Superáveis preconceitos

Aqui entre nós, essa história de preconceito já é cousa ultrapassada, se por acaso não é passada de uma para outra geração e que a lei não tem como alcançar para abafar uma cultura disseminada por milênios de história em milhões de consciências, por exemplo, ninguém quer ser velho, pois se cuida para que assim não se mostre, ainda que tenha que se submeter a diversos processos cirúrgicos de risco e recorrente perigo. A onda agora é ter um cabelo longo, quem não o tem, logo recorre a um sugestivo e perigoso processo químico para alcançar, onerando suas finanças e com possibilidade de uma irreversível queda de cabelo. Gordo, ninguém quer ser mesmo, uns acham feio, assim tudo fazem para reduzir-se, mesmo que recorra a processo fora da prescrição médica, até mesmo o aproveitamento da mão de obra se mostra escasso para quem se encontra fora das medidas. Agora, difícil mesmo é uma aproximação com pessoas pobres, até parece que pobreza é coisa contagiosa, logo, ninguém convida gente pobre para uma festa, mesmo que seja um funcionário ou mesmo parente; é comum observar patrão conduzindo seu veículo e seu funcionário bem isolado no banco traseiro. Podemos até presumir que tudo isto não se passa de grandes coincidências, mas é difícil entender que alguém sente aversão por seus semelhantes simplesmente por aparências diferenciadas de outrem. Em tudo isso só existe um elo de aproximação, o dinheiro, caso contrário, cada qual na sua, ainda que silenciosamente, pois em verdade, cada indivíduo tem sua própria identidade e isso é o próprio DNA que bem define.