Juízes de Garagem!

Um dos grandes defeitos da humanidade; se é que posso classificar dessa forma; é a necessidade inconsciente de se tornarem juízes de garagem. E com isso quero dizer simplesmente que ao julgarmos a postura e a atitude de alguém, sentimos instintivamente a sensação de sermos perfeitos e assim nos eximimos de qualquer falha que eventualmente tenhamos cometido em algum momento de nossas vidas.

Por definição, uma pessoa para se tornar juiz; digo juiz mesmo, de profissão; primeiro precisa se formar advogado, mas não basta apenas ser graduado em direito, a habilitação para advogar requer que o cidadão seja aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, em seguida o mesmo cidadão precisa prestar concursos específicos para ingressar na magistratura (ser juiz) e mesmo com todo esse esforço e dedicação, a recompensa pode demorar até no mínimo 7 (sete) anos para se materializar, em resumo, ser juiz magistrado dá trabalho.

Mas para ser um juiz de garagem é muito mais fácil, é necessário apenas ser formado em hipocrisia, eu poderia facilmente entrar na questão religiosa do “não julgueis, para não serdes julgados...”, mas acredito que meu raciocínio vai além desse mérito, penso que muitos erros cometidos, justificados pela indignação e repúdio da sociedade perante alguma situação que entende-se ferir as normas de conduta social é uma forma de classificar os responsáveis como pessoas inaptas a viver em sociedade.

E voltemos a falar do juiz magistrado, qual o seu papel na sociedade? Basicamente ele tem a função de dar a cada cidadão o que; segundo a lei; definiu-se como justiça entre os homens, mas o fato de termos lei, não significa efetivamente que temos justiça, afinal, as leis nada mais são que um conjunto de normas e regras impostas por uma autoridade soberana prescrita pelo poder legislativo, ou seja, em poucas palavras são obrigações impostas à sociedade. E quando falamos de justiça, muitos dizem que ela é cega, conceitualmente pode até ser, mas não é o que vemos na prática, pois a mesma lei que é usada para julgar o cidadão como culpado, pode ser usada para abrandar a pena e até mesmo inocentá-lo, enfim, onde quero chegar com tudo isso? Simples, os homens imperfeitos que definiram nossas obrigações são os mesmos homens que julgam e tentam manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal.

E essa controvérsia acaba gerando na sociedade uma sensação inata de impunidade, compreendo a insatisfação de muitos diante de um cenário que demonstra total descaso com a justiça, porém o que não justifica é o fato de muitos; por terem um conceito distorcido do justo; praticarem barbaridades em seu nome, com tudo isso, fico pensando quantos erros reativos não são cometidos levando em conta a falsa idéia de estarem defendendo o que acreditam estar certo.

Sendo assim, que possamos aprender a sermos juízes de nós mesmos, entendendo que melhor que a justiça do homem é a justiça de Deus.

"Um erro não justifica outro."

Moises Tamasauskas Vantini
Enviado por Moises Tamasauskas Vantini em 12/09/2014
Reeditado em 12/09/2014
Código do texto: T4959816
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