PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ESPINHOS

O espinho ... para que serve o espinho? Você já se fez esta pergunta?

O espinho funciona, digamos, como uma espécie de defesa ... por exemplo, a flor possui espinhos para se defender dos seus predadores. Mas isso, sob um ponto de vista, porque, por outro lado, o espinho também pode ser útil ao predador. Seria um paradoxo?

Senão, vejamos. Uma flor possui espinhos e isso faz afastar os seus predadores. É um meio de defesa da flor. Os espinhos evitam o ataque de animais, de insetos e mesmo do homem. Mas, por outro lado, os espinhos também podem proteger os predadores. Pois, avistando-os, estes não irão atacar a flor e, consequentemente, não irão se ferir também. Conclusão: o espinho pode ser ruim e bom ao mesmo tempo, depende da maneira como analisamos o fato.

E na nossa vida é assim também. Homens e mulheres, sem distinção, todos possuímos os nossos espinhos.

E quais são esses espinhos? Dentre muitos, podemos citar alguns: falsidade, leviandade, timidez, desonestidade, misantropia, melancolia, arrogância, fanatismo, desasseio, sovinice, egoísmo, covardia, intolerância, preconceito, calúnia, injúria, preguiça, luxúria, falta de amor-próprio, vício em drogas ou bebidas alcoólicas. E por aí vai. Enfim, há uma infinidade de defeitos inerentes ao ser humano. Esses são os nossos espinhos.

Mas esses espinhos não são inatos do ser humano. Eles são adquiridos ao longo da nossa vida. Por um motivo ou outro, as pessoas se tornam portadoras dos mesmos. Seja por falta de uma educação básica, seja por estupidez ou por falta de inteligência, ou mesmo falta de oportunidade ou de compreensão, o fato é que a partir de um momento nas nossas vidas todos passamos a ter os nossos espinhos. Mas enfatizando aqui, como eu disse antes, esses espinhos não nascem conosco, nós os agregamos ao nosso comportamento, à nossa maneira de viver.

Parodiando uma frase conhecida – “ a vida não é feita só de flores” – posso dizer também que a vida não é feita somente de espinhos. E se esses espinhos são ruins, por um lado, eles podem ser bons por outro.

Se por um lado, esses espinhos nos afastam uns dos outros, nos fazem viver isolados ou dificultam a nossa convivência com o outro – e podem reparar numa coisa: há pessoas que fazem questão de possuir alguns desses espinhos ou defeitos exatamente com o propósito de se afastarem das demais - por outro lado (o lado reação) eles nos tornam mais prudentes, mais atentos e mais seletivos, o que nos permite fazer melhor as nossas escolhas. A boa notícia é que o ser humano não possui apenas espinhos ou defeitos, todos nós somos dotados de virtudes também. Porque o ser humano, por natureza, é bom.

Portanto, é preciso que tenhamos o cuidado de evitar esses espinhos, e em nós mesmos devemos procurar eliminar ou abrandar os nossos defeitos. Cada um de nós possui os seus espinhos, uns machucam pouco e outros magoam mais. E não devemos enxergar apenas os espinhos no outro, mas sim, buscar absorver o que o outro tem de melhor, e que na nossa convivência possamos aprender mais, ensinar mais e amar cada vez mais. E crescer sempre, espiritualmente.

E permita Deus possa chegar um dia em que nos tornemos menos imperfeitos e não haja mais a necessidade de tantos espinhos no mundo.

p.s.: texto elaborado a partir de uma frase d ’O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupery

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