FANTASTICO: SENSACIONALISMO DEMAIS E AÇÃO DE MENOS

Não tenho o hábito de falar palavrões, mas o Fantástico da rede Globo é uma MERDA! Leia abaixo o porquê de eu falar isso:

Depois de durante a semana noticiar o caso de um garotinho de apenas 9 anos entregue ao mundo da marginalidade, na região oeste de Goiânia, abriu o programa com o caso e pecou descaradamente ao mostrar uma imagem escura do bairro, como quem quisesse esconder algo. Simplesmente trouxe o caso do garotinho à tona e nem sequer colocou seu posicionamento acerca! Ora mostrar um fato numa matéria produzida às pressas para conquistar audiência é fácil, queria ver era a produção do programa ter coragem para escancarar e mostrar a verdadeira realidade das comunidades brasileiras do programa Minha casa, Minha vida, dizer o que você precisa saber sobre o programa Minha Casa, Minha Vida.

Por que não disse que o programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, surgido com o objetivo de reduzir o déficit habitacional brasileiro, realmente livrou milhares de famílias da praga do aluguel, porém, passados cinco ou seis sofridos anos da criação desse programa que ao invés de ter transformado o sonho da casa própria em realidade para muitas famílias brasileiras, se transformou num cruel pesadelo, impossibilitando as famílias contempladas usufruir de sua moradia dignamente?

Por que não esclareceu que o programa Minha Casa, Minha Vida se consolidou de modo forçado, isto é, mais publicidades e menos desenvolvimento social e infraestrutural? Por que não mostrou que nada mais é que um reforço do poder público para a concretização do modelo periférico de urbanização, por meio da edificação de extensos conjuntos habitacionais nas regiões periféricas das metrópolis sem oferecer a infraestrutura básica?

Por que não disse que a ideia de livrar famílias do pesado aluguel por parte do Governo é um cumprimento constitucional, mas a edificação de complexos habitacionais em espaços muito distantes da urbe é uma ação excludente e preconceituosa em relação às classes de pouco ou nenhum poder aquisitivo?

Por que não disse, por exemplo, que em Goiânia, embora a ideia da instalação dos conjuntos habitacionais também tenha sido das melhores, já se comprovou que o programa Minha Casa, Minha Vida não deu certo? Por que não colocou como exemplo claro e visível disso os Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo, complexo habitacional localizado na região oeste da Capital, que possui ao todo 2. 378 casas e 1. 808 apartamentos habitados, aglomerando atualmente mais ou menos 25.000 moradores que estão de mãos atadas sem saber o que faz com os filhos? Esse empreendimento, leitores, além de não ter sido entregue com a infraestrutura necessária, as casas sem áreas e sem garagens foram entregues aos moradores somente no contrapiso, as ruas continuam sem asfalto, posto de saúde não funciona, escola e creche municipais não atendem a demanda, escolas estaduais, posto policial, rede de esgoto, áreas para a prática de esporte e lazer não existem e a linha de ônibus, que já melhorou um pouco com a luta do povo, ainda é muito ineficiente. A verdade que devia ser dita por todos é que até a presente data, pouquíssimas mudanças foram feitas, pouquissímos benefícios chegaram ao empreendimento habitacional e o pouco que chegou não foi pela vontade das autoridadades competentes, foram árduas as lutas dos moradores até a conquista. Contudo, a poeira, se na seca, ou a lama, no período chuvoso continua tomando conta das ruas. Erosões ainda cobrem adultos e oferecem riscos às crianças. Crianças que não tem nenhum ambiente para brincar, a não ser rústicos campos de chão batido, praticamente construídos pela própria comunidade.

O que o programa não procurou saber e se soube não quis divulgar é que, como se não bastasse o fato de o bairro ter sido entregue aos moradores sem nenhuma infraestrutura, passados quase cinco fatigáveis anos de sua existência, atualmente cerca de 25.000 moradores de baixa renda não contam com os direitos básicos garantidos pela Constituição Federal! Falta asfalto, rede de esgoto, segurança, praça, área de lazer etc., mas, um dos maiores dramas vividos pelos moradores é a falta de escola (principalmente as estaduais) e creche para atender a população.

Excetuando duas pequenas escolas e outra em fase de construção das primeiras fases do Ensino Fundamental e duas creches municipais que não conseguem atender nem 30% da classe estudantil, a escola estadual mais próxima se localiza a cerca de 6 quilômetros e está situada em outro bairro e não há vagas suficientes. Por conta do descaso do poder público, para com a comunidade dos Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo, todos os dias mais de 900 alunos, tanto da rede estadual quanto da rede municipal de ensino se aventuram pelas rodovias, em transportes escolares, transporte convencional e caroneiros a caminho da escola, quando o essencial seria a construção de equipamentos educacionais que atendessem todos os alunos do complexo habitacional para que não corressem risco de acidentes durante o trajeto da moradia à escola e vice-versa.

Lamentavelmente, nobres leitores, os idealizadores do programa Minha Casa, Minha Vida fingem não saber que, afastados dos centros urbanos, os moradores desses complexos habitacionais espalhados por todo o Brasil são obrigados a conviver com a inexistência ou insuficiência de transporte público de qualidade, equipamento escolar, posto de saúde, área de lazer e saneamento básico.

Por que o Fantástico não disse que o caso do garotinho não é um caso isolado e que as crianças, adolescentes, enfim, grande parte da juventude está se perdendo nos residenciais Brasil a dentro do programa Minha casa, Minha vida, por falta de estrutura?

Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 15/09/2014
Código do texto: T4962815
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