A Sociedade e Nossos Valores Culturais

Vi recentemente o filme Wild; noto que esse tipo de abordagem é tipicamente americano e, dificilmente uma brasileira, sozinha, se aventuraria nas selvas e desertos inóspitos e, não porque sejam menos corajosas; pode até haver alguma ( ou algum) que se arrisque a tanto, mas, sempre trabalhando com o genérico e, não a exceção, nossa cultura, como a da maioria dos países latinos, é gregária, ou seja, o que faria um brasileiro? Juntaria sua turma para fazer uma viagem pela selva. Percebemos isso na nossa mania de festas, da convivência, ou familiar ou de companheiros de trabalho, de estudos.

Por isso causa estranheza o tal de "my way" dos americanos, de nórdicos ou do norte da Europa; para esses o "eu me fiz sozinho, eu venci, eu sou grande" tem um significado que não daria certo, como, aliás, nunca deu por essas bandas, mas quando analisamos povos, temos que observar a marca cultural, que é fundamental, senão acabamos em equívocos; transplantar diretamente para cá conceitos e visões de mundo nunca funcionaram muito bem, com exceção para meia dúzia, mesmo porque somos também um caldeirão de culturas, porém, em todos os países da América Latina a origem de nossa cultura é a Roma antiga, representada pelos povos Ibéricos (Portugal e Espanha); com isso , nossa cultura é gregária, familiar, de grupo, como os são os chineses, coreanos, mas, por outro motivo.

O que quero dizer é que quando transplantamos esses valores do norte da Europa ou da América Anglo-saxônica, acontecem aqueles choques, e , sempre tendemos para o lado de que somos "menos eficientes"; ao contrário, damos valor ao coleguismo, ao grupo,e, às vezes, infelizmente, ao apadrinhamento, mas , os valores culturais não se mudam da noite para o dia, ou nunca mudam, com exceção de música, cinema, modismos, mas, tendo em conta o poderio econômico das grandes potências, na última copa vi que raríssimas pessoas sabiam as mais básicas expressões de Inglês, o que dirá de outras línguas. Seria apenas falta de estudo? Quando lembro que o pequenino Portugal, com um milhão de habitantes ,conseguiu impor sua língua e cultura a indígenas que tinham seu repertório cultural imenso e não havia os meios de comunicação atuais, vejo que em matéria de imperialismo, felizmente, eles ainda têm muito que aprender.