Copa ou hospitais?

A última moda é protestar. E protestar contra a Copa do Mundo é melhor, dá ibope, pois a Copa está na mídia. Até os apresentadores de programa de TV entraram nessa onda. “O Brasil faz Copa do Mundo, mas não constrói hospitais pro povo”, berra na televisão o Datena, achando que está sendo o porta voz dos que o assistem. Nas ruas das capitais, manifestantes, jovens em sua maioria, rapazes que deveriam estar trabalhando ou estudando, gritam e xibem faixas e cartazes contra o torneio de futebol. Esquecem-se, porém, de um pequeno detalhe: Há mais de 50 anos a Copa do Mundo não é realizada no Brasil, portanto, neste período o País não gastou um único centavo com este evento. E se também neste período não construiu os tais hospitais, quem culpa tem a Copa? Porque acusá-la de ser a raiz de todos os males que afligem a Nação. Ou alguém acha que se não houvesse Copa agora, os recursos que estão sendo investidos na sua preparação seriam todos aplicados em benefício dos mais carentes?

Protestar contra desvios de recurso, ou superfaturamente das obras dos estádios, se houverem, é justo, legítimo e necessário. Mas contra o evento em si? É necessário lembar que se tem custos elevados, a Copa do Mundo traz benefícios. Quanto será gasto aqui pela massa de torcedores, jornalistas, delegações e outros que virão acompanhar o evento? Veja, por exemplo, os hotéis do Rio. Dobraram os preços das suas diárias para o período da Copa e já estão com ofertas de vagas esgotadas. Quanto lucrarão? E os táxis? E os bares e restaurantes? E os vendedores de côco nas praias cariocas? E o comércio em geral?

Fácil adotar a posição do Datena, a de criticar achando que representa a voz do povo. Ao invés de pensar, analisar, e como bom jornalista que se acha, procurar esclarecer aos menos esclarecidos, soma-se a eles utilizando as câmeras e microfones da TV paulista.

Há, sim, muito o que se protestar no Brasil. Contra o cargo de vice, por exemplo. Ganham para não fazer nada. Recursos dos impostos duramente pagos pelo povo que vão em grande parte para os bolsos de pessoas pagas para não trabalhar. Protestar contra parlamentares que têm apartamentros funcionais em Brasilia, e mesmo assim recebem dos cofres públicos auxílio moradia. Protestar contra a ineficiência de um Congresso Nacional que até hoje não regulamentou artigos importantes da Constituição de 88. Contras faculdades de Medicina que todos os anos diplomam centenas de profissionais despreparados. Médicos que vão clinicar na rede pública, e que jamais conseguem detectar os males físicos dos seus pacientes.

A Copa do Mundo é um evento mundial, que traz visibilidade ao País. Certamente, muitos dos estrangeiros que aqui estarão durante a Copa, virão ao Brasil pela primeira vez. E poderão voltar depois, se forem bem recebidos, pois o Brasil é um país com características únicas, com sua diversidade, suas beleza naturais, sua cultura, seu maravilhoso litoral.

É, portanto, lamentável que certos setores da imprensa se filie à corrente daqueles que querem protestar por protestar, contra tudo e contra todos. Isso quando não promovem quebra-quebra, roubos, invasões, danos ao patrîmônio público e privado. Creio não ser este o papel de uma imprensa séria e responsável. Mas, enfim, somos o País do BBB, não podemos exigir muito. Nem mesmo da imprensa.

Roberti
Enviado por Roberti em 16/03/2014
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