cheio de prosa, e se achando muito garanhão, ele contava ali, ao lado da noiva, filhos e seus padrinhos, que não só tinha casado cinco vezes, mas que tinha muitos filhos perdidos lá pelo nordeste afora, sua terra natal; até que certo momento o filho interveio e lhe disse: “pai, acho bom o senhor mudar de assunto”; e, ele olhou e deu aquela gargalhada, dizendo: “é coisa da vida, é coisa da vida, meu filho”. Séria e toda sem graça, a noiva fingia que nada ouvia. À certa altura cheguei a pensar: daqui a pouco ela vai ficar zangada e vai embora. Mas, a providencial intervenção do filho serenou as coisas e felizmente nada de ruim ali aconteceu. Eles se casaram e eu fiquei ali torcendo para que o casamento deles durasse ao menos um pouco mais do que os outros que o noivo tivera.

Mas, em relação ao casamento, o que se percebe é que essa onda de casais ora se separando, ora casando, é e será sempre contínua porque – ao que parece - quem está dentro quer sair e quem está fora quer entrar; daí que o mundo e as coisas podem mudar, mas as pessoas vão continuar casando. Que bom que nunca se separassem! Para alguns, a separação só acontece porque os homens são sem vergonhas. Sem querer defender ou acusar ninguém, eu diria que tudo isso acontece porque a força do homem é a liberdade, assim como a força de Deus é o amor. O homem tem de aprender a dominar esse anseio de ser livre, na certeza de que não existe a liberdade absoluta, mas somente a liberdade com responsabilidade. Embora o sexo seja uma peça também importante no casamento; a verdade é que a vida de casado não é só sexo e prazer, e nós – homens – temos de nos esforçar e aprender que dentre as coisas que as mulheres mais querem nos homens é que ele seja atencioso e fiel. Ah! ser atencioso até que é bem mais fácil do que ser fiel. Mas, embora a fidelidade beire quase o impossível, a verdade é que existe muitos homens fiéis.

As cerimônias matrimoniais que ali assisti foram simples, mas repletas de alegrias e de muito amor, onde todos os casais estavam felizes e radiantes. Afinal, ninguém casa pensando que um dia vai se separar, e a separação só acontece porque no amor a perfeição não existe e, com o passar dos dias, talvez anos, eis que na vida a dois também surgem as inevitáveis tempestades; e, por isso, o casal tem de ter força e maturidade para suportá-los, além de aprender a respeitar um ao outro e compreender que a partir do casamento a meta agora é um fazer o outro feliz, na certeza de que, juntos e felizes, as dificuldades são mais facilmente superadas, não devendo, pois, nunca desistirem do sonho de construírem uma família bonita e cheia de amor.

Foi um momento de graça e beleza. Foi um dia de muito encanto !

Parabéns, e muita paz e amor na vida de cada um de vocês que se casaram.

***

eldes@terra.com.br