A QUEM PENALIZAR?
A QUEM PENALIZAR?
Santa Maria, secai todas as lágrimas! Santa Maria, iluminai os jovens que não pediram para partir e a seus familiares, que não os viram regressar!
Diante de uma comoção que chegou até a outros países, pode-se ver a mobilização sempre tardia e reincidente, que nossos órgãos governamentais, meio empresarial e homens públicos, tomam após as grandes catástrofes.
Nós, os brasileiros, estamos cansados e descrentes de observar esse vil procedimento. Estamos saturados de saber que ele é passageiro e não vai nos dar a segurança de que necessitamos. Mais dias, menos dias, a cena se repetirá, porque falta o senso de responsabilidade com o coletivo, falta a conscientização permanente, que todo ser humano deveria portar - do pensar em ser moral, do agir na ética profissional.
É vergonhoso acompanhar, o cabedal de providências de última hora, como se com isso, fosse possível cobrir o luto de famílias desesperadas e o medo avassalador, que invade os lares brasileiros e tolhe a liberdade que outros jovens gostariam de ter, para viverem normalmente suas juventudes.
Como sempre, investigações tomam conta do cenário. Responsabilidades não custam a surgir, para calar a voz do povo e consolar os atingidos pela dor das perdas. Enquanto tudo isso acontece, a mídia vai faturando e os vulgos réus, vão trocando de lugar.
No início, o processo anda rápido, porque pressionado. Os políticos, com raras exceções, saem de suas vestimentas fantasmas, para exigirem soluções incontinentes. Oferecem fraternidade e apoio, mas não conseguem colocar no povo sofrido, a venda do esquecimento de suas ações.
Continuamos a acompanhar os acontecimentos e vamos observando o número de internados, com esperança de sobrevivência, aumentar a cada dia que se passa. A tóxica fumaça, que esses jovens inalaram em poucos segundos, tem efeito bem diferente daquela que aspiram os mandatários e seus correligionários, em seus conclaves para burlar a confiança e otimismo de milhões de eleitores, que ainda não aprenderam a separar o joio do trigo.
A festa continua por baixo dos panos, orquestrada pela ânsia do poder e a ambição por riquezas fáceis, maestrada pela corrupção que dissolve o sentimento humanitário. No palco, abrem-se as cortinas para excelentes atores, aplaudidos por seguidores da mesma laia, ovacionados pelos aquinhoados com esmolas sociais.
O tempo vai passar, acalmando os ânimos, acomodando a dor. Fianças e propinas irão inocentar os grandes culpados. No final - se nada mudar - serão recebidos pelas grades de uma superlotada penitenciária, aqueles que tiveram participação no final da linha, sem padrinhos e bons advogados para defenderem seus direitos.
Sabemos que mentalidades não são mudadas da noite para o dia, mas o povo brasileiro já tem motivos de sobra, para buscar novos horizontes no céu que contempla todos os dias. Mesmo sem a educação e saúde necessárias a um melhor esclarecimento, deve se deixar conduzir, pelos ensinamentos de um cotidiano seqüente de lutas pela sobrevivência. Deve fechar os olhos e tampar os ouvidos, para ofertas e promessas eleitoreiras. Enfim, não só deve ser o fiscal sempre presente, o obreiro vigilante de um futuro promissor para seus descendentes, como ainda, para limpar de seu próprio solo pátrio, a fétida lama que o invade.