Infidelidade, não se pode racionalizar!?

Quando me propus a escrever esse artigo, não tinha a menor ideia para qual linha levaria o assunto, até porque ele possui muitos vieses, sejam por valores morais, sociais ou religiosos de alguém, seja por fatores históricos, criação, machismo, simplesmente por safadeza mesmo, por instinto, enfim, então tentei direcionar meu raciocínio para uma direção diferente.

E o caminho escolhido foi à racionalização, ou seja, não importa a origem, os fatores e a classificação, sempre existirá uma desculpa, uma razão ou um motivo para tentar justificar tal atitude, em resumo, é tentar tornar racional um ato “im”pensado e impulsivo (ou não) em algo explicável e lógico ao outro.

Difícil? Pois é, a mente humana é assim mesmo, em outras palavras é quando temos a consciência de estarmos fazendo algo errado e nesse momento a nossa mente acaba criando formas de nos desculparmos, é como se estivéssemos vivendo em um mundo de ilusões, onde precisamos criar falsos motivos, contando mentiras ao nosso consciente com o objetivo de enganar nosso subconsciente e assim não ferir nosso ego e nossa autoestima.

Transformar o resultado de uma ação em algo explicado pela razão, nem sempre pode ser considerado uma justificativa, o que foi feito não tem volta e palavras não ajudarão a consertar certos erros de conduta.

De um modo geral, a humanidade chegou a uma fase em que não podemos mais negar a presença plena de consciência de normas de conduta apropriadas, e constantemente seguimos regras e procedimentos pré-definidos, seria como se fosse uma herança moral e social que ao nascermos somos preparados para segui-las. E tudo isso justamente para conseguirmos conviver bem ou pelo menos permitir a coexistência com o restante do mundo civilizado.

E o que isso exatamente tem a ver com infidelidade e racionalização? Tudo, partindo do princípio que todos sabemos a diferença entre o certo e o errado, a traição deixou de ser um erro e ninguém poderá ser classificado como ignorante quando abordado sobre o assunto. Fato é que muitos podem dizer que esse ato impulsivo, tem relação com o instinto presente nos seres humanos, pode até ser, até porque o pai da psicanálise Sigmund Freud, determina dois instintos principais presentes em nós, sendo Eros, na esfera da Vida, que em linhas gerais estaria ligado à libido ou ao impulso vital, um dos instintos primários da humanidade e também Thanatos, na esfera da morte, que estaria relacionado à separação e/ou segregação de tudo que é vivo, à destruição.

Particularmente, acredito que ao tomar a decisão de se tornar uma pessoa infiel, o homem (no sentido de raça humana), está escolhendo, ou no mínimo deixando claro, não se importar com a possibilidade de destruir uma relação baseada na confiança, desconsiderando totalmente o “contrato” sentimental de exclusividade e dedicação assumido anteriormente. Precisamos entender que, levando em conta a afirmação de Freud de que mesmo tendo Eros e Thanatos em nossa essência, um não pode pesar mais que o outro, é preciso que haja equilíbrio entre os dois instintos, até porque, o homem, como um ser inteligente que é não pode mais se dar ao luxo de ser dominado pelos instintos, pois caso contrário estaria se igualando aos animais e fazendo isso, poderia abrir precedente a realização de outros atos irracionais, até mais graves e brutais.

Outra questão é se homens machistas traem mais, acredito que não seja um motivo que explicaria totalmente tal atitude, entendo sim que muitos machistas, possuem a falsa ideia de que, por serem homens, possuem o direito de manterem uma relação extraconjugal e que em contra partida as mulheres não teriam o mesmo direito, seria quase uma norma de conduta especialmente criada para eles. Mas como foi dito, não podemos classificar esse motivo como sendo o principal, pessoas traem por diversas razões, pela carência, falta de atenção do parceiro, seja afetivo, emocional e consequentemente de estímulo e interesse, as pessoas podem trair por vingança, pagando um erro com outro, pode ser apenas por diversão, pra variar ou simplesmente pelo fato de se sentirem desafiados, alimentando dessa forma seu ego.

Enfim, com todos os possíveis motivos citados acima, fica fácil tentar justificar a infidelidade, tantas razões e explicações que podem ser dadas, que racionalizar com certeza é a melhor forma de nos sentirmos menos culpados, pois transferindo a responsabilidade dos nossos atos e transformando a causa em razão, nos tornamos alquimistas, nesse caso transmutaríamos sentimentos inferiores presentes em nossa essência (quanto animais), em algo falsamente valioso e assim, limparíamos nossa consciência, ficaríamos em paz com nossos princípios e ainda tentaríamos reverter nossos erros, fazendo-se entender que a origem dessa má conduta cometida, está diretamente ligada a uma postura inadequada do parceiro (a).

E pra finalizar, não há nada melhor que se olhar no espelho e se valorizar, acima de tudo é preciso que nos amemos, pois só assim vamos poder amar alguém, e acreditem, “comentem-se muito mais traições por fraqueza do que em consequência de um forte desejo de trair”, portanto, sejamos mais fortes, se dediquem aos seus parceiros, tentem construir uma relação sólida e digna, admirem suas qualidades e respeitem seus defeitos, e tenham certeza que o “fraco” que trai, perde 90% do seu caráter e só não perde os outros 10%, pois ninguém é 100% perfeito.

Moises Tamasauskas Vantini
Enviado por Moises Tamasauskas Vantini em 28/09/2013
Código do texto: T4502138
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