As missões - Um estudo do "providencialismo jesuítico"

O filme “A Missão” (1986) nos mostra que havia europeus que queriam “cristianizar” os nativos da terra recém descoberta e outros que apenas queriam capturá-los para fazê-los de escravos.

O que os povos do Pindorama sentiram com a chegada dos portugueses é incomensurável. No futuro “Brasil”, havia uma população de 5 milhões de nativos, de diversas etnias e por volta de 1.175 línguas. No fim do período colonial sobraram 800 mil indivíduos e menos de 180 idiomas.

Numa época na qual apenas 5% da população de Portugal era alfabetizada, a da nova colônia era menos ainda. 99,5% dos brasileiros eram analfabetos no início do séc. XIX, segundo Houaiss. Portanto, em 300 anos, a Coroa conseguiu alfabetizar apenas 0,5% dos colonos (sem a ajuda dos jesuítas esse número seria ainda menor). A educação no Brasil retrocedeu, justamente, após a expulsão dos jesuítas em 1759.*

Em 1549, com a chegada de Tomé de Souza, vieram cinco ou seis padres e um superior. Quanto da expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal, haviam 510 deles no Brasil, sem contar os missionários de aldeamentos.**

O primeiro colégio jesuíta, segundo Cynthia Veiga, foi fundado em Salvador, em 1549. Lá se ensinava língua portuguesa para os curumins através do tupi-guarani; catequese; aritmética; canto; e manejo de instrumentos musicais. As missas também eram proferidas em tupi.

Cynthia Veiga fala do “ir” e “ensinar” jesuítico. O “ir” significava romper as distâncias entre os povos e “ensinar” significava o triunfo da inteligência. O historiador Luiz Gonzaga Cabral ainda acrescenta a principal missão dos jesuítas: “cristianizar”, ou seja, levar para os “povos condenados” o ensinamento de Cristo (ou a providência divina – o “providencialismo jesuítico”), nas palavras do historiador: “o triunfo da vontade.”

Primavera/2014

NOTAS:

*É importante lembrar que nessa época a educação não era papel do Estado (isso talvez explique o analfabetismo da população portuguesa de 95%). Os jesuítas e outras ordens eram uns dos poucos privilegiados com a cultura erudita e trouxeram para o novo continente seus conhecimentos.

**A vinda desses padres para a colônia tinha como razão expandir a fé católica, abalada na Europa pela Reforma Protestante. Pero Vaz de Caminha já escrevera que os povos daqui “não tinham crença alguma” e se pudessem entendê-los adotariam de bom grado a fé cristã.

Celina de BH
Enviado por Celina de BH em 17/03/2015
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