A TV GLOBO ESTÁ FALINDO?

Xuxa na Record: Sinais de falência da Globo ou da televisão brasileira?

Fiquei sem energia elétrica em casa devido a uma forte chuva. Faltava ainda muito tempo para a hora boa, a de dormir. A TV, sempre ligada na parte noturna, a iluminar o ambiente e, meio cabreiramente, a entreter, não podia cumprir seu papel devido à sua dependência de energia elétrica.

Pus-me a ouvir em viva voz ao celular a suave, inteligente e requintada programação musical da Rádio Guarani de Belo Horizonte. O celular também virou livro. Acessei um site via internet móvel para ler o extenso conteúdo explicado em texto e imagem. As velas acesas não davam mais luminosidade do que a luzinha do celular, do contrário eu teria pego um livro ilustrado ou uma revista para folhear e ler ao mesmo tempo que eu ouvia a programação da estação de rádio.

No desenvolver das horas é que me dei conta de um fato. Eu estava a substituir plenamente a televisão. O que é a televisão senão a combinação de textos, sons e imagens? Não fosse a hipnose que sofri esses anos todos me prostrando em frente à essa mídia eletrônica de audiovisual eu não seria tão inconscientemente dependente dela. Ao ponto de ter que acabar o fornecimento de energia para eu conseguir escapar um pouco dela e perceber que há no meu próprio ambiente alternativas muito melhores para se gastar o tempo.

Depois eu voltei a me tocar. Como eu estava me sentindo independente ao assimilar informação ou a me entreter do jeito que eu lá ia me virando. E com a mesma intensidade de prazer e emoção com que a forma com que eu estava acostumado a fazer essas coisas me proporcionava. Não senti falta nenhuma da televisão.

Pelo rádio eu obtinha música, informações culturais, notícias. Até radioteatro eu obtive. Pelo celular eu absorvia textos informativos e celebrava fotografias. Tudo com duas diferenças marcantes: eu é que escolhia o que eu queria ler e ver e o consumo energético era mínimo. Não fosse o fato de uma hora a bateria do celular ir a zero e eu depender de uma fonte de energia para recarregá-la eu estava completamente livre do Sistema para ocupar meu tempo ou me informar. Eu não teria que pagar nada para me divertir e conhecer mais um pouco. Se em vez do celular eu estivesse a usar um livro ou uma revista para tomar o posto da leitura de textos e gravuras no que diz respeito ao sentido da visão eu já estaria dentro dessa filosofia de economia e independência. E com direito de trabalhar mais dois sentidos: o do olfato (Hum...cheiro de página de livro!) e o do tato. A interatividade é muito maior do que só pregar o olho na tela de um aparelho televisor a fitar fótons de luz que se alternam e dão a ilusão de imagem em movimento. Meu cérebro iria me agradecer pela neuróbica.

Eu me senti em paz também. Notei claramente o quanto a televisão perturba, tira-nos a paz. Mesmo limitado por causa das limitações que o meio eletrônico sofre, o celular – ou a leitura por meio eletrônico melhor dizendo – é melhor opção do que a televisão para nos fazer companhia. Poderia ser, também, um aparelho reprodutor de vídeo o substituto da televisão. Não teria problema algum. Não perde a característica de poder-se assistir filmes e outros vídeos quando se quiser ou a de estarmos sob o controle do que quisermos absorver.

É, parece que a TV (a instituição e não a tecnologia) está com os dias contados. Já perde espaço para a internet, tanto a internet acessada pelo computador quanto pelos mobiles. Vai perder também para aqueles que estiveram a informar e entreter as pessoas muito antes dela e que ela quase dizimou: os livros e o rádio. No fundo isso vai ser bom.

A TV rebelou-se, virou mandona. É mídia gananciosa e que gosta de corromper sua audiência. É arma de conspiração contra o povo. Não é à toa que Hitler esteve por trás de sua invenção e a usou amplamente para fazer propaganda do Nazismo. Políticos e empresas gostam de copiá-lo e usar a TV para lhes prestar serviços vis.

Esse tempo está finalmente se indo. Muitos já sabem que para se ver um mundo melhor é preciso parar de assistir televisão. Os demais, o rádio e os jornais, talvez os sites também, acabarão aprendendo a lição e saberão se comportar. Se alinharão aos novos tempos em que a ordem será servir ao povo, buscar a harmonia e a verdade, mostrar exemplos que inspiram e não que moldam para o mal. Chega de usar mecanismos de comunicação de massa para praticar engenharia social. Junto com os meios de comunicação se ajuizarão os políticos e as empresas. Que dependem mais do povo do que a mídia depende. É inevitável que eles se corrijam. Terão enriquecido o bastante e para manter o status não poderão contar com a malvada televisão para enganar o povo a lhes enriquecer mais ou a lhes manterem na riqueza.

Quem sabe a TV dê a volta por cima. Se humilhe, desça do salto e se comporte perante o público. Deixa de ser arsenal da ganância e palco para a corrupção mercantilizada por midiáticos, políticos, empresários, igrejas, agremiações e confederações esportivas e volta a ser a caixinha mágica que outrora levava ingênuas, divertidas ou emotivas ilusões, sem resistência, para dentro das casas e fazia jus ao título de transmissora de felicidade.

Sou alguém que no passado apreciou bastante a televisão. Mas, infelizmente, a evolução da telinha fez com que meu encanto deixasse de existir.