ESQUIZOFRENIA COLETIVA E BATATAS
         Estamos ainda em um momento de barbárie da espécie humana. Ameaçamos o Planeta e sequer conseguimos estabelecer uma Democracia Social, ou pelo menos digna desse nome. Continuamos um processo histórico milenar onde um segmento social procura subjugar, dominar e até eliminar o outro buscando a hegemonia. Alguns para mantê-la de toda e qualquer forma.
         Primeiro há uma dimensão atávica. Toda espécie quer transmitir os seus genes para garantir a própria perpetuação. Até mesmo os vegetais buscam multiplicar-se e dominar, ou conviver pacificamente, em um mesmo habitat. No entanto, o que diferencia os Humanos dos outros animais é que nós somos seres históricos. Somos produtores de Cultura. Assim, além dos nossos genes queremos transmitir também a cultura na qual estamos inseridos e, consequentemente, aquilo que temos como valores, verdades e pensamentos. É também uma forma de perpetuação. Uma forma da imortalidade, talvez o maior desejo humano.
         Daí, formamos as nossas “Tribos”, é uma forma de fortalecimento e sobrevivência. Nesse processo tribal, cada uma elabora e idolatra o seu Totem e as suas verdades. Mas, em um permanente processo de expansão, cada tribo vive tentando explorar e “colonizar” a outra.
         Cada indivíduo na sua tribo se sente forte por está integrado em um coletivo de semelhantes. Mas nesse processo cada um se aprofunda na sua visão e perde a visão de Civilização da Alteridade, da capacidade de compreender e conviver com as diferenças e os diferentes.
         Cada tribo enxerga segundo a sua subjetividade e perde o contato com um conceito mais amplo de Mundo e de Sociedade. Esse processo aprofundado, tal qual estamos vivendo, gera uma Esquizofrenia Coletiva, uma perda de contato com uma realidade mais ampla, vive no seu mundo desfigurado porque não consegue conviver com a realidade alheia.
         Enquanto espécie, para sobrevivermos a nossa própria barbárie mundial, precisamos pensar urgentemente em uma Cidadania Planetária. No entanto, nem ao menos conseguimos convívio cotidiano como símbolo de respeito, de afetividade e de desenvolvimento social.
         Nessa guerra energúmena pela imposição de valores e verdades só restarão perdedores. Ou como disse Machado de Assis: “ao vencedor as batatas”.