O OLHAR PERDIDO DE UM MENINO

O olhar perdido de um menino

Nos semáforos, lá está ele, sujo, cansado.

Ele te pede um pedaço de pão ou um uma pedra de crack.

Um pouco de dinheiro para comprar comida ou aquele tênis de marca que a mídia joga na cara dele, todos os dias.

Hoje ele não foi à escola; talvez ele não conheça a escola.

Seu filho tem tudo e ele não tem nada.

Como será que ele se sente?

Ser criança, às vezes, é muito difícil...

As carteiras das escolas estão quebradas e os estádios de futebol um luxo só.

Vale a pena continuar assistindo os jogos comerciais e os comerciais dos jogos?

Que país é esse que valoriza o jogador, o artista, mas despreza os outros filhos seus?

O olhar perdido do menino continua, sem saber aonde vai parar; ele não sabe nem o que procurar, porque ninguém falou pra ele qual o caminho que ele dever seguir ou talvez tenha falado que isso é o destino...

O futuro de nosso planeta está nas mãos de muitos desesperançados e infortunados.

Aqueles que têm muito não aprendem a dividir, querem sempre mais e mais.

A fuga da realidade é um passo dado ao extermínio fatal.

É preciso que alguém segure as mãos desse menino e lhe fale de amor, lhe dê esperança, um lar, uma família, para que ele entenda o que é Deus e que vale a pena crer nele.

É necessário cuidar do olhar perdido desse menino para que ele encontre a paz que ele tanto procura, às vezes em lugares que nunca irá encontrar.

É preciso ensiná-lo a rezar, a perdoar, a caminhar para que amanhã ele não tire a vida de seu semelhante. A mesma mão que serve para matar serve para abraçar, e o valor de um abraço é sentido e depois repassado. As mãos são conduzidas pelo coração...

O olhar do menino perdido encontra o seu, mas você fecha o vidro do seu carro.

O olhar do menino perdido olha a comida e sente o cheiro do prato saboroso, mas ele não pode comprar e ninguém se dispõe a dar-lhe.

O olhar do menino perdido só pede que seus olhos velem por ele e que suas mãos toquem as suas, para que ele se encontre no mundo e mude-o, então.

O menino e seu olhar; nós e nossos olhos. Olhemos por eles.