Sobre as manifestações

“O gigante acordou”. Com essa frase estampada em faixas, o brasileiro ganha as ruas. Multidões se unem para sinalizar ao poder que estão atentos, que sabem dos seus direitos e que por eles lutarão até o fim, haja o que houver. Querem qualidade nos serviços públicos e o fim da corrupção. Mais do que atentos, estão cansados.

Talvez por ignorância até esse momento não me sinta capaz de me posicionar a respeito do que assisto diariamente, depois de iniciada essa “guerra”. Por meio de informações fragmentadas, vejo mortos e feridos, estes física e psicologicamente, e o que sinto é um misto de dó e tristeza.

Cresce o número de mortos nessa batalha. Além de muitos que saíram machucados. Outros tantos tiveram violados os seus direitos, impedidos de trafegar até o seu destino, sem o medo de ter o seu carro danificado, desde que virou moda apedrejar e tocar fogo em veículos.

O saldo dessas manifestações para alguns donos de concessionárias em algumas cidades, por exemplo, é o pior possível: destroços e sujeira, denotando prejuízo, além da preocupação dos seus funcionários, que vivem de comissão e que, por conta do ato de vandalismo, passarão talvez alguns dias sem poder trabalhar. Carros depredados, peças roubadas, além de fogo nas instalações. Entendo que “manifestações” e “vandalismo” são coisas distintas, mas o que ocorre é que uma acaba favorecendo a outra. Vivemos numa sociedade podre, inundada de marginais que se aproveitam de um tumulto desses para agir tranquilamente.

Àqueles que se escondem com máscaras para não serem reconhecidos ao praticar atos ilícitos, aproveitando-se do agito das manifestações, por exemplo, são criminosos oportunistas que agem com mais facilidade, dada a situação de inquietação. O termo “pacífico” perdeu-se no primeiro dia. Não há quem possa garantir ordem em meio a milhares de pessoas reunidas, nem mesmo a própria polícia, que acaba sendo atacada também.

Pode ser que eu mude de pensamento, mas eu não permitiria que filho meu participasse dessas manifestações de jeito algum. Não tenho filhos para o sacrifício. E quanto mais policiais, maior o risco. Um confronto entre bandidos e polícia pode resultar em desastres lastimáveis.

Não sei se o que tenho pelos que se atrevem a enfrentar as ruas em meio aos vândalos é admiração. Quero respeitá-los ao menos. As respostas aos poucos estão chegando, isso é fato. Só me preocupa o sacrifício de pessoas. E tenho medo dos gigantes, essas figuras lendárias.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 28/06/2013
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