Basta de manifestações; passemos a ações!

Já chega! O recado foi dado às autoridades. O povo (ou parte dele) foi à rua e manifestou sua indignação contra muitas coisas: preço das passagens, corrupção na política, possível aprovação da PEC 37, falta de investimento na saúde e na educação, gastos com a copa do mundo, etc e etc. Houve alguém que protestasse até contra Israel na disputa contra os palestinos!

Ocorre que, duas semanas após, as manifestações estão cada vez mais violentas. Assistimos depredações de patrimônio público (que é meu e seu), saques a lojas e, inclusive, ataques à imprensa. Não adianta dizer que a maioria dos manifestantes é pacífica. Os justos protestos dos pacíficos estão oportunizando a violência dos vândalos. Então, é hora de parar!

O Brasil já teve outras grandes manifestações populares. Na década de 80, o "Movimento Diretas Já" levou milhares às ruas. A população se juntou a pessoas como Chico Buarque e o jogador Sócrates para objetivo claro e definido: eleições diretas para presidente da República. Na década de 90, foi a vez do movimento dos "cara pintadas". Milhares de pessoas com o rosto pintado de verde e amarelo saíram pelas cidades para também pedirem a saída do presidente Collor de Melo, acusado de corrupção. Contudo, estes dois movimentos não trouxeram desordem ao país. Trabalhadores não ficaram com medo de ir ao trabalho, comerciantes não temeram por seu patrimônio, que foi conquistado ao longo de anos, policiais não foram feridos por estarem no cumprimento de seu dever e o patrimônio público não foi destruído.

Mas e agora? O que querem os manifestantes? São tantas reivindicações...Em várias cidades o preço das passagens já baixou. Não era este o problema? Será que não sabem os manifestantes uma máxima primária da economia: "não há almoço grátis". Ou seja, se você come sem tirar dinheiro do bolso, alguém está pagando pro você. Não é demagogia de político hipócrita não. Se as passagens de ônibus forem custeadas pelo governo, outras áreas de investimento público serão afetadas. É isto que de fato a população quer? Lembremos que 50 ou 100.000 em uma passeata podem não representar a população de uma cidade.

É hora de parar. É tempo de sair das ruas! Não para irmos para o imobilismo, mas sim para ações inteligentes e concretas. Há mecanismos para ajudarmos a criar uma sociedade mais justa. Primeiramente, devemos mudar a nós mesmos. Estamos dispostos? Os que esbravejam contra a corrupção, por exemplo, estão dispostos a não subornar o guarda de trânsito (que é corrupção), não furar a fila ou não colar na hora da prova? Ou os que desejam mais investimentos na educação, investirão em si mesmos para serem mais educados? Lerão mais? Estudarão mais?

Pensemos em maneiras de melhorar o lugar onde vivemos. Há trabalhos voluntários a serem realizados em creches, hospitais e asilos. Podem ser criados também projetos de lei de iniciativa popular para serem levados ao Congresso Nacional (há vários sendo criados). Associações comunitárias podem ser criadas para melhorias em seu bairro e/ou cidade. Pode e deve haver maior fiscalização do orçamento do governo (em suas várias instâncias). Enfim, são muitas as possibilidades. Há muito para se pedir, mas há muito mais para se fazer.

Ficar APENAS nas ruas clamando contra autoridades pode parecer revolucionário, mas no fim é cômodo. Assim, não preciso fazer nada, apenas exijo que alguém faça por mim.

Que o Brasil verdadeiramente acorde!